Onde os sonhos sobem ao palco
Durante dois dias e meio, 19 espectáculos de 16 companhias de teatro para todos os gostos e idades, e ainda dança, homenagens e muita música terão lugar num espaço cada vez mais acolhedor onde prima a grande qualidade dos trabalhos apresentados.
Prova disso são os melhoramentos efectuados no palco, explicaram Pedro Lago e Manuel Mendonça, responsáveis pela construção e por toda a logística de um Avanteatro cada vez mais aprazível.
Este ano, a novidade estrutural é a implantação de uma laje em cimento armado, como chão de palco, permitindo melhores condições de trabalho não só para quem actua como para quem constrói o Avanteatro, revelou Pedro Lago, membro do secretariado da Festa do Avante!.
Com um programa tão vasto poder-se-ia pensar que entre os espectáculos pouco tempo haveria para os visitantes se recomporem para a actuação seguinte, mas não é assim. «Apesar da complexidade a que obriga o multifacetado programa, sobra sempre tempo, entre espectáculos, para se comentar o que se viu, conviver, ir ao bar e voltar à plateia», garante Manuel Mendonça.
Difícil é sempre a selecção dos trabalhos que se candidatam à Festa, porque «o que não falta são trabalhos com grande qualidade, em todas as vertentes artísticas», acrescentou.
Outra prioridade nunca esquecida é trazer grupos de regiões mais interiores do País e, por isso, menos divulgados e conhecidos. Este ano, vão estar na Festa companhias provenientes da Guarda e do Pinhal Novo.
O ano de Darwin
No ano em que por todo o mundo se celebram 200 anos do nascimento de Charles Darwin, o Grupo de Teatro A Barraca regressa à Festa, na noite de sexta-feira, com O ano de Darwin, peça encenada por Hélder Costa. A presença de Darwin deve-se também a «toda uma série de consequências políticas provocadas pelas descobertas de Darwin e que foram referência e justo motivo de preocupação para Karl Marx, que lhe ofereceu o primeiro volume de O Capital, lembra Manuel Mendonça.
A peça subordina-se à influência que teve sobre Darwin uma tertúlia realizada na universidade de Cambridge pelo seu professor, John Henslow, e pretende demonstrar como «no mundo tudo se transforma», como escreveu Darwin, citando Heráclito.
Canções de Brecht e A comédia mosqueta
Proveniente da autarquia de maioria CDU onde decorre um dos mais importantes festivais de teatro do mundo que, segundo Manuel Mendonça, «nunca é tratado na comunicação social com as mesmas honras proporcionadas a eventos teatrais de menor importância», a Companhia de Teatro de Almada levará a cena A Comédia Mosqueta e Canções de Brecht, interpretadas por Teresa Gafeira, acompanhada ao piano, domingo à noite, por Francisco Sasseti.
O trabalho do fortemente comprometido encenador comunista alemão, Bertold Brecht, no período da ascensão nazifascista, na Alemanha dos anos 30, dá corpo e alma a esta peça com textos de Brecht musicados pela primeira vez em português, numa típica farsa do cabaret berlinense daqueles tempos.
Encenada por Mário Barradas, a Comédia Mosqueta do dramaturgo italiano do século XVI, Ângelo Beolco é a recriação da peça estreada em 1972 pelo grupo Os bonecreiros, nascido no início daquela década. Desta forma, a Festa do Avante! «homenageará», sábado, ao início da noite, todos os camaradas do grupo original, alguns já malogrados como Fernanda Alves ou José Gomes, e outros ainda connosco, como Mário Jacques», sublinhou Manuel Mendonça. A recriação é feita com o mesmo cenário e a mesma encenação da peça original, graças à colaboração do encenador e do cenógrafo Chrisitian Rätz.
Três homenagens póstumas
No ano em que Vasco Granja nos deixou, o homem e militante comunista, parte indivisível da sua vida que muitas biografias omitem propositadamente, será homenageado na Festa. Vasco Granja ensinou miúdos e graúdos a fascinar-se com a, na altura desconhecida, qualidade do cinema de animação feito na Europa socialista de leste e não só.
Celeste Amorim foi uma incansável militante comunista e antifascista, membro do Coro Lopes Graça desde a sua criação, intérprete de voz invejável e profundamente comprometida com as mais nobres causas humanistas. A justa homenagem que lhe vai ser postada destacará os aspectos mais marcantes da sua actividade.
Nascido na capital do Norte e falecido em Outubro passado, Carlos Porto, crítico de teatro consagrado, poeta, tradutor e militante comunista será igualmente recordado como combatente decidido e corajoso lutador pela liberdade teatral, a inovação e o profissionalismo.
Teatro infantil
Os macacos a correr e os meninos a aprender é uma brincadeira de crianças de que muitos estarão recordados e que dá o nome a esta peça «do tempo em que os animais falavam», que fará as delícias dos mais pequenos, sábado pela manhã, interpretada pelo Grupo de Teatro Intervalo, no palco do Avanteatro.
Logo depois, Conto-te Abril, no exterior, vai explicar aos miúdos a importância e o significado da Revolução de 25 de Abril de 1974 e da liberdade. A peça repete domingo à tarde.
História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar, do Grupo Art'imagem e escrita por Luís Sepúlveda contará às crianças, na manhã de domingo, como é sempre possível realizar-se objectivos que parecem, à partida, impossíveis, através de uma rábula entre uma gaivota apanhada pela poluição que vai aprender com o gato que pode e deve voar.
Teatro de rua e animações
Humanum fatum
Sexta-feira e sábado à noite a Cooperativa PIA, Projectos de Intervenção Artística, sediada no Pinhal Novo traz o teatro de rua com o espectáculo Humanun Fatum. Com a chegada de uma nova era, o destino vem ligar o homem à máquina num engenho universal movido por correias de sentimentos.
Sobre Rodas
Sobre rodas é um espectáculo de dança, teatro, música e circo, interpretado, sábado à noite, pela CIM - Companhia Integrada Multidisciplinar que vem demonstrar como a integração e a reabilitação de crianças com paralisia cerebral, que o interpretam, é não só possível como recomendável. É uma deliciosa história onde curiosas personagens promovem um encontro entre um homem e uma mulher, e uma parceria entre a Associação Vo'Arte, a Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa e o Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian.
Macapi
Com a presença animada de uma marioneta gigante simbolizando o Zé Povinho, o Grupo Movimento Animação Cultural Arte Popular Ibérica, Macapi garante que vai animar as ruas da Festa durante os três dias.
Documentário sobre o SAAL
Elogio ao ½
O jovem realizador Pedro Sena Nunes aventurou-se a explicar como os «filhos da meia-praia», como carinhosamente os apelidou José Afonso, do bairro 25 de Abril, junto a Lagos, converteram as palhotas onde viviam em casas construídas por si próprios depois da Revolução de Abril. É uma retrospectiva do plano arquitectónico SAAL, Serviço de Apoio Ambulatório Local, e do que dele ficou por fazer apesar de muitas promessas, transportando-nos desses tempos à actualidade.
Mais espectáculos
Trio animato
Durante os três dias, este grupo musical formado em 2005 por três estudantes do curso de instrumento que se conheceram em estágios de orquestra promete animar o bar do Avanteatro, com um repertório que vai desde o século XVIII até aos dias de hoje.
Quiné – da côr da madeira
Quine misturará, na noite de sexta-feira, também no bar do Avanteatro, percussões e um xilofone africano, a m'bila. «Da côr da madeira» significa música colorida expressa em ligações culturais e migrantes entre os povos através da música, numa simbiose de ritmos tradicionais portugueses com ritmos do mundo.
Poemas da minha vida
Interpretados por Io Apolloni, Poemas da minha vida sobe ao palco pela meia-noite de sábado. «Estes poetas são a minha alma gémea», considera a actriz cujos pergaminhos não requerem apresentações. Apolloni recitará, com música de fundo, poemas italianos, portugueses, umbros, romanos e um napolitano.
Nasrudin
É uma personagem popular da cultura árabe. Nasrudin, um escritor de contos será interpretado, na noite de sexta-feira pela Companhia Gato que ladra. Encenada por Pedro Alvarez Ossorio, esta peça musicada resulta de vários intercâmbios teatrais internacionais de origem ibérica e pretende ser uma viagem onde as histórias são contadas sem nunca nos ser revelado o mistério por detrás delas.
António Palma e convidados
O bar do Avanteatro vai ter animação, no fim da noite de sábado, com o Jazz do músico de Portimão, António Palma e convidados.
Síntese
Proveniente da Guarda, este grupo de música contemporânea envolverá, domingo à tarde, intérpretes e compositores que buscam novos universos sonoros tendo como referências clássicos contemporâneos, misturando sonoridades que vão do instrumento solo à pouco ortodoxa electro-acústica.
O menino é Lindo
Grupo musical e de grande animação, O menino é lindo terá, pela segunda vez, a responsabilidade de encerrar os espectáculos do Avanteatro, domingo, no bar.
Este ano, a novidade estrutural é a implantação de uma laje em cimento armado, como chão de palco, permitindo melhores condições de trabalho não só para quem actua como para quem constrói o Avanteatro, revelou Pedro Lago, membro do secretariado da Festa do Avante!.
Com um programa tão vasto poder-se-ia pensar que entre os espectáculos pouco tempo haveria para os visitantes se recomporem para a actuação seguinte, mas não é assim. «Apesar da complexidade a que obriga o multifacetado programa, sobra sempre tempo, entre espectáculos, para se comentar o que se viu, conviver, ir ao bar e voltar à plateia», garante Manuel Mendonça.
Difícil é sempre a selecção dos trabalhos que se candidatam à Festa, porque «o que não falta são trabalhos com grande qualidade, em todas as vertentes artísticas», acrescentou.
Outra prioridade nunca esquecida é trazer grupos de regiões mais interiores do País e, por isso, menos divulgados e conhecidos. Este ano, vão estar na Festa companhias provenientes da Guarda e do Pinhal Novo.
O ano de Darwin
No ano em que por todo o mundo se celebram 200 anos do nascimento de Charles Darwin, o Grupo de Teatro A Barraca regressa à Festa, na noite de sexta-feira, com O ano de Darwin, peça encenada por Hélder Costa. A presença de Darwin deve-se também a «toda uma série de consequências políticas provocadas pelas descobertas de Darwin e que foram referência e justo motivo de preocupação para Karl Marx, que lhe ofereceu o primeiro volume de O Capital, lembra Manuel Mendonça.
A peça subordina-se à influência que teve sobre Darwin uma tertúlia realizada na universidade de Cambridge pelo seu professor, John Henslow, e pretende demonstrar como «no mundo tudo se transforma», como escreveu Darwin, citando Heráclito.
Canções de Brecht e A comédia mosqueta
Proveniente da autarquia de maioria CDU onde decorre um dos mais importantes festivais de teatro do mundo que, segundo Manuel Mendonça, «nunca é tratado na comunicação social com as mesmas honras proporcionadas a eventos teatrais de menor importância», a Companhia de Teatro de Almada levará a cena A Comédia Mosqueta e Canções de Brecht, interpretadas por Teresa Gafeira, acompanhada ao piano, domingo à noite, por Francisco Sasseti.
O trabalho do fortemente comprometido encenador comunista alemão, Bertold Brecht, no período da ascensão nazifascista, na Alemanha dos anos 30, dá corpo e alma a esta peça com textos de Brecht musicados pela primeira vez em português, numa típica farsa do cabaret berlinense daqueles tempos.
Encenada por Mário Barradas, a Comédia Mosqueta do dramaturgo italiano do século XVI, Ângelo Beolco é a recriação da peça estreada em 1972 pelo grupo Os bonecreiros, nascido no início daquela década. Desta forma, a Festa do Avante! «homenageará», sábado, ao início da noite, todos os camaradas do grupo original, alguns já malogrados como Fernanda Alves ou José Gomes, e outros ainda connosco, como Mário Jacques», sublinhou Manuel Mendonça. A recriação é feita com o mesmo cenário e a mesma encenação da peça original, graças à colaboração do encenador e do cenógrafo Chrisitian Rätz.
Três homenagens póstumas
No ano em que Vasco Granja nos deixou, o homem e militante comunista, parte indivisível da sua vida que muitas biografias omitem propositadamente, será homenageado na Festa. Vasco Granja ensinou miúdos e graúdos a fascinar-se com a, na altura desconhecida, qualidade do cinema de animação feito na Europa socialista de leste e não só.
Celeste Amorim foi uma incansável militante comunista e antifascista, membro do Coro Lopes Graça desde a sua criação, intérprete de voz invejável e profundamente comprometida com as mais nobres causas humanistas. A justa homenagem que lhe vai ser postada destacará os aspectos mais marcantes da sua actividade.
Nascido na capital do Norte e falecido em Outubro passado, Carlos Porto, crítico de teatro consagrado, poeta, tradutor e militante comunista será igualmente recordado como combatente decidido e corajoso lutador pela liberdade teatral, a inovação e o profissionalismo.
Teatro infantil
Os macacos a correr e os meninos a aprender é uma brincadeira de crianças de que muitos estarão recordados e que dá o nome a esta peça «do tempo em que os animais falavam», que fará as delícias dos mais pequenos, sábado pela manhã, interpretada pelo Grupo de Teatro Intervalo, no palco do Avanteatro.
Logo depois, Conto-te Abril, no exterior, vai explicar aos miúdos a importância e o significado da Revolução de 25 de Abril de 1974 e da liberdade. A peça repete domingo à tarde.
História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar, do Grupo Art'imagem e escrita por Luís Sepúlveda contará às crianças, na manhã de domingo, como é sempre possível realizar-se objectivos que parecem, à partida, impossíveis, através de uma rábula entre uma gaivota apanhada pela poluição que vai aprender com o gato que pode e deve voar.
Teatro de rua e animações
Humanum fatum
Sexta-feira e sábado à noite a Cooperativa PIA, Projectos de Intervenção Artística, sediada no Pinhal Novo traz o teatro de rua com o espectáculo Humanun Fatum. Com a chegada de uma nova era, o destino vem ligar o homem à máquina num engenho universal movido por correias de sentimentos.
Sobre Rodas
Sobre rodas é um espectáculo de dança, teatro, música e circo, interpretado, sábado à noite, pela CIM - Companhia Integrada Multidisciplinar que vem demonstrar como a integração e a reabilitação de crianças com paralisia cerebral, que o interpretam, é não só possível como recomendável. É uma deliciosa história onde curiosas personagens promovem um encontro entre um homem e uma mulher, e uma parceria entre a Associação Vo'Arte, a Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa e o Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian.
Macapi
Com a presença animada de uma marioneta gigante simbolizando o Zé Povinho, o Grupo Movimento Animação Cultural Arte Popular Ibérica, Macapi garante que vai animar as ruas da Festa durante os três dias.
Documentário sobre o SAAL
Elogio ao ½
O jovem realizador Pedro Sena Nunes aventurou-se a explicar como os «filhos da meia-praia», como carinhosamente os apelidou José Afonso, do bairro 25 de Abril, junto a Lagos, converteram as palhotas onde viviam em casas construídas por si próprios depois da Revolução de Abril. É uma retrospectiva do plano arquitectónico SAAL, Serviço de Apoio Ambulatório Local, e do que dele ficou por fazer apesar de muitas promessas, transportando-nos desses tempos à actualidade.
Mais espectáculos
Trio animato
Durante os três dias, este grupo musical formado em 2005 por três estudantes do curso de instrumento que se conheceram em estágios de orquestra promete animar o bar do Avanteatro, com um repertório que vai desde o século XVIII até aos dias de hoje.
Quiné – da côr da madeira
Quine misturará, na noite de sexta-feira, também no bar do Avanteatro, percussões e um xilofone africano, a m'bila. «Da côr da madeira» significa música colorida expressa em ligações culturais e migrantes entre os povos através da música, numa simbiose de ritmos tradicionais portugueses com ritmos do mundo.
Poemas da minha vida
Interpretados por Io Apolloni, Poemas da minha vida sobe ao palco pela meia-noite de sábado. «Estes poetas são a minha alma gémea», considera a actriz cujos pergaminhos não requerem apresentações. Apolloni recitará, com música de fundo, poemas italianos, portugueses, umbros, romanos e um napolitano.
Nasrudin
É uma personagem popular da cultura árabe. Nasrudin, um escritor de contos será interpretado, na noite de sexta-feira pela Companhia Gato que ladra. Encenada por Pedro Alvarez Ossorio, esta peça musicada resulta de vários intercâmbios teatrais internacionais de origem ibérica e pretende ser uma viagem onde as histórias são contadas sem nunca nos ser revelado o mistério por detrás delas.
António Palma e convidados
O bar do Avanteatro vai ter animação, no fim da noite de sábado, com o Jazz do músico de Portimão, António Palma e convidados.
Síntese
Proveniente da Guarda, este grupo de música contemporânea envolverá, domingo à tarde, intérpretes e compositores que buscam novos universos sonoros tendo como referências clássicos contemporâneos, misturando sonoridades que vão do instrumento solo à pouco ortodoxa electro-acústica.
O menino é Lindo
Grupo musical e de grande animação, O menino é lindo terá, pela segunda vez, a responsabilidade de encerrar os espectáculos do Avanteatro, domingo, no bar.