61 anos de morte e destruição
No âmbito da Campanha «Paz sim! NATO não!», que integra 104 organizações portuguesas, realizou-se, sexta-feira, na Praça dos Restauradores, em Lisboa, um acto público com a instalação de 61 cruzes negras e um mural simbolizando os 61 anos de militarismo, corrida aos armamentos e aumento das despesas militares, de guerra, morte e destruição protagonizados pela NATO.
Atrelar de Portugal a esta nova escalada militarista
Esta iniciativa, que chamou a atenção dos olhares dos lisboetas, coincidiu com a vinda a Portugal do Secretário-geral da NATO, no quadro da preparação de uma cimeira que se realizará, em Novembro, em Lisboa, e que terá como objectivo o reforço da NATO como instrumento de ingerência e de agressão a nível mundial, agindo sob um qualquer pretexto, promovendo o aumento dos orçamentos militares, a corrida aos armamentos, a instalação de bases militares estrangeiras e a presença de tropas fora das fronteiras dos respectivos países, a transformação das forças armadas nacionais em forças mercenárias expedicionárias ao serviço da NATO - isto é, dos interesses e ambições de domínio dos EUA e das grandes potências da União Europeia (UE) -, e a ingerência, a militarização das relações internacionais e a guerra.
«Não só conhecemos a sua história como o relatório relativo à elaboração de um novo conceito estratégico da NATO, o qual coloca preocupações acrescidas ao papel da NATO como organização militar e política, que pretende assumir os destinos do mundo, numa época conturbada do ponto de vista de crise económica e financeira, em que a componente militar tem um peso crescente», afirmou, no local, Rui Namorado Rosa, da Direcção do Conselho Português para a Paz e Cooperação, uma das 104 organizações portuguesas que fazem parte da Campanha «Paz sim! NATO não!», dando como exemplo o orçamento militar dos EUA, que «este ano assume o valor mais alto de sempre», «mostrando que a vertente militar está a tomar peso e a condicionar a verdadeira saída da crise em que o mundo está mergulhado».
Esta iniciativa pretendeu ainda denunciar a «postura do Governo português que participa nestas negociações escondendo ao povo português as posições que tem defendido e não promovendo e realizando um sério, plural e amplo debate nacional quanto às gravosas consequências para o povo que advirão do atrelar de Portugal a esta nova escalada militarista» e expressar a «oposição da população portuguesa à realização da Cimeira da Nato e os seus objectivos belicistas».
As 104 organizações portuguesas exigem ainda «a retirada das forças portuguesas envolvidas em missões militares da NATO», o «fim das bases militares estrangeiras e das instalações na NATO em território nacional», a «dissolução da NATO», o «desarmamento e o fim das armas nucleares e de destruição maciça» e «o cumprimento, por parte das autoridades portuguesas, das determinações da Carta das Nações Unidas e da Constituição da República Portuguesa, em respeito pelo direito internacional e pela soberania e igualdade dos povos».
Entre outras actividades, a Campanha «Paz sim! NATO não!» entregou, na Assembleia da República, um documento assinado por cerca de 13 mil portugueses e marcou, para o dia 20 de Novembro, uma manifestação em Lisboa. Entre os dias 23 e 25 de Julho terá lugar, em Avis, um acampamento juvenil.