- Nº 1886 (2010/01/21)
No distrito da Guarda

Cresce a miséria e a desertificação

PCP

A Direcção da Organização Regional da Guarda do PCP, reunida no dia 9, alertou para o aumento da miséria e da desertificação e acusou por esta situação o Governo e as suas políticas. Para os comunistas, esta região do interior do País está confrontada com uma situação «gravíssima, que afecta a grande maioria dos trabalhadores e da população». Quer se trate do desemprego, do declínio da produção agrícola ou do baixo poder de compra.
No caso do desemprego, este tem sofrido agravamentos sucessivos, devido ao encerramento de empresas e despedimentos colectivos. As centenas de trabalhadores despedidos da Delphi, na Dura ou na Beiralã constituem, para o PCP, uma «calamidade social».
Para os comunistas, o Governo do PS «tem sido incapaz de tomar iniciativas para estancar e inverter o aumento do desemprego». Mas as medidas tomadas no período pré-eleitoral mostra que, querendo, o Governo «dispõe de mecanismos para evitar tal sangria do aparelho produtivo».
Não se trata, porém, de incompetência, mas de claras opções políticas. Na empresa Dura, que pediu a aplicação do lay-off a pretexto de não efectuar despedimentos, o Governo nada fez perante o despedimento de duas dezenas de trabalhadores. Arrecadados os benefícios, a empresa rasgou os compromissos assumidos.
Na agricultura, a situação não é mais favorável. Muitos produtores foram forçados a vender as suas vacas e a abandonar a produção leiteira, devido à interrupção da recolha do leite em diversos concelhos, sustenta o PCP. Da mesma forma, as «quebras sucessivas no preço do azeite e as dificuldades de escoamento tornam esta cultura pouco compensadora» e muita azeitona ficou por colher. Também a produção vitivinícola atravessa sérias dificuldades.
Na opinião dos comunistas, são causas desta situação os atrasos no pagamento de dívidas do Estado aos agricultores e os elevados preços da electricidade e de outros factores de produção, como as rações ou os adubos – que provoca a drástica diminuição dos rendimentos dos agricultores, o que leva a que muitos não consigam pagar as suas contribuições para a Segurança Social. Também os circuitos de comercialização inviabilizam a organização dos mercados locais e da sua ligação à economia local, acusa o PCP. Devido à predominância da agricultura familiar no distrito, «mais de 90 por cento dos agricultores não têm acesso ao PRODER».