Jornada nacional de luta da CGTP-IN

Mobilização cresce para dia 29

Nas em­presas pri­vadas e na Ad­mi­nis­tração Pú­blica, os sin­di­catos apelam à re­a­li­zação de greves e pa­ra­li­sa­ções na pró­xima quarta-feira. Para levar o pro­testo para a rua, vão re­a­lizar-se con­cen­tra­ções, às 15 horas, em Lisboa e no Porto. O en­vol­vi­mento dos tra­ba­lha­dores nas cen­tenas de ple­ná­rios que estão a de­correr nestes dias e a dis­po­ni­bi­li­dade para a par­ti­ci­pação na luta estão a crescer, como Ar­ménio Carlos re­feriu ao Avante!.

Esta po­lí­tica já provou que não re­solve os pro­blemas do País

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A con­versa com aquele membro da Co­missão Exe­cu­tiva da CGTP-IN teve lugar ao fim da tarde de se­gunda-feira. Sobre ní­veis es­pe­rados de par­ti­ci­pação, Ar­ménio Carlos adi­antou que «aes­ma­ga­dora mai­oria dos sec­tores de ac­ti­vi­dade as­sumiu a en­trega de pré-avisos de greve, quer de âm­bito sec­to­rial, quer di­ri­gidos a um con­junto sig­ni­fi­ca­tivo de em­presas e ser­viços, em torno de pro­blemas con­cretos e in­se­rindo-se nos ob­jec­tivos ge­rais da jor­nada na­ci­onal», sa­li­en­tando que «não basta en­tregar o pré-aviso, é pre­ciso que ele seja as­su­mido, dis­cu­tido e con­cre­ti­zado pelos tra­ba­lha­dores, o que passa pela sua dis­cussão e de­cisão em ple­ná­rios».

Quanto às ma­ni­fes­ta­ções, «sente-se que há um cres­ci­mento do en­vol­vi­mento e da dis­po­ni­bi­li­dade de par­ti­ci­pação». Já «temos co­nhe­ci­mento de um bom nú­mero de au­to­carros fre­tados e lo­tados, por es­tru­turas dis­tri­tais e sec­to­riais», mas «ainda muito tra­balho está em de­sen­vol­vi­mento e o nú­mero de­verá subir subs­tan­ci­al­mente» à me­dida que se for apro­xi­mando o dia 29.

Na pre­pa­ração da jor­nada de luta, a cen­tral ob­serva «uma di­nâ­mica muito forte, com um con­junto muito vasto de ini­ci­a­tivas com ac­ti­vistas, para fazer a aná­lise da ac­tual si­tu­ação e para di­na­mizar os pro­cessos rei­vin­di­ca­tivos, e com cen­tenas de ple­ná­rios já re­a­li­zados em todo o País, en­quanto muitas cen­tenas de ple­ná­rios, reu­niões e con­tactos com tra­ba­lha­dores vão ainda de­correr».

Em dis­cussão, sin­te­tizou Ar­ménio Carlos, estão quatro temas fun­da­men­tais:

- «os pro­blemas con­cretos vi­vidos nos lo­cais de tra­balho»,

- «a ne­ces­si­dade de uma forte di­na­mi­zação da acção rei­vin­di­ca­tiva, onde os au­mentos dos sa­lá­rios e o com­bate à pre­ca­ri­e­dade vão estar na ordem do dia»,

- «uma forte di­na­mi­zação da con­tra­tação co­lec­tiva, para fazer face quer aos blo­queios pa­tro­nais em vá­rios sec­tores, quer à co­ni­vência do Go­verno e do Mi­nis­tério do Tra­balho»,

- «e a mo­bi­li­zação para a jor­nada de dia 29, par­ti­cu­lar­mente as greves e pa­ra­li­sa­ções, du­rante o dia», bem como «com­pro­missos de par­ti­ci­pação» dos sec­tores e re­giões nas ma­ni­fes­ta­ções em Lisboa e no Porto.

 
Pacto do Em­buste


Com mais de uma se­mana de dis­tância entre o mo­mento da en­tre­vista e o dia 29 de Se­tembro, pe­dimos ao ca­ma­rada Ar­ménio Carlos um co­men­tário sobre a even­tu­a­li­dade de ocor­rerem novos de­sen­vol­vi­mentos, que possam in­flu­en­ciar a mo­bi­li­zação para esta jor­nada e a de­cisão sobre as lutas pos­te­ri­ores.

Ad­mitiu que, «se­guindo uma es­tra­tégia para iludir, en­ganar e mesmo trair tra­ba­lha­dores que vo­taram no PS e ti­nham ex­pec­ta­tivas muito di­fe­rentes, o Go­verno tente apa­recer com o "Pacto para o Em­prego" quase em si­mul­tâneo com o Or­ça­mento do Es­tado». Por estes dias, «vai haver reu­niões dos três grupos de tra­balho e está mar­cada, para dia 27, uma reu­nião do Con­selho Per­ma­nente da Con­cer­tação So­cial», onde o Go­verno de­verá apre­sentar dados novos. O seu ob­jec­tivo «será cer­ta­mente exibir um do­cu­mento que ti­vesse um su­posto con­senso», mas «está a sub­verter o diá­logo, a ne­go­ci­ação e o que são os in­te­resses para os pró­ximos tempos», pro­cu­rando «um com­pro­misso que vi­gore até 2013, no pe­ríodo em que pre­tende im­ple­mentar as me­didas mais gra­vosas do PEC».

É de es­perar que con­tinue a acen­tuar-se «a dra­ma­ti­zação - quer pelo Go­verno, quer pelo PSD, quer pelo ca­pital - da dí­vida pú­blica e do seu fi­nan­ci­a­mento». Para a In­ter­sin­dical, «o que está em marcha, para dar corpo aos ob­jec­tivos do grande ca­pital, é uma linha clara de pressão sobre a opi­nião pú­blica na­ci­onal e sobre o povo por­tu­guês, pro­cu­rando dar a ideia de que é pre­ciso fazer ainda mais sa­cri­fí­cios».

Ar­ménio Carlos alerta ainda para «a in­tenção de, a pre­texto da re­visão cons­ti­tu­ci­onal, de­sen­ca­deada pelo PSD, avançar no ataque ao Es­tado so­cial e aos sin­di­catos». «Os tempos pro­varam que não ti­veram razão aqueles que de­fen­diam a li­be­ra­li­zação da le­gis­lação la­boral para trazer maior fle­xi­bi­li­dade às em­presas e assim me­lhorar a eco­nomia», con­trapõe o di­ri­gente sin­dical co­mu­nista, as­si­na­lando que «Por­tugal tem hoje uma le­gis­lação muito mais fle­xível do que há dez ou mesmo cinco anos e é dos países com mai­ores ín­dices de pre­ca­ri­e­dade na União Eu­ro­peia, mas também com mais acen­tu­adas de­si­gual­dades so­ciais e com mais de­sem­prego, e os pro­blemas da eco­nomia não só não foram re­sol­vidos, como se agra­varam».

Neste con­texto, o «Pacto para o Em­prego» cons­titui «um em­buste mo­nu­mental», pois «não vai criar em­prego, não contém qual­quer me­dida con­creta para o cres­ci­mento da eco­nomia e a mo­di­fi­cação da ma­triz de de­sen­vol­vi­mento, nem para o com­bate à eco­nomia clan­des­tina e à fuga de ca­pi­tais para o es­tran­geiro através dos "pa­raísos fis­cais", nem para pro­mover uma mais justa dis­tri­buição do ren­di­mento». Para a CGTP-IN «é inad­mis­sível dis­cutir um do­cu­mento deste gé­nero, quando temos a po­lí­tica que temos e o pró­prio Go­verno re­co­nhece que não vai mudar o quadro macro-eco­nó­mico, não vai haver cres­ci­mento da eco­nomia, pelo con­trário, e o que vai con­ti­nuar a au­mentar é o de­sem­prego».

Re­al­çando que «as me­didas do Go­verno, que constam nos PECs e ti­veram o acordo do PSD, não estão a re­solver os pro­blemas, estão a agravá-los», Ar­ménio Carlos fez questão de afirmar que «para nós está claro que é me­lhor não haver Or­ça­mento para 2011, do que ter um que siga o ca­minho que vemos tra­çado».

Todos à luta!

Se­gu­ra­mente, prevê o di­ri­gente da Inter, o OE «vai tornar-se um factor de au­mento do des­con­ten­ta­mento e da in­dig­nação contra esta po­lí­tica imoral e in­justa, e tanto mais quanto os tra­ba­lha­dores da Ad­mi­nis­tração Pú­blica e do sector pri­vado se forem aper­ce­bendo das con­sequên­cias graves que tais po­lí­ticas vão ter no seu dia-a-dia e nos ren­di­mentos das suas fa­mí­lias».

A CGTP-IN «vai manter e re­forçar o a que, in­de­pen­den­te­mente das op­ções po­lí­ticas, re­li­gi­osas ou ou­tras, e das sim­pa­tias par­ti­dá­rias, todos os tra­ba­lha­dores do sector pú­blico e do sector pri­vado in­ter­ve­nham e con­so­lidem a sua uni­dade na acção, a partir dos lo­cais de tra­balho, para de­fen­derem as suas pro­postas rei­vin­di­ca­tivas e para se oporem, de forma or­ga­ni­zada e com­ba­tiva, às me­didas que o Go­verno pro­cura de­sen­volver e ten­derá a acen­tuar, e às po­si­ções do pa­tro­nato, que está sin­to­ni­zado com o Go­verno, no es­sen­cial, e que con­tinua a tentar re­tirar o má­ximo de di­vi­dendos da si­tu­ação di­fícil em que o País se en­contra - mas, par­ti­cu­lar­mente, da si­tu­ação pro­fun­da­mente fra­gi­li­zada em que os tra­ba­lha­dores estão hoje». No dia 29, «todos os tra­ba­lha­dores, sem ex­cepção, são bem vindos» à jor­nada na­ci­onal de luta.

 

 

Greves e pa­ra­li­sa­ções: por todo o País, du­rante o dia, em em­presas e ser­viços

Ma­ni­fes­ta­ções às 15 horas:

Lisboa - do Marquês de Pombal para a AR

Porto - da Praça dos Leões e da Praça da Ba­talha para a Praça Gen. Hum­berto Del­gado


Jor­nada eu­ro­peia:
«euro-ma­ni­fes­tação», con­vo­cada pela CES, em Bru­xelas; greve geral em Es­panha; ma­ni­fes­ta­ções em Chipre, Ir­landa, Itália, Le­tónia, Li­tuânia, Po­lónia, Re­pú­blica Checa, Ro­ménia e Sérvia.

 

1 de Ou­tubro

Grande as­sem­bleia de di­ri­gentes e de­le­gados sin­di­cais, no dia do 40.º ani­ver­sário da CGTP-IN, na Aula Magna da Rei­toria da Uni­ver­si­dade de Lisboa, an­te­ce­dida de uma reu­nião do Con­selho Na­ci­onal da cen­tral, no dia 30.



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«Es­tamos a co­meçar bem.» Foi desta forma que Fran­cisco Lopes re­agiu ao en­tu­si­asmo com que foi re­ce­bido pelos 150 jo­vens apoi­antes que par­ti­ci­param, sá­bado, num jantar em Lisboa. Na vés­pera, no Fun­chal, o can­di­dato à Pre­si­dência da Re­pú­blica jantou com mais de 200 pes­soas. Com esta força, ga­rantiu, «vamos fazer uma grande cam­panha».