Empenho e dedicação na restauração dos Centros de Trabalho do Barreiro e da Arrentela

De portas abertas para a vida

Gustavo Carneiro e Miguel Inácio

Sonho tornado realidade com a Revolução de Abril, os Centros de Trabalho do Partido são elementos fundamentais para a actividade do Partido, pelas condições que garantem às organizações e pelo contacto que permitem com as massas. Os comunistas do Barreiro e da Arrentela, no concelho do Seixal, dedicam grande parte das suas energias na remodelação dos seus centros de trabalho, integrando este esforço no objectivo mais geral de reforço do Partido.

 

«(...) Visando contribuir para apoiar o trabalho de organização e alargar o prestígio e influência do Partido, adoptar medidas para a dinamização dos centros de trabalho (comissões, elementos de informação e propaganda, animação política e cultural, condições das instalações)...»


in Resolução do Comité Central «Avante! Por um PCP mais forte», de 21 e 22 de Novembro de 2010


«PCP – o Partido da verdade, da esperança, do futuro», lê-se no interior do Centro de Trabalho do Partido no Barreiro, um prédio de três andares com uma imponente fachada com motivos artísticos. Lá dentro reina uma grande agitação – o edifício está a ser remodelado. Como sempre acontece no PCP, as obras estão a ser feitas pelos próprios militantes, que oferecem o seu tempo, o seu saber e o seu esforço ao Partido para levar a bom porto esta empreitada.

Diz-nos Mariano Almeida, dos organismos executivos da Comissão Concelhia do Barreiro, que o objectivo imediato é reabrir o bar do Centro de Trabalho, localizado no rés-do-chão do edifício. Até há cinco anos funcionou ali um bar, mas a ideia agora é ir ainda mais longe e, para além do serviço de bar e refeições, poder realizar ali iniciativas de debate político e animação cultural. «Espaço não falta», lembra Mariano Almeida.

Para cumprir este objectivo está já a ser adquirido o mobiliário necessário. As mesas de bar e refeição já estão prontas a usar, mostrou João Almeida, do Secretariado da Comissão Concelhia, e em negociação está a aquisição do restante equipamento.

Uma vez terminada a obra, não só os militantes que ali desempenham as suas tarefas terão melhores condições de trabalho, como o local se tornará mais atractivo para os barreirenses – será a «sala de visitas» do Centro de Trabalho, destacam os responsáveis.


Operários-militantes


Ao mesmo tempo que falam ao Avante!, os responsáveis pela remodelação do Centro de Trabalho trocam opiniões com os operários-militantes que no momento ali estão a trabalhar. Um deles é José Manta, da Comissão de Freguesia do Barreiro: a existir, naquela empreitada, o cargo de «mestre de obras» seria dele. Com ele está também António Estrela, da Comissão de Freguesia do Alto Seixalinho, sediada naquele Centro de Trabalho.

Naquele momento, ficámos a saber que são cerca de uma dúzia os militantes directamente envolvidos nas obras do bar do Centro de Trabalho. Uns, reformados, ali cumprem diariamente a sua tarefa; outros, trabalhadores no activo, dão uma mãozinha aos finais de tarde, sábados e domingos. Em dois meses de trabalho, contam os responsáveis, a canalização e a instalação eléctrica foram substituídas e as paredes e tecto arranjados. No dia da visita da reportagem do Avante!, estavam a ser colocadas as últimas lages no chão.

Numa grande parede branca voltada para a entrada do bar será pintado um mural alusivo à luta dos operários barreirenses e do seu Partido. A obra foi entregue a uma comunista do concelho e o projecto estava a ser ultimado.


Não parar por aqui


A ideia de remodelar o bar do Centro de Trabalho do Barreiro é antiga e o projecto existe desde 2004 – um projecto mais vasto que prevê a restauração de praticamente todo o edifício. Da primeira fase consta a remodelação do piso térreo – para além do bar, toda a entrada, a tesouraria e a biblioteca.

Mas, por várias razões que vão da disponibilidade financeira à actividade partidária, só este ano foi possível avançar com as obras. Quando se quis dar início ao projecto um imprevisto obrigou a alterar os planos: a fachada antiga do Centro de Trabalho abriu uma fissura e ameaçava cair, constituindo uma clara ameaça à segurança dos transeuntes; os fundos entretanto angariados para a remodelação do bar e das restante salas do rés-do-chão tiveram que ser utilizados para reparar a fachada. Reconhecendo a necessidade de ser dar corpo ao projecto de forma faseada, o objectivo continua a ser cumpri-lo integralmente.

No Barreiro, não é o Centro de Trabalho concelhio que está a ser restaurado. Recentemente, foi inaugurado o «novo» Centro de Trabalho do Partido na freguesia do Lavradio e estão em obras os de Santo André, Santo António e Coina. Tudo tornado possível pela militância dedicada dos comunistas.


CT do Barreiro foi inaugurado em Abril de 1984

Respeito pela história!


Na opinião de Mariano Almeida, a restauração do Centro de Trabalho do Barreiro é também uma questão de respeito pela história do Partido naquele concelho – antes e depois do 25 de Abril. Foi naquela terra operária da margem Sul do Tejo que, apenas três dias depois da Revolução dos Cravos abriu o primeiro Centro de Trabalho do Partido.

O actual abriu as suas portas precisamente dez anos depois, no dia 28 de Abril de 1984, também ele construído com a dedicação, trabalho voluntário e contribuição dos comunistas barreirenses. Como se pode ler (e ver) no Avante! de 3 de Maio, «a alegria da rua dava bem a ideia de que esta inauguração, que foi ao mesmo tempo a comemoração de uma data ocorrida precisamente há dez anos, pertencia não apenas aos militantes comunistas, mas aos barreirenses que a festejavam».

Na sua intervenção, sob forte chuva, o Secretário-geral do Partido, Álvaro Cunhal, destacou o «grande dia» que ali se celebrava: a lembrança do primeiro Centro de Trabalho do Partido no concelho, e no País, e a inauguração de um novo. «É um dia em que os trabalhadores e o povo do Barreiro confirmam com confiança e alegria que o Barreiro continua a ser, como sempre foi, uma fortaleza inexpugnável da classe operária, da liberdade, da democracia e do socialismo».

Álvaro Cunhal lembrou ainda que a «vila vermelha» foi, «nos longos e negros anos da ditadura» um «símbolo da combatividade da classe operária», assumindo o papel de vanguarda da classe operária na resistência antifascista».


Arrentela


Nada é impossível para os comunistas



Com uma vista soberba sobre a Baía do Seixal, num local onde a resistência ao fascismo se confunde, nos dias de hoje, com a luta, cada vez mais necessária, por uma sociedade mais justa, humana e fraterna, encontra-se o Centro de Trabalho de Arrentela do PCP, um espaço conhecido e reconhecido por toda a gente que ali passa e mora, onde se alia a camaradagem e o convívio fraterno à acção e intervenção política.

Com o passar dos tempos, que já não são poucos, aquele edifício, situado no centro histórico da freguesia e adquirido há cerca de 20 anos, a que chamam «a casa dos comunistas», foi-se desgastando e deteriorando, pelas inúmeras actividades, reuniões, plenários, que ali já se realizaram.

A pensar no futuro, o Centro de Trabalho de Arrentela está, entretanto, a sofrer grandes obras de remodelação, graças à disponibilidade e motivação dos militantes e amigos do Partido que durante meses ofereceram o seu trabalho numa grande prova de voluntarismo, camaradagem e espírito comunista.

O Avante! foi conhecer as obras que ali se estão a desenvolver, desde Junho do ano passado, e conhecer as pessoas e as razões que os levam a ir, todos os domingos, construir, mais um pouco, o Centro de Trabalho de Arrentela do PCP. Não encontrámos amadores, mas sim pedreiros, electricistas, afagadores, carpinteiros, pintores, entre muitas outras profissões necessárias para a obra. Naquele dia assistimos ao árduo e incansável trabalho de Custódio Belfo, de Fernando Moreira, dos irmãos Francisco e Luís Balicha, Jorge Silva, José Manuel, Sales Luís e Francisco Silva. No entanto, muitos outros por ali passaram, nomeadamente o Estevão Graça, o Zé Carlos, o João Salvadinho, o Jacinto e o Vítor.  

 

 Edifício «praticamente» novo


«Este é o pessoal que esteve mais na obra, porque houve outros camaradas e amigos que intervieram ao longo do tempo», informou Francisco Silva, explicando as razُes que levaram ao inيcio daqueles trabalhos: «Constatلmos que o Centro de Trabalho estava incapacitado e com muitas infiltraçُes de لgua no telhado, razمo que levava os camaradas da Comissمo de Freguesia a ter que ir reunir ao Seixal. Das duas uma, ou se intervinha de imediato ou o trabalho do Partido ficaria mais dificultado.»
No entanto, não estava nos horizontes da organização fazer a reconstrução total do edifício. A primeira intervenção fez-se, efectivamente, no telhado, «uma vez que o beirado estava mal feito». «Resolvido o problema, começámos a verificar que havia muitos outros: as paredes estavam danificadas e a divisão das salas estava mal feita. Era uma casa de habitação que não servia os interesses do Partido, em termos de gestão de espaço», disse Francisco Silva.
Passado quase um ano, aquele edifício centenário está praticamente novo, com, no primeiro andar, uma sala mais ampla, com novos soalhos, electricidade, linhas e cablagens para telefone e Internet, abastecimento de água. No rés-do-chão, espaço que estava à responsabilidade da JCP, também se investiu no espaço, de modo a potenciar o próprio trabalho da juventude e o convívio do Partido. «O Partido passará a dispor de uma ampla sala de reuniões, polivalente, que será ao mesmo tempo de convívio», sublinhou o comunista.


Reforço da organização

 

 Estas obras têm ainda contado com a presença, assídua, de Helena Quintas, responsável pela organização do PCP na Freguesia, que, ao órgão central do PCP, recordou como era a vida no Centro de Trabalho. «Chegávamos aqui e tínhamos medo que o tecto nos caísse em cima. Depois, numa relação de camaradagem, nas reuniões, vimos a necessidade de deitar mãos à obra», frisou, valorizando o papel de Francisco Silva neste projecto: «O camarada tem sido o grande impulsionador e responsável pela obra e pela equipa. Foi ele que contactou todos os camaradas e amigos, conhecimentos de há muitos anos, ganhando-os para este trabalho».

À hora do almoço, esta grande equipa não se separa, sendo que a refeição é sempre confeccionada por um camarada, o que possibilita o convívio. «Desde o início que o Partido considerou garantir o almoço, não como uma forma de compensar os camaradas, que não estão à procura de uma compensação, mas porque é um momento de retemperarmos as forças. À mesa, para além de falarmos do Partido, discutimos também a melhor solução para resolver determinado problema na obra», acentuou Francisco Silva.

A reconstrução do Centro de Trabalho, para além das magníficas condições que proporciona, é um passo importante para o reforço da organização. «Num ano de organização do Partido, de reforço, de ligação às massas, de certeza que o concelho do Seixal e a Freguesia de Arrentela vão dar um salto muito grande para isso», disse Helena Quintas. Francisco Silva acrescentou: «A recuperação deste Centro de Trabalho, que está inserido numa zona onde estão muitos militantes e amigos do Partido, pode significar um estímulo.

Boas instalações potenciam um melhor trabalho em termos de Partido». «Muitas vezes olho para os camaradas mais velhos e vejo neles a imensa satisfação de ver o seu Centro de Trabalho recuperado. Estas obras foram também feitas a pensar neles. Construímos uma rampa de modo a facilitar o seu acesso à sala de convívio», disse, um pouco comovido.

Depois, continuou, «a intervenção no rés-do-chão visa conciliar o trabalho da organização com o convívio do PCP e da JCP. Permite ainda que o espaço anexo possa armazenar equipamentos como cadeiras, que podem ser montadas facilmente para um plenário de militantes.»

Esta sala vai ainda contar com um elemento decorativo muito importante e de grande dignidade. Foram convidados, pelo Partido, vários artistas plásticos, nomeadamente Albino Moura, Monteiro Alves e Cidália, que vão decorar as paredes laterais do espaço com motivos relacionados com a vida e a luta do PCP.



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