O GRANDE COLECTIVO PARTIDÁRIO

«Sabemos o que somos e o que queremos ser – um Partido Comunista digno desse nome»

A confirmar que «não há Festa como esta», a Festa do Avante!/2009 foi o que se esperava que fosse - e mais do que isso. Não apenas no número de visitantes e na quantidade, diversidade e superior qualidade da oferta que ali lhes foi proporcionada, mas também, e essencialmente, no ambiente singular ali construído e vivido pelos muitos milhares de homens, mulheres, jovens e crianças que, durante três dias, fizeram da Quinta da Atalaia a mais bela cidade do País: uma cidade diferente sinalizando um futuro diferente ou, como disse a camarada Seyne Torres, dirigente da JCP, no comício de encerramento, «cidade perfeita num país imperfeito».
Uma cidade em que a alegria e o entusiasmo da multidão que encheu o imenso espaço da Atalaia – por vezes tornando-o pequeno – eram complementados por uma serena tranquilidade, invulgar em manifestações desta dimensão, e bem visível na quantidade de carrinhos de bebé que, guiados pelas mãos de pais e de avós, circulavam por todo o lado.
E falar da Festa do Avante! é, necessariamente, falar dos jovens que, aos milhares e constituindo, certamente, a maioria dos visitantes, fazem dela a Festa da Juventude – mas é falar também dos milhares de não-jovens e dos idosos sem a presença dos quais a Festa não seria o que é. E é falar, enfim, da força imensa que é o grande colectivo partidário comunista que, criador e construtor da Festa, faz dela, nas palavras de Jerónimo de Sousa, um exemplo único no panorama político-partidário.

Contudo, para os jornais diários a Festa do Avante! não existiu. Desta vez, foi o silenciamento total, confirmando que a Festa - porque é espaço de liberdade, de democracia, de futuro e porque é obra dos comunistas - não cabe no critério «informativo» que tão bem espelha o conceito de «liberdade de informação» comum a todos esses jornais.
Registe-se, como curiosidade, a mudança de táctica utilizada: até determinada altura, os jornais do grande capital optaram pela manipulação, pela falsidade, pela mentira. Vendo na Festa o que mais ninguém via, apresentavam-na como um espaço essencialmente frequentado por idosos, com maus espectáculos, desagradável, poeirento, onde só se comia bifanas… Mais recentemente, vendo-se desacreditados e desmascarados pela realidade observada pelos cada vez mais milhares de jovens presentes, viraram a agulha «informativa»: afinal, os jovens não vão lá pela «política» mas apenas pelos espectáculos... E, sempre obedecendo ao critério «informativo» dominante, encheram páginas e páginas com factos políticos que, em vários casos, constituíam autênticas provocações fazendo lembrar «bufarias» do antigamente.
Mas tudo isso falhou: apesar dos jornais, a Festa era, é, cada vez mais participada, mais rica de conteúdo, mais bonita. Por isso, este ano optaram pelo silenciamento total.
Nem a Gala da Ópera , presenciada e apreciada por dezenas de milhares de pessoas – e que qualquer órgão de informação digno desse nome, em qualquer parte do mundo, assinalaria como acontecimento memorável - mereceu uma linha em qualquer desses jornais – que, no entanto, se apresentam como órgãos de «informação», «isentos», «plurais», «imparciais» e outras coisas que tais...
Mas que são o que são.

Momento maior da Festa foi o comício de domingo à tarde, no qual, perante dezenas de milhares de pessoas – onde a juventude predominava – o secretário-geral do PCP proferiu uma importante intervenção.
Segundo um desses jornais, tratou-se de «um discurso eleitoralista, com pouco espaço para outros temas que não aqueles que vão integrar a campanha dos comunistas». É falso: sabe quem quer que Jerónimo de Sousa falou da Festa, do seu significado, do Partido que a constrói; falou da situação internacional – numa volta ao mundo em que aludiu a todas as questões relevantes da actualidade; e falou, depois, da situação nacional, dando o natural destaque às eleições que aí vêm, ao que nelas está, de facto, em jogo, à necessidade e às possibilidades de ruptura e mudança, à importância decisiva da participação dos militantes comunistas e dos restantes activistas da CDU na campanha.
Esclareceu que «o que verdadeiramente está em causa não é escolher entre quem vai aplicar a receita do costume, se Sócrates se Ferreira Leite, mas saber se vamos ter mais do mesmo ou se o País caminha no sentido da ruptura e da concretização de uma nova política» como a que a CDU propõe; sublinhou a relevância do Programa de Ruptura, Patriótico e de Esquerda - designadamente as 26 medidas imediatas que respondem às mais prementes necessidades dos trabalhadores, do povo e do País; sublinhou incisivamente que a derrota dos 33 anos de alternância PS/PSD só pode ser alcançada, no plano eleitoral, com a concentração de votos na CDU; demonstrou que é esse «o voto que conta sempre para defender os interesses dos trabalhadores e do povo, para derrotar a política de direita e construir uma verdadeira política de esquerda» - e que, por isso, o voto na CDU é o voto que «o Governo, a direita e os grandes grupos económicos mais temem e que mais lhes dói».
E a reacção entusiástica dos presentes às palavras proferidas por Jerónimo de Sousa, foi bem elucidativa da sua concordância com o que ouviam.
Mas até neste caso, o que o tal jornal viu, foi, vejam bem!, gente que «reagiu obedientemente» ao discurso...
E que tormento deve ter sido para o dito jornal, primeiro, ouvir Jerónimo de Sousa dizer: «Sabemos o que somos e o que queremos ser – um Partido Comunista digno desse nome», e, depois, ouvir os aplausos da multidão ali presente.