- Nº 1866 (2009/09/3)
Jerónimo de Sousa saudou voluntários na Atalaia

Construtores do futuro

PCP
Jerónimo de Sousa esteve na Quinta da Atalaia, no sábado, a saudar os mais de mil voluntários que naquele dia ajudavam a erguer a Festa do Avante!. Para o Secretário-geral do Partido, o seu empenho, a sua entrega e a sua militância são os valores «mais nobres» que há na política.

Foram mais de mil os militantes e simpatizantes do PCP – centenas dos quais jovens – que estiveram no sábado na Quinta da Atalaia a construir a Festa do Avante!. Alguns, pela natureza das tarefas partidárias que desempenham, têm uma considerável notoriedade mediática, mas a grande maioria nunca apareceu num noticiário ou nas páginas dos jornais. Nem a tal aspira.
Mas são todos eles (e muitos mais que ali não estavam) que garantem a construção da Festa e o seu funcionamento, durante os três dias. E, o que é ainda mais importante, asseguram, quotidianamente, a acção e a intervenção do Partido.
Depois de uma manhã atarefada e de um almoço retemperador, os construtores ficaram pelo átrio do restaurante da Festa a aguardar a intervenção de Jerónimo de Sousa, chegado momentos antes de uma acção de campanha da CDU. E foi precisamente aos construtores da Festa que o dirigente comunista dedicou as suas primeiras palavras, para valorizar a presença de «muitos comunistas, muita juventude comunista e muitos amigos do Partido».
Para o Secretário-geral do PCP, a forma como a Festa do Avante! é construída demonstra que o Partido «está em condições de assumir todas as responsabilidades que o povo lhe entenda atribuir». Sempre com a «presença ímpar» da militância e da generosidade, do «resgatar daquilo que é mais nobre na política – servir os interesses dos trabalhadores e do povo e não nos servirmos a nós próprios». «Aqui está o exemplo, hoje, nesta festa em construção. Assim será no País.»
Jerónimo de Sousa considerou ainda «espantoso e impressionante» que o colectivo partidário tenha a capacidade de construir a Festa – de uma forma que considerou «ímpar, única no mundo» – ao mesmo tempo que são constituídas as listas, elaborados os programas e definidos os calendários.
Esta será, prevê o dirigente do PCP, «uma Festa diferente num ano excepcional». Que demonstrará o entusiasmo e a convicção dos comunistas, bem como a sua «força e capacidade de mobilização».

Coragem para mudar de rumo

Para o futuro, Jerónimo de Sousa realçou a necessidade de prosseguir na linha de «mobilização e empenhamento». As batalhas futuras assim o exigem. A primeira delas – as eleições legislativas – é de «grande importância, pois irá determinar muito da evolução do País nos próximos anos».
Recusando reduzir estas eleições a uma disputa entre o PS e o PSD, o dirigente comunista lembrou que não está em causa a eleição de um governo ou de um Primeiro-ministro, mas sim de 230 deputados. Resumir tudo a esses dois partidos, acrescentou Jerónimo de Sousa, é um «falso dilema», pois «se há questão nova nestas eleições é a CDU afirmar-se como força alternativa para executar uma política de esquerda».
A possibilidade de mudar de política, de «romper com esta caminhada para o desastre» e realizar a «mudança necessária na procura de uma vida melhor para Portugal e para os portugueses» é precisamente a «grande questão» a estar em causa a 27 de Setembro, garantiu o dirigente comunista.
Lembrando as afirmações de José Sócrates no congresso do PS, após a estrondosa derrota sofrida a 7 de Junho, de que não mudaria de rumo, Jerónimo de Sousa afirmou: «se quer manter o rumo e a política, não é preciso ser bruxo nem adivinho para imaginar que os resultados não vão ser diferentes.» Sócrates, prosseguiu o Secretário-geral do PCP, «resolveu penalizar os mais fracos mantendo intocáveis os grandes lucros». Algo que, garante, «não custa nada». «A grande coragem é enfrentar os poderosos, é lutar contra os seus privilégios e mordomias.»
PS e PSD, acusou, falam de apoiar as pequenas empresas, os trabalhadores e os reformados, «mas não dizem onde vão buscar o dinheiro». É que para haver essa ajuda, clarificou, é preciso tirar aos que «ficam com as mais-valias e com os lucros». Nos últimos quatro anos, lembrou Jerónimo de Sousa, as três principais empresas energéticas (Galp, EDP e REN) amealharam mais de 7 mil milhões de euros de lucros. Já os quatro maiores bancos privados somaram mais de 6 mil e 900 milhões.
Revelando que um pouco por todo o País «se confirma o respeito e a admiração em relação à CDU», Jerónimo de Sousa destacou que em alguns locais onde, há anos, «quando se falava em comunistas as pessoas se benziam três vezes, hoje há muita gente, muita juventude, a juntar-se à CDU e a fazer parte das suas listas».
A terminar, o Secretário-geral do Partido confessou estar convicto de que, «apesar destas múltiplas tarefas, para as quais temos que trabalhar acima das nossas possibilidades, com este esforço generoso que estão aqui a demonstrar, vamos ter uma grande festa e um grande resultado nas eleições». Depois do Avante Camarada e de A Internacional, como sempre cantadas emotivamente e a uma só voz, os voluntários voltaram ao trabalho.

Gustavo Carneiro