
- Nº 1896 (2010/04/1)
Nas Florestas e Protecção de Menores
Ataque ao emprego público
Trabalhadores
Cem técnicos das comissões de Protecção de Menores estão ameaçados de despedimento, ao fim de quatro anos de serviço em regime de trabalho temporário, alertou ontem a FNSFP/CGTP-IN.
Este será o resultado de um concurso que se arrasta desde 2006 e deveria regularizar o vínculo dos funcionários, mas estes «foram claramente preteridos, devido às irregularidades» do processo, cuja anulação imediata foi exigida pela Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública. Trata-se de «um caso evidente do resultado da precariedade no trabalho na Administração Pública», comentou a FNSFP, defendendo que, quando exercem funções que correspondem a necessidades permanentes dos serviços, os trabalhadores com vínculo precário devem passar a efectivos, «considerando a experiência já adquirida como prova de capacidade para prestarem as tarefas inerentes à respectiva carreira».
O Instituto da Segurança Social, que se prepara para colocar no desemprego mais de uma centena de trabalhadores com funções técnicas na Protecção de Menores, optou por «proceder administrativamente» e «não considerou no concurso a necessidade de garantir que estas funções da maior sensibilidade sejam exercidas por quem já adquiriu a experiência do contacto diário com os problemas».
A federação recorda, a propósito, que «invariavelmente, os sucessivos governos têm optado pelo sistemático recurso à precariedade», com prejuízo para os trabalhadores e para os utentes.
Reagindo ao programa «Voluntariado Jovem nas Florestas», apresentado pelo Governo na segunda-feira, a FNSFP considerou que se trata de «uma medida adequada à sensibilização dos jovens para a defesa do nosso património florestal», mas ressalvou que «não poderá ser entendida senão como apenas isso e sempre complementar da intervenção que deverá ser levada a cabo pelas entidades com competências de vigilância da floresta e de sensibilização das populações». Essas entidades «deveriam estar dotadas dos meios humanos e técnicos necessários», o que não acontece com o SEPNA da GNR, onde foram integrados os guardas-florestais, cujo Corpo Nacional foi extinto em 2006. Assim sendo, o «Voluntariado Jovem» agora anunciado «surge como uma clara, mas imprópria, medida de substituição dos guardas-florestais».