A factura da crise
Os governos da Inglaterra e da Alemanha preparam-se para anunciar novos cortes orçamentais para obrigar os respectivos povos a pagar a factura da crise.
Cortes salariais e prestações sociais ameaçadas
O recém-empossado primeiro-ministro britânico, David Cameron, não esperou muito para anunciar más notícias. Em entrevista ao Sunday Times (6.06), o governante antecipou o sentido das medidas que irão marcar o próximo orçamento de Estado.
O país conhecerá anos de «sofrimento» para permitir a redução do défice público (13% do PIB) e o peso «enorme» da dívida (próxima de 90% do PIB), declarou Cameron, cujo governo já tinha anunciado, em 24 de Maio, cortes orçamentais no montante de 7,2 milhões de euros.
Agora, o primeiro-ministro conservador foi mais explícito. Para reduzir os gastos públicos, indicou que precisará de atacar a «factura massiva da protecção social», os salários do sector público e a «extensão da burocracia». Também não descartou um aumento no IVA, que, segundo a imprensa, poderá aumentar de 17,5 por cento para 20 por cento.
O seu aliado liberal e vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, procurou atenuar a mensagem de austeridade, garantindo, no mesmo dia, ao Observer, que os esforços pedidos aos britânicos não terão nada a ver com o rigor da década de 1980, nos tempos de Margaret Thatcher. «Nós vamos fazer as coisas de maneira diferente. Nós não faremos as coisas como foram feitas nos anos de 1980», disse Clegg.
Na Alemanha, a chanceler Angela Merkel reuniu, no domingo, 6, o seu governo para traçar um novo plano de poupanças, que poderá incluir uma redução dos funcionários públicos ou um aumento de impostos.
A imprensa germânica dá como certas, entre outras medidas, a diminuição das prestações familiares. A revista Der Spiegel, por exemplo, afirma que o governo está a planear cortar 15 mil empregos até 2014 e cancelar os aumentos previstos para os funcionários públicos a partir de 2011. O governo já anunciou que será preciso cortar pelo menos 10 mil milhões de euros até 2016.