
- Nº 1849 (2009/05/7)
Tarrafal será museu
Nacional
A criação, no antigo Campo de Concentração do Tarrafal, do Museu da Resistência e da Liberdade foi uma das conclusões do simpósio internacional sobre o Tarrafal que decorreu entre 28 e 30 de Abril naquela vila da ilha de Santiago, em Cabo Verde. Na ocasião, celebrou-se também o 35.º aniversário do encerramento definitivo do campo, a 1 de Maio de 1974.
Presentes na iniciativa estiveram ex-tarrafalistas de Portugal, Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde. O Campo de Concentração do Tarrafal conheceu duas fases: de 1936 a 1954, quando ali foram presos e assassinados antifascistas portugueses; e de 1961 a 1974, servindo para aprisionar elementos dos movimentos de libertação das ex-colónias portuguesas.
Foi também inaugurada, na ala que serviu, na segunda fase do campo, de celas dos presos de Cabo Verde, uma exposição com 18 painéis sobre a história do «Campo da Morte Lenta». Para a exposição ali patente contribuíram os arquivos nacionais de Portugal, Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau, a Fundação Amílcar Cabral e o Gabinete de Estudos Sociais do PCP, entre outras instituições.
Participaram no simpósio diversas personalidades e organizações nacionais, nomeadamente a União dos Resistentes Antifascistas Portugueses, representada pelo seu coordenador Aurélio Santos.
Ideais de futuro
A convite da Fundação Amílcar Cabral esteve presente no simpósio Domingos Abrantes, membro do Comité Central do PCP. Tomando a palavra, o dirigente do PCP realçou que «ao falar-se das cadeias, importa também salientar que o campo do Tarrafal, aliás como as outras cadeias fascistas em geral, não foi apenas um local de tortura, de humilhações sem fim e de mortes». Foi também, acrescentou, «um local de corajosa luta contra as arbitrariedades dos carcereiros fascistas, de grandes manifestações de camaradagem, inter-ajuda e solidariedade humana».
Na opinião de Domingos Abrantes, «as centenas de presos que foram enviados para o Tarrafal – comunistas, anarquistas e republicanos; operários, marinheiros, intelectuais, antifascistas, revolucionários da guerra colonial», pagaram um «elevado tributo pela sua entrega à luta pela liberdade». Os ideais pelos quais sacrificaram as suas vidas, garantiu, «não perderam actualidade».