- Nº 1916 (2010/08/19)

A questão do poder

Opinião

O País está mergulhado numa onda de calor, mas pior do que isso é a onda PS/PSD/CDS-PP que há mais de 34 anos arrasta consigo tudo o que são direitos sociais, destrói o aparelho produtivo, aumenta o desemprego, precariza as relações laborais, agrava ainda mais as já precárias condições em que vivem milhares de portugueses, desbarata o erário público com a política de privatizações e reprivatizações (como acontece com o BPN), beneficia os grandes empórios da finança, do comércio e da indústria.

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Tal realidade põe a nu o carácter classista das soluções e medidas políticas que o capital impõe e exige e os seus governos executam à escala nacional e internacional.

A História indica-nos que sempre assim foi – não é, aliás, por acaso este apego ao poder a qualquer custo por parte dos senhores do capital que vão engendrando formas e fórmulas para nele se perpetuarem para melhor explorarem. Se olharmos para o mundo vemos como eles, os que querem perpetuar a exploração, agem e actuam para não só manterem o poder como para o reforçar.

As guerras que assolam o mundo não são promovidas pelos povos dominados, mas sim pelos dominantes cuja gula insaciável pelo lucro não conhece nem fronteiras nem formas para o obter, e por isso farão as guerras, referendos ou plebiscitos que forem necessários até que a sua vontade vença. Os povos lutam e resistem contra tanta injustiça, procurando romper o gueto económico e social para onde os dominantes os querem empurrar.

A luta dos povos tem tanto tempo, quanto tempo tem a exploração do homem pelo homem e a vida comprovou que no centro da resolução desta questão está o poder, quem o exerce e ao serviço de quem está.

É hoje expressão corrente imposta pela ideologia de direita, que «o que todos querem é poleiro», mas na verdade são eles, os capitalistas, que o têm ocupado sempre, agravando cada vez mais a vida do povo. E quando os trabalhadores e os povos têm a ousadia de tentar construir o seu destino de forma livre e independente, criando as condições sócio-económicas para mais justiça social, o capital procura por todas as formas (incluindo golpes militares, sabotagem económica, financiamento de forças políticas da sua confiança) impedi-lo, como são exemplo, entre outros, o Chile, a Venezuela, a Nicarágua, o Haiti, as Honduras, a Bolívia e Cuba socialista – e Portugal, obviamente.


Construir o Socialismo


Lénine demonstrou com clareza que a questão central é o poder e em que mãos está. Quando, em Abril de 74, o povo português quis tomar nas suas mãos o seu próprio destino, o capital – com a ajuda e empenho dos partidos ao serviço do sistema capitalista ( PS,PSD e CDS) – tudo fez para lhe sonegar essa oportunidade, e para, de seguida, a partir do poder, dar golpes fundos no regime democrático e na estrutura política, económica, social e cultural que o suporta.

Não há solução para os problemas do País enquanto Portugal for governado por aqueles que nos exploram, que destroem o nosso aparelho produtivo, que vendem a soberania, que limitam as liberdades, que liquidam direitos, que participam em criminosas guerras de ocupação.

E esses bem podem clamar que são socialistas, social-democratas, centristas, populares, liberais porque o que interessa é de que lado estão, as práticas e opções políticas que beneficiam alguns prejudicando a imensa maioria. São essas práticas e opções que, no essencial, diferenciam os que estão com Abril e com o povo e os que estão com o capital e contra o povo.

Portugal precisa de uma ruptura com o ciclo de políticas de direita e uma mudança que o coloque na linha do desenvolvimento e do progresso social. Portugal precisa urgentemente de uma política patriótica e de esquerda e essa política, inquestionavelmente, só pode ser realizada com o apoio do PCP e do povo.

O PCP, que desde a sua fundação se colocou ao lado da classe operária, dos trabalhadores e do povo na luta por melhores condições de vida, pelo fim da exploração do homem pelo homem, por uma sociedade mais justa e fraterna – o Socialismo – é, como a vida demonstra, um caso único, ímpar e insubstituível na sociedade portuguesa. É por isso que as forças da política de direita o atacam e procuram destruir desde a sua fundação – e é por isso que, e eles sabem-no, o Partido não desiste, lutou, luta e lutará.

Sabemos que só com o reforço do Partido nas empresas e locais de trabalho, nas freguesias e localidades, com um amplo trabalho de massas e com a a luta, o nosso Partido – munido da sua ideologia revolucionária, apoiado nos trabalhadores e no povo e dando-lhes a perspectiva da superação revolucionária da sociedade e a construção em Portugal do socialismo – cumprirá o seu papel e atingirá esse objectivo histórico.

 

João Dias Coelho