Pela justiça e a verdade
O secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente, Mari Alkatiri, rejeitou uma amnistia geral para os crimes cometidos durante o período da ocupação indonésia. Em entrevista concedida à Lusa antes das comemorações oficiais do décimo aniversário do referendo no qual a maioria dos timorenses se pronunciou favoravelmente pela independência, realizado a 30 de Agosto de 1999, o dirigente da FRETILIN defendeu que «os crimes contra a humanidade são imprescritíveis» e nesse sentido a proposta avançada pelo presidente José Ramos-Horta não faz sentido.
Para o ex-primeiro-ministro, «a Indonésia de hoje já não tem nada a ver com a de ontem», os dois países «devem privilegiar as relações a todos os níveis, consolidar a amizade e encontrar uma via de reconciliação estável» e o povo timorense está pronto para perdoar, mas isso não quer dizer que os familiares das mais de 180 mil vítimas resultantes de 24 anos de ocupação não tenham direito à reparação pelos crimes cometidos e a saberem a verdade.
Alkatiri disse acreditar «que um dia, o povo indonésio vai clamar por justiça» e lembra que «a justiça que o povo indonésio tem feito é pelo voto, não dando oportunidades aos que estiveram altamente comprometidos com o general Suharto», mas da parte de Timor-Leste continua em falta a divulgação das conclusões dos relatórios da comissão bilateral encarregue de investigar os acontecimentos entre 1975 e 1999.
O presidente Ramos-Horta insistiu, domingo, durante as cerimónias oficiais de comemoração da vitória no referendo, que o governo deveria promulgar uma lei de amnistia geral. Ramos-Horta considera que a Indonésia é hoje uma «democracia vibrante» e por isso devem ser as autoridades daquele país a julgar os criminosos.
Campanha em curso
A maioria dos altos responsáveis indonésios por violações dos direitos humanos em Timor-Leste continuam impunes, mas a posição de Ramos-horta é defendida também pelo actual primeiro-ministro e antigo comandante da FALINTIL durante grande parte do período da ocupação. Para Xanana Gusmão, as boas relações diplomáticas e económicas com o governo de Jacarta justificam a amnistia.
O chefe do governo timorense vai mesmo mais longe e aproveita o que chama de «política do perdão» para com a Indonésia para lançar ataques à FRETILIN. Os timorenses devem ter em conta a «responsabilidade» que lhes cabe nos acontecimentos, diz, os quais, alega ainda, conduziram à invasão indonésia. Os partidos que entraram em conflito após a descolonização portuguesa «em vez de aparecerem para sonhar pela liberdade, apareceram para infringir dor uns aos outros», alega Xanana para logo precisar de que partidos fala. «Pessoalmente, não posso negar que fui membro do comité central da FRETILIN e tivemos a nossa quota-parte nesse processo todo de 24 anos», declarou.
Os ataques ao partido que já foi o seu não podem ser desligados do papel que desempenha hoje a FRETILIN enquanto principal opositor à conduta e às políticas dos correlegionários de Xanana na pátria maubere, nomeadamente no que diz respeito à avaliação do golpe que em 2006 conduziu à destituição do executivo da FRETILIN, e em relação às suspeitas de corrupção e abuso de poder que pendem sobre as ministras da Justiça e das Finanças do actual governo. Num relatório recente, a Provedoria de Direitos Humanos de Timor-Leste aconselhou a procuradoria-geral da República a abrir processos-crime contra Lúcia Lobato e Emília Pires.
Na entrevista concedida à Lusa, Mari Alkatiri destaca a crise político-institucional de 2006 como um dos pontos negativos desde a independência. «Agora parece que está tudo estável porque aqueles que estiveram por detrás da crise estão no poder», disse.
Alkatiri sublinhou ainda que «apesar dos altos e baixos num país pós-conflito» Timor-Leste não é já uma nação inviável, embora careçam políticas capazes de enfrentar a nova causa nacional, «o combate à pobreza».
«Não o combate à pobreza de cada um dos ministros, mas do povo», precisou.
Para o ex-primeiro-ministro, «a Indonésia de hoje já não tem nada a ver com a de ontem», os dois países «devem privilegiar as relações a todos os níveis, consolidar a amizade e encontrar uma via de reconciliação estável» e o povo timorense está pronto para perdoar, mas isso não quer dizer que os familiares das mais de 180 mil vítimas resultantes de 24 anos de ocupação não tenham direito à reparação pelos crimes cometidos e a saberem a verdade.
Alkatiri disse acreditar «que um dia, o povo indonésio vai clamar por justiça» e lembra que «a justiça que o povo indonésio tem feito é pelo voto, não dando oportunidades aos que estiveram altamente comprometidos com o general Suharto», mas da parte de Timor-Leste continua em falta a divulgação das conclusões dos relatórios da comissão bilateral encarregue de investigar os acontecimentos entre 1975 e 1999.
O presidente Ramos-Horta insistiu, domingo, durante as cerimónias oficiais de comemoração da vitória no referendo, que o governo deveria promulgar uma lei de amnistia geral. Ramos-Horta considera que a Indonésia é hoje uma «democracia vibrante» e por isso devem ser as autoridades daquele país a julgar os criminosos.
Campanha em curso
A maioria dos altos responsáveis indonésios por violações dos direitos humanos em Timor-Leste continuam impunes, mas a posição de Ramos-horta é defendida também pelo actual primeiro-ministro e antigo comandante da FALINTIL durante grande parte do período da ocupação. Para Xanana Gusmão, as boas relações diplomáticas e económicas com o governo de Jacarta justificam a amnistia.
O chefe do governo timorense vai mesmo mais longe e aproveita o que chama de «política do perdão» para com a Indonésia para lançar ataques à FRETILIN. Os timorenses devem ter em conta a «responsabilidade» que lhes cabe nos acontecimentos, diz, os quais, alega ainda, conduziram à invasão indonésia. Os partidos que entraram em conflito após a descolonização portuguesa «em vez de aparecerem para sonhar pela liberdade, apareceram para infringir dor uns aos outros», alega Xanana para logo precisar de que partidos fala. «Pessoalmente, não posso negar que fui membro do comité central da FRETILIN e tivemos a nossa quota-parte nesse processo todo de 24 anos», declarou.
Os ataques ao partido que já foi o seu não podem ser desligados do papel que desempenha hoje a FRETILIN enquanto principal opositor à conduta e às políticas dos correlegionários de Xanana na pátria maubere, nomeadamente no que diz respeito à avaliação do golpe que em 2006 conduziu à destituição do executivo da FRETILIN, e em relação às suspeitas de corrupção e abuso de poder que pendem sobre as ministras da Justiça e das Finanças do actual governo. Num relatório recente, a Provedoria de Direitos Humanos de Timor-Leste aconselhou a procuradoria-geral da República a abrir processos-crime contra Lúcia Lobato e Emília Pires.
Na entrevista concedida à Lusa, Mari Alkatiri destaca a crise político-institucional de 2006 como um dos pontos negativos desde a independência. «Agora parece que está tudo estável porque aqueles que estiveram por detrás da crise estão no poder», disse.
Alkatiri sublinhou ainda que «apesar dos altos e baixos num país pós-conflito» Timor-Leste não é já uma nação inviável, embora careçam políticas capazes de enfrentar a nova causa nacional, «o combate à pobreza».
«Não o combate à pobreza de cada um dos ministros, mas do povo», precisou.