É PELA LUTA QUE LÁ VAMOS

«Por parte do PCP, a luta continua e intensifica-se»

Este mês de Junho, em que passam cinco anos sobre as mortes de Vasco Gonçalves e de Álvaro Cunhal, fica marcado pelas iniciativas realizadas em sua homenagem e que assinalam o relevante papel por cada um deles desempenhado em momentos cruciais da história do nosso País.

A romagem ao cemitério do Alto de São João – organizada por amigos e familiares do Companheiro Vasco – constituiu uma sentida manifestação de admiração, de apreço, de gratidão pelo primeiro-ministro dos quatro governos provisórios no decorrer dos quais ocorreram as profundas transformações económicas, políticas, sociais, culturais que fizeram da Revolução de Abril o momento maior da nossa história colectiva.

Por seu lado, a sessão comemorativa do 25.º aniversário da primeira edição do livro O Partido com Paredes de Vidro - com a qual o PCP iniciou um ciclo de importantes iniciativas sobre Álvaro Cunhal – recorda e sublinha o valor e a actualidade de uma obra marcante no conjunto da vasta produção teórica do Autor. Uma obra que, a par de várias outras, afirma Álvaro Cunhal como um dos grandes pensadores do movimento comunista internacional e um dos que mais contribuiu para o desenvolvimento criativo do marxismo-leninismo. Inserida nesse mesmo ciclo, está também a sessão marcada para dia 22, no Tribunal da Boa Hora, com a qual se assinalará o 60.º aniversário do julgamento de Álvaro Cunhal e a notável intervenção por ele proferida frente aos juízes fascistas. Trata-se, afinal, de homenagear uma vida que, como acentuou o camarada Jerónimo de Sousa, constituiu um «exemplo de coragem, de empenhamento militante e revolucionário, de dedicação ao seu Partido e ao povo português».

Estamos, em ambos os casos – e como não poderia deixar de ser tratando-se de Vasco Gonçalves e de Álvaro Cunhal – perante homenagens que têm tudo a ver com a luta que hoje continuamos a travar, que é a luta pela justiça social, pela liberdade, por um Portugal livre, soberano e independente, e que, por isso mesmo, tem a Revolução de Abril como referência primordial.

 

A situação actualmente existente convoca à reflexão sobre as diferenças entre esse tempo de avanço da democracia, de consideração permanente dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País, e este tempo de política de direita ao serviço dos interesses dos grandes grupos económicos e financeiros com todas as consequências daí advindas.

Trata-se de uma situação que, pela sua gravidade, exige a mobilização em força dos trabalhadores e das populações, de todos os atingidos pelas medidas anti-sociais do Governo. Com efeito, no quadro actual, a continuação, intensificação e alargamento da luta de massas apresenta-se como questão crucial - sabido que é que só com a luta é possível derrotar a política de direita e conquistar uma política alternativa, patriótica e de esquerda.

À política com a qual o Governo PS/José Sócrates, em serviço combinado com o PSD e o CDS/PP, continua a afundar o País, é necessário que os trabalhadores e o povo respondam com as armas que têm na mão: a sua força organizada, a sua determinação de luta e a confiança nos resultados dessa luta.

Tanto mais que, como a realidade mostra todos os dias, os desmandos económicos, sociais, políticos e culturais sucedem-se e as perspectivas que se apresentam são de agravamento, em todas as áreas, da já gravíssima situação existente - a pretexto da crise, sempre; sempre utilizando a crise como veículo de aumento dos lucros do grande capital; e sempre criando mais crise para a imensa maioria dos portugueses.

As agora anunciadas intenções de alteração da legislação laboral, já de si baseada num iníquo e antidemocrático código do trabalho, constituem um novo e brutal ataque aos direitos e interesses dos trabalhadores e um novo privilégio concedido aos que vivem da exploração do trabalho alheio. Com efeito, com a desorganização e o alargamento dos horários de trabalho e com a liberalização dos despedimentos, entre outras medidas anunciadas, o que o Governo pretende é dar luz verde ao grande patronato para aumentar, como quiser, a exploração dos trabalhadores.

A manifestação do passado dia 29, pela dimensão que assumiu, mostrou as enormes capacidades de luta das massas trabalhadoras, pelo que dar expressão concreta a essa capacidade de luta é a grande tarefa que se coloca aos trabalhadores e às suas estruturas representativas.

 

Por parte do PCP, a luta continua e intensifica-se: com o prosseguimento da concretização das 500 acções contra o PEC; com a realização dos desfiles, «com o PCP na rua», nos dias 17, 18 e 19 de Junho, em Lisboa, Évora e Porto; com a realização da acção nacional de esclarecimento e de protesto, marcada para o dia 1 de Julho – acções todas elas de resposta concreta à política do Governo, de apresentação das propostas de uma política alternativa e de mobilização dos trabalhadores e das populações para a luta; acções todas elas inseridas na luta geral dos trabalhadores e do povo por uma mudança de rumo para Portugal.

Ao mesmo tempo, os militantes comunistas dirigentes e activistas sindicais, dão o seu contributo imprescindível para o êxito das acções convocadas pelo movimento sindical: lutas de empresa e sectoriais, por melhores condições de trabalho, contra o roubo nos salários e o aumento dos impostos, contra o desemprego - e o dia de luta nacional, marcado pela CGTP-IN para 8 de Julho: uma jornada que será tanto mais forte e eficaz quanto mais ela tenha como ponto de partida essencial as empresas e locais de trabalho.

Se é pela luta que lá vamos, lutemos.