- Nº 1897 (2010/04/8)
Evo Morales consolida apoio na Bolívia

MAS vence eleições

Internacional
Pela sexta vez consecutiva, o Movimento para o Socialismo (MAS) triunfou, nas urnas, sobre a oposição secessionista de extrema-direita. O partido do presidente Evo Morales duplicou o número de regiões que governa e deverá ganhar a maioria dos 337 municípios a sufrágio.

Embora os resultados oficiais definitivos só sejam divulgados dentro de duas semanas, a vitória do MAS na consulta popular de domingo não merece contestação. Cinco milhões de bolivianos estavam habilitados a expressar-se nas urnas e, segundo os dados preliminares, a maioria dos que o fizeram para escolher nove governadores e 144 deputados regionais, 337 presidentes de câmara e 1887 eleitos municipais, e 23 autoridades indígenas, confiaram na força progressista que governa o país. «Em Pando temos governador». Foi com esta frase que Evo Morales confirmou a conquista à oposição de um dos departamentos que se mantinham no poder da extrema-direita. A Pando, juntam-se os governos regionais de La Paz, Oruro, Cochabamba, Potosi e Chuquisaca, tornando o MAS maioritário nos governos locais, com seis presidências contra apenas três alcançadas em 2005. A oposição manteve os departamentos de Beni, Santa Cruz e Tarija, mas a derrota em Pando demonstra a erosão da sua base de apoio em zonas onde dominava. A perda de Pando representa igualmente um rude golpe nos sectores oligárquicos secessionistas, uma vez que aquela região é parte da área designada por Meia Lua, usada como arma de arremesso contra as orientações de justiça social, democracia e soberania nacional do executivo de Morales. Quanto às candidaturas para as autarquias, o MAS assinala que as estimativas dão a conquista por parte do partido de mais de 200 câmaras municipais, uma subida no número total de eleitos, e, sobretudo, as vitórias nas cidades de El Alto, Cochabamba, Cobija (capital de Pando) e Oruro. Sucessão de vitórias No discurso de vitória, Morales também sublinhou o facto do MAS ter obtido o sexto sucesso eleitoral consecutivo por mais de 50 por cento dos votos. Com efeito, nos últimos cinco anos, o partido e o seu projecto político foram amplamente sufragados pelo povo. Em Dezembro de 2005, Evo Morales foi eleito presidente da Bolívia com quase 54 por cento dos votos. Meses depois, em Julho de 2006, o MAS superou os adversários na eleição da Assembleia Constituinte com 50,7 por cento e, em Agosto desse mesmo ano, voltou a vencer o referendo revogatório do mandato de chefe de Estado com mais de 64 por cento dos votos. Em Janeiro do ano passado, o MAS de Morales volta a ganhar a consulta em torno do novo texto fundamental, aprovado por 61,4 por cento dos votantes, e, simultaneamente, ratificou nas urnas a proposta de limitação do latifúndio. Em Dezembro de 2009, Evo Morales foi reeleito para a presidência por 64,2 por cento dos boletins depositados em urna. Poucos ou nenhuns chefes de Estado e partidos nas democracias burguesas podem, como Evo Morales e o MAS, reclamar tamanha legitimidade e sustentação popular, ainda para mais quando, como no caso das regionais e autárquicas de domingo, os actos eleitorais são, segundo todos os observadores, marcados pelo civismo e a transparência.