- Nº 1867 (2009/09/10)
Ainda mais claro com a crise

O socialismo é necessário

Festa do Avante!

No debate de domingo à tarde, no Fórum, sobre «A crise do capitalismo e a actualidade do socialismo e do ideal comunista», foi reafirmado que o desenvolvimento da actual crise aprofunda a convicção de que o socialismo é necessário.
Olhando para as duas décadas decorridas desde que, com a derrota do socialismo na URSS e nos países do Leste europeu, os defensores do capitalismo celebraram «o fim da história» e as promessas de grandes melhorias na economia e na vida das pessoas, Albano Nunes, do Secretariado do Comité Central do PCP, notou que hoje está claro precisamente o contrário: o capitalismo é incapaz de se libertar das crises, não é capaz de superar os problemas estruturais e sistémicos, e os povos vivem pior.
Depois de rejeitar uma qualquer alternativa de capitalismo mais mitigado, Ângelo Alves, da Comissão Política do Partido, recordou a perspectiva de ruptura traçada no 18.º Congresso do PCP, que apontou a necessidade e actualidade do socialismo e do comunismo - perspectiva sempre presente, na acção diária de um partido revolucionário.
José Lourenço, da Comissão para os Assuntos Económicos junto do CC, rebateu a ideia de que os problemas actuais do País são o reflexo da crise financeira internacional. Citou, a propósito, diversos factos e números oficiais, sobre a situação económica vivida desde 2001, cuja observação comprova que a crise já estava instalada em Portugal muito antes do início do segundo semestre de 2007. Alertou para afirmações de José Sócrates e do PS, em defesa do investimento público, porque é preciso ganhar votos, salientando que, de 2005 a 2008, o investimento público decresceu 30 por cento em termos reais.
António Avelãs Nunes, professor universitário, contestou que a actual crise seja apresentada como fruto fatal de uma globalização inevitável, que teria origem no desenvolvimento científico e tecnológico. Responsabilizou os políticos que, embora afirmem o contrário, seguem a ideologia, hoje dominante, do neoliberalismo. Este repõe concepções do século XVIII e tem as suas origens na tentativa de Keynes para salvar o capitalismo, após a crise de 1929, e cujo falhanço ficou evidente na «estagflação» dos anos 70, dando oportunidade aos defensores do livre funcionamento do mercado. A União Europeia constitui hoje o mais avançado e mais fundamentalista monumento ao neoliberalismo na economia mundial, acusou.
As frequentes referências a Marx, que pôs a nu a exploração capitalista e a cujas ideias o desenvolvimento científico e técnico veio dar mais razão, lançaram a ponte para outro debate, realizado no mesmo local, ao final da tarde de sábado, para assinalar o lançamento do «Livro II» de «O Capital».

DM