- Nº 1919 (2010/09/9)
Música no Palco Solidariedade

Manifestações de classe

Festa do Avante!

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O Palco Solidariedade foi, igualmente, espaço de convergência de várias correntes musicais e outras formas de expressão artística. Por lá passaram, entre outros, os Zé Pedro dos Xutos, os Bang Balan, o Projecto ATMA, os Roncos do Diabo e os Bombos de São Sebastião e a poesia de Mário de Sá Carneiro declamada por António Olaio.

Mas dizer que todos os espectáculos contagiaram de igual modo os visitantes diz pouco sobre o que lá se passou. Seria, sobretudo, um «fato» acanhado para o «corpo» que se agigantou durante os três dias da Festa do Avante!, não apenas na sua dimensão cultural mas de classe.

Se sobre o público não pode ficar por dizer que foi a «alma» do tal corpo e, simultaneamente, seu membro activo que cantou, dançou, aplaudiu, instigou e deu ânimo, sobre os grupos e artistas é justo destacar a qualidade associando-a a um outro elemento que se encontra no «código genético» da nossa Festa e que amiúde regressa os seus palcos: uma postura combativa por parte dos artistas.

Na sexta-feira, os Almariados encerraram a noite em beleza exibindo uma bandeira do partido da classe operária e de todos os trabalhadores, estandarte do PCP na conquista do socialismo e do comunismo.

No sábado, repetiu-se outro momento com elevado significado político. Os Maligna, da Catalunha, chegaram à Quinta da Atalaia antes da Festa abrir portas. «Percebemos o que é que é a Festa do Avante! porque ajudámos a construí-la», disse a vocalista da banda, para quem «foi um privilégio vir cá tocar» culminando uma etapa de uma carreira iniciada nas ruas e noutros espaços improvisados para actuar.

Finalmente, no domingo, os Stonebones & Badspaghetti inundaram a praça central com os sons populares norte-americanos e, a dada altura, fizeram questão de lembrar que «a próxima música é originária dos estados do Sul dos EUA, nos quais ocorriam tantas das situações pelas quais aqui estamos a lutar».