
- Nº 1849 (2009/05/7)
Previsões da Comissão Europeia
Cenário negro
Assembleia da República
É a confirmação do «cenário negro» e a demonstração da «profunda ineficácia» das medidas adoptadas pelo Governo, considerou, segunda‑feira, o Grupo Parlamentar do PCP, reagindo às previsões da Comissão Europeia que apontam para uma contracção da economia portuguesa na ordem dos 3,7 por cento em 2009 e projecta uma recessão de 4,0 por cento para a União Europeia e para a Zona Euro. Para o deputado comunista José Alberto Lourenço, os dados agora revelados por Bruxelas evidenciam que «Portugal terá pela primeira vez uma quebra no crescimento do PIB durante dois anos consecutivos ‑ 2009 e 2010 ‑ depois da estagnação de 2008». Uma realidade de que «não há memória na economia portuguesa», segundo o parlamentar do PCP, que recordou que «todos os períodos recessivos foram só de um ano: 1975, 1983, 1993 e 2003» .
Encarando‑os como «extremamente preocupantes», tais dados assumem ainda uma particular gravidade pela evolução negativa prevista para o consumo privado, que representa «uma quebra nos salários reais das famílias».
Atribuindo estes números à «profunda ineficácia das medidas do Governo, com resultados praticamente nulos», José Alberto Lourenço reiterou a necessidade de «uma ruptura mesmo profunda com estas políticas», sob pena, advertiu, de «o País correr sérios riscos». «A economia estagnou, agora definha», sublinhou, destacando que a dívida pública pode atingir 81,5 por cento do PIB em 2010.
«O défice orçamental, em torno do qual este Governo tanto se aprimorou, prevê‑se que ultrapasse o de 2005. Voltámos à estaca zero. Então por que se exigiu tanto esforço aos portugueses?», perguntou, sublinhando que «o défice não é estrutural, mas conjuntural».
A mudança de rumo defendida pelo PCP passa, entre outras medidas, pelo aumento dos rendimentos das famílias, através do aumento dos salários e das pensões e da diminuição da carga fiscal, bem como pelo apoio às micro, pequenas e médias empresas e pela recuperação do aparelho produtivo nacional.