IMPOR A RUPTURA E A MUDANÇA
«É necessário fazer do dia 8 de Julho uma grande e forte jornada de luta»
Durante dois dias, o Comité Central do PCP analisou a situação política, económica e social e os seus recentes desenvolvimentos.
O CC debruçou-se, igualmente, sobre o estado e a actividade do Partido, e definiu as tarefas dos comunistas no momento actual.
Também a situação no mundo esteve no centro do debate do Comité Central, que expressou sérias preocupações face ao prosseguimento do militarismo e à gravidade dos focos de guerra e tensão decorrentes das ingerências do imperialismo; que alertou para a forte ofensiva desencadeada pelo grande capital contra os trabalhadores e os povos, a pretexto da crise do capitalismo; que assinalou e valorizou a intensificação e o crescimento da resistência e da luta em numerosos países, designadamente as lutas sindicais e populares levadas a cabo pelas massas trabalhadoras em praticamente todos os países da União Europeia.
No que respeita à situação portuguesa, o CC sublinhou dois dos seus traços característicos essenciais: o agravamento das já graves condições de trabalho e de vida dos trabalhadores e do povo; e, em resposta a isso, a intensificação e alargamento da luta de massas contra a política de direita e por uma política patriótica e de esquerda ao serviço dos interesses dos trabalhadores, do povo e de Portugal – de que a poderosa manifestação de 29 de Maio é exemplo maior.
Ao chamado Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), o Governo PS e o PSD, em serviço combinado, acrescentaram o conjunto das famigeradas «medidas adicionais» (PEC2), com isso dando um novo passo em frente na ofensiva antidemocrática, antipopular e antipatriótica da política de direita.
Trata-se de um dos mais graves atentados de sempre contra os interesses e os direitos dos trabalhadores e do povo português, com vista a atingir os objectivos que mais interessam ao grande capital: acentuar a exploração e reduzir direitos dos trabalhadores – agravando ainda mais as injustiças e as desigualdades sociais já existentes.
Trata-se de uma ofensiva dirigida contra a própria economia nacional em diversas direcções: privatizações de importantes empresas e sectores estratégicos, abandono do investimento público, ataque ao poder local democrático, eliminação de serviços públicos, com o encerramento de centenas de escolas e de serviços de saúde – a par de muitas outras medidas brutalmente gravosas, como o roubo nos salários com o aumento das taxas de IRS, o agravamento do IVA e o consequente aumento de todos os bens de primeira necessidade, a introdução de portagens, o aumento dos preços dos transportes públicos.
Trata-se de medidas que exemplificam claramente a natureza de classe da política de direita, política que, invocando um falso interesse nacional, está, de facto, ao serviço dos interesses exclusivos do grande capital e é, portanto, frontalmente contrária ao verdadeiro interesse nacional - que é, de facto, o interesse dos trabalhadores, do povo e do País.
Como a realidade tem mostrado, é na luta de massas que reside o caminho essencial para enfrentar e derrotar esta política de desastre nacional e impor a ruptura e a mudança necessárias.
Daí a importância, sublinhada pelo Comité Central do PCP, do prosseguimento, intensificação e alargamento dessa luta, atraindo a ela novos segmentos das massas trabalhadoras e das populações, tornando-a mais forte e mais eficaz.
As razões para lutar são muitas e crescem à medida que o PS e o PSD levam por diante a política de direita comum aos dois, enquanto representantes fiéis dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros.
Na verdade, o previsível agravamento das condições de vida, o desemprego, a precariedade, a destruição do aparelho produtivo e de postos de trabalho, as ameaças sobre os serviços públicos, colocam aos trabalhadores e às populações exigências de luta incontornáveis.
Acresce que o que aí vem em matéria de ataques a direitos laborais é por demais elucidativo da necessidade de lutar, lutar sempre e que o Governo PS/Sócrates vai tentar fazer do período de férias um tempo para procurar levar mais longe a ofensiva anti-social em curso.
Nesse sentido, o Dia Nacional de Protesto e Luta, convocado pela CGTP-IN para 8 de Julho próximo, apresenta-se como iniciativa de grande importância para cuja preparação há que virar todas as atenções.
Por isso, contribuir para fazer deste dia uma grande e forte jornada de luta é tarefa que o CC aponta como principal e prioritária para os militantes e organizações comunistas.
O Comité Central procedeu a um balanço da actividade do Partido, sublinhando a intensidade e o alcance da vasto conjunto de iniciativas em que o colectivo partidário tem estado envolvido.
Ocupando o lugar que lhes compete na luta - nas empresas e locais de trabalho, nos locais de residência, nas instituições, nas escolas, na rua – e hoje mesmo levando por diante uma jornada de luta contra o aumento dos preços e o roubo nos salários – os comunistas, directa e indirectamente, dão um contributo inestimável para o fortalecimento da luta dos trabalhadores e do povo, luta que é determinante para a derrota da política de direita e para a concretização de um novo rumo para Portugal.
Digno de registo é, também, o significativo ciclo de iniciativas dedicadas à vida e à obra de Álvaro Cunhal; bem como os avanços verificados na concretização da acção «Avante! Por um PCP mais forte», com resultados até agora altamente positivos – pelos êxitos alcançados no reforço do Partido e pelas potencialidades de novos êxitos evidenciadas.