ELES O DIZEM: O PIOR ESTÁ PARA VIR
«A resposta à situação está na intensificação e alargamento da luta de massas»
O silenciamento (quase) total a que a generalidade dos média dominantes tem submetido as iniciativas da candidatura de Francisco Lopes, não constitui surpresa.
Com efeito, não seria de esperar que esses média, propriedade que são dos grandes grupos económicos e financeiros – e, portanto, tendo como tarefa obrigatória a defesa dos interesses desses grupos - tratassem de outra forma a candidatura comunista, para a qual, como se sabe, os interesses dos trabalhadores, do povo e do País são o que, acima de tudo, conta.
A crítica que aqui se lhes faz por esse silenciamento discriminatório tem a ver com o facto de todos esses média se auto-proclamarem isentos, imparciais, independentes, plurais e outras coisas que tais, iludindo os seus leitores e ouvintes, fazendo-se passar pelo oposto daquilo que realmente são.
É óbvio que se os média dominantes informassem com verdade sobre as iniciativas em que, praticamente todos os dias, o candidato Francisco Lopes participa, e sobre o conteúdo do seu discurso, teriam que reconhecer… o que, por natureza, lhes está vedado reconhecer, ou seja, que se trata de uma candidatura singular em vários aspectos essenciais: é a única que, dizendo a verdade, se afirma patriótica, de esquerda e vinculada aos valores de Abril; é a única que, dizendo a verdade, se identifica com os interesses e direitos dos trabalhadores e que, não apenas está solidária com a luta por eles desenvolvida, como ela própria constitui parte integrante dessa luta; é a única que, dizendo a verdade, denuncia a natureza de classe da política de direita e que propugna uma ruptura com essa política de desastre nacional e um novo rumo para Portugal; é a única que, dizendo a verdade, faz da Constituição da República Portuguesa uma bandeira de luta e vê no respeito e no cumprimento da Lei Fundamental do País, uma condição essencial para a salvaguarda da independência e da soberania nacionais.
É óbvio, igualmente, que se esses média informassem com verdade sobre as restantes candidaturas, teriam que reconhecer o que, por natureza, lhes está vedado reconhecer: a responsabilidade directa no estado a que o País chegou, do candidato Cavaco Silva – que é, actualmente o político em exercício com mais tempo de cargos institucionais: 10 anos como primeiro-ministro, afundando o País; e cinco anos como Presidente da República, colaborando diligente e activamente com os que prosseguem esse afundamento.
E teriam que reconhecer, também, as simultaneamente tristes e divertidas exibições de equilibrismo prodigalizadas pelo candidato do PS apoiado pelo BE, Manuel Alegre, o qual, no que respeita a questões cruciais, como sejam o Orçamento de Estado ou a Greve Geral, não tem coragem de dizer «não» nem tem coragem de dizer «sim», ficando-se pelo nem «sim» nem «não», que mais não é do que uma identificação com a política de direita do Governo do seu partido, política de que ele, aliás, foi durante décadas um fiel apoiante.
Mas deixemos o joio e voltemos ao trigo: apesar do silenciamento acima referido, a candidatura de Francisco Lopes avança: concretiza uma enorme diversidade de iniciativas com a participação de milhares de pessoas; vê aumentar os apoios de personalidades destacadas da intelectualidade portuguesa, de dirigentes e activistas sindicais, de representantes do movimento associativo e de organizações cívicas, de homens, mulheres e jovens oriundos dos mais diversos sectores da sociedade e de diferentes opções políticas e ideológicas – enfim, de cidadãos e cidadãs que, porque se revêem nos valores e nos ideais de Abril, se identificam com a candidatura de Francisco Lopes e com os objectivos de que é portadora.
Para os comunistas, naturalmente, as eleições presidenciais constituem uma batalha que, pela sua importância e pelas exigências que comporta, diz respeito a todo o Partido e cujo êxito depende, essencialmente, do empenhamento nelas do colectivo partidário comunista, cuja intervenção é decisiva para fazer da campanha eleitoral das presidenciais uma grande campanha política de massas.
Tudo isto num quadro caracterizado por um brutal agravamento da situação económica e social e em que as perspectivas que se apresentam, são, na opinião dos próprios responsáveis por essa situação dramática, as de tudo se agravar ainda mais no futuro imediato.
Por isso, uma situação para a qual a única resposta é a intensificação e o alargamento da luta de massas nas suas diversas expressões, aí incluída a manifestação do dia 20, contra a NATO e a sua cimeira que traz a Portugal todos os rostos ligados à guerra, ao crime, à barbárie.
Uma luta da qual os trabalhadores são o motor essencial e que é necessário que atraia outros sectores e camadas da população – e para qual os mais de 100 mil trabalhadores da Administração Pública deram, no passado dia 6, um precioso contributo, mostrando a sua força e a sua disponibilidade, confirmando as potencialidades de êxito para a Greve Geral de 24 de Novembro. Um êxito que, não esqueçamos, só o será através de uma ampla e intensa acção de esclarecimento e mobilização e através de um trabalho organizado no interior das empresas e locais de trabalho tanto do sector público como do privado.
Para os militantes comunistas, em especial para os sindicalistas e para os membros das células de empresa, a construção da Greve Geral é a grande tarefa do momento. Porque o PCP, partido da classe operária e de todos os trabalhadores, não limita a sua intervenção a manifestar-se solidário com a greve: assume-a, e ao seu êxito, como objectivo prioritário da sua acção.