A oligarquia golpista hondurenha prossegue a recuperação capitalista no país e a repressão do movimento popular que se lhe opõem. Gilberto Ochoa é a última vítima.
O membro da Frente Nacional de Resistência contra o golpe de Estado nas Honduras foi executado à porta de sua casa, na capital, Tegucigalpa, enquanto conversava com um amigo, José Andrés Oviedo, de 26 anos, que também morreu na sequência do ataque.
Gilberto Alexander Núñez Ochoa, 27 anos, era activista da Frente e cumpria tarefas na comissão de segurança e disciplina da organização, cuja função é evitar a infiltração de provocadores no movimento ou nas iniciativas de massas realizadas pela Resistência.
O objectivo da tarefa de Gilberto Ochoa era impedir que indivíduos ou grupos afectos aos golpistas transformassem os protestos pacíficos em acções violentas, as quais são cobertura para reacções de extrema violência por parte das autoridades policiais e militares, sedentas de aplicar a repressão ordenada pela oligarquia governante.
O militante da Frente havia prestado testemunho junto da Comité de Familiares de Detidos e Desaparecidos das Honduras por ser vítima de perseguição e ameaças por parte de agentes de investigação do Estado.
Acresce que Gilberto Ochoa e José Oviedo foram assassinados depois de terem participado numa manifestação de professores.
Docentes em luta
O protesto dos professores, realizado quinta-feira da semana passada em várias cidades do país, teve como fim demonstrar a rejeição massiva dos docentes ao anteprojecto de Lei Geral de Educação, a qual, acusaram, é um instrumento para a privatização dos sistemas de ensino primário e secundário.
Com o diploma, o Estado deixa de ser o garante da educação pública, revoga o Estatuto da Carreira Docente e outra legislação que assegura os direitos de quem trabalha no sector, inclusive constitucionais.
As organizações representativas dos professores exigiram, igualmente, a recondução de 17 directores de educação departamentais e municipais afastados pela oligarquia que tomou o poder depois do golpe de Estado de 28 de Junho, e fizeram sua a reivindicação do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Nacional Autónoma, que exige a reintegração de mais de uma centena de funcionários despedidos.
A Frente de Resistência argumenta que a instalação de uma nova Assembleia Constituinte é a única saída para a crise política e social no país, e a resposta necessária à recuperação capitalista em curso pela mão dos golpistas. Nesse sentido, está em curso uma campanha de recolha de milhares de assinaturas.
À hora do fecho da nossa redacção, os professores hondurenhos integravam outra jornada de luta convocada para defender o Estatuto da Carreira Docente ainda em vigor.