Crise também chega à Igreja...
Na Igreja Católica a crise não é de dinheiro, que esse é fácil e abunda. O que há – isso sim! - é um grave défice de identidade ideológica e um distanciamento, cada vez maior, do povo crente em relação à sua hierarquia. E vão surgindo sinais de que progride um surdo mal-estar entre o baixo clero e o episcopado. Paira no ar o fantasma da Teologia da Libertação e do Concílio Vaticano II.
A crise económica do capitalismo, o agravamento constante do desemprego e o cada vez mais profundo fosso entre pobres e ricos, ajuda a alimentar o descontentamento de quantos católicos, padres ou leigos, comparam a situação no mundo e a opulência do Vaticano. Compreende-se que a muitos católicos incomode ver como na Igreja Católica se fala na luta contra a pobreza enquanto prosperam os lucros dos grupos financeiros ligados à Santa Sé. E, também, como é estranho que, numa fase de luta aberta pelos direitos e liberdades dos povos, no Vaticano tenha assento um papa conhecido pelo seu sectarismo e pela ferocidade do seu ódio à mudança. Por isso, agudiza-se a crise de vocações, aumentam os escândalos financeiros e perde nitidamente terreno a velha técnica jesuítica de esmagar com a liturgia a crítica popular. Veja-se só o que recentemente se passou com a pompa e circunstância das cerimónias da canonização de Nun'Álvares. Estas coisas, agora «passam ao lado» do povo português, tal como observou Torgal Ferreira, capelão das Forças Armadas.
O que mais deveria contar é praticamente esquecido pelo episcopado. Por exemplo, à consciência dos católicos ofende certamente a forma criminosa como a riqueza é distribuída. Mas a Conferência Episcopal e o Patriarcado fazem «vista grossa» a este escândalo nacional e contam pequenas histórias para desviar as atenções e ocultar os criminosos. Perante os terríveis problemas humanos desencadeados pelo desemprego, a Igreja limita-se a aconselhar: «A esmola deve ser uma forma do crente fazer todo o possível para que mais gente veja o seu trabalho garantido...» (D. José Clemente). Entretanto, a Igreja, as Misericórdias e a Sociedade Civil ganham novos lucros e proveitos em áreas de onde não esperam jamais sair, como no Ensino, na Saúde ou na Justiça. Ligam-se ao grande patronato através da ACEGE e da Segurança Social e preparam-se (vide Programa «O Farol») para participarem numa espécie de Plano Marshall que já está em andamento e se propõe aproveitar a crise para plantar os alicerces de uma Nova Sociedade totalmente dominada pela grandes fortunas e pela Igreja.
A Teologia da Libertação como bandeira...
Uma «carta-aberta» que nos chegou às mãos é prova consistente de que o mal-estar e o descontentamento católico alastra. O autor do documento é um sacerdote e missionário francês (ou franco-canadiano), chamado Claude Lacaille. Trabalhou, ao longo de 45 anos, entre as populações miseráveis do Chile de Pinochet, entre os indígenas do Haiti e do Equador e no Brasil dos generais. Começa com as seguintes palavras a sua carta-aberta dirigida a Bento XVI: «Dirijo-te esta carta porque preciso de comunicar com o pastor da Igreja Católica e não existe um só canal de comunicação para contactar-te directamente.» De peito aberto e com uma linguagem clara e directa, Lacaille aborda depois os graves problemas de consciência que deveriam servir para mobilizar os católicos na luta social. A carta é uma verdadeira bandeira da Teologia da Libertação e do já esquecido Concílio Vaticano II. Não sabemos que terá, depois, acontecido a este homem.
«A Teologia da Libertação será uma errada mistura fé e de política? Foi isto o que disseste no avião que te trouxe ao Brasil... eu já tinha lido e relido as instruções que o ex-cardeal Ratzinger publicou sobre essa teologia; nela se descreve a TL como um espantalho, com palavras que para mim nada representam na minha forma de viver e nas minhas convicções. Não é necessário ler Karl Marx para se descobrir a «opção pelos pobres». A TL não é uma doutrina ou uma teoria; é uma forma de viver o Evangelho da proximidade e da solidariedade com as pessoas excluídas da sociedade e reduzidas à miséria (...) é indecente condenares publicamente os crentes que consagraram as suas vidas – e somos dezenas de milhares de leigos e leigas, religiosas e religiosos e sacerdotes das quatro partes do mundo – que seguiram este caminho. Ser discípulo de Jesus é imitá-lo, segui-lo, actuar como Ele o fez. Não compreendo a razão que te leva a agires connosco com esse encarniçamento e essa hostilidade.»
Das chaminés do Vaticano sobem ténues fumos de esperança...
A crise económica do capitalismo, o agravamento constante do desemprego e o cada vez mais profundo fosso entre pobres e ricos, ajuda a alimentar o descontentamento de quantos católicos, padres ou leigos, comparam a situação no mundo e a opulência do Vaticano. Compreende-se que a muitos católicos incomode ver como na Igreja Católica se fala na luta contra a pobreza enquanto prosperam os lucros dos grupos financeiros ligados à Santa Sé. E, também, como é estranho que, numa fase de luta aberta pelos direitos e liberdades dos povos, no Vaticano tenha assento um papa conhecido pelo seu sectarismo e pela ferocidade do seu ódio à mudança. Por isso, agudiza-se a crise de vocações, aumentam os escândalos financeiros e perde nitidamente terreno a velha técnica jesuítica de esmagar com a liturgia a crítica popular. Veja-se só o que recentemente se passou com a pompa e circunstância das cerimónias da canonização de Nun'Álvares. Estas coisas, agora «passam ao lado» do povo português, tal como observou Torgal Ferreira, capelão das Forças Armadas.
O que mais deveria contar é praticamente esquecido pelo episcopado. Por exemplo, à consciência dos católicos ofende certamente a forma criminosa como a riqueza é distribuída. Mas a Conferência Episcopal e o Patriarcado fazem «vista grossa» a este escândalo nacional e contam pequenas histórias para desviar as atenções e ocultar os criminosos. Perante os terríveis problemas humanos desencadeados pelo desemprego, a Igreja limita-se a aconselhar: «A esmola deve ser uma forma do crente fazer todo o possível para que mais gente veja o seu trabalho garantido...» (D. José Clemente). Entretanto, a Igreja, as Misericórdias e a Sociedade Civil ganham novos lucros e proveitos em áreas de onde não esperam jamais sair, como no Ensino, na Saúde ou na Justiça. Ligam-se ao grande patronato através da ACEGE e da Segurança Social e preparam-se (vide Programa «O Farol») para participarem numa espécie de Plano Marshall que já está em andamento e se propõe aproveitar a crise para plantar os alicerces de uma Nova Sociedade totalmente dominada pela grandes fortunas e pela Igreja.
A Teologia da Libertação como bandeira...
Uma «carta-aberta» que nos chegou às mãos é prova consistente de que o mal-estar e o descontentamento católico alastra. O autor do documento é um sacerdote e missionário francês (ou franco-canadiano), chamado Claude Lacaille. Trabalhou, ao longo de 45 anos, entre as populações miseráveis do Chile de Pinochet, entre os indígenas do Haiti e do Equador e no Brasil dos generais. Começa com as seguintes palavras a sua carta-aberta dirigida a Bento XVI: «Dirijo-te esta carta porque preciso de comunicar com o pastor da Igreja Católica e não existe um só canal de comunicação para contactar-te directamente.» De peito aberto e com uma linguagem clara e directa, Lacaille aborda depois os graves problemas de consciência que deveriam servir para mobilizar os católicos na luta social. A carta é uma verdadeira bandeira da Teologia da Libertação e do já esquecido Concílio Vaticano II. Não sabemos que terá, depois, acontecido a este homem.
«A Teologia da Libertação será uma errada mistura fé e de política? Foi isto o que disseste no avião que te trouxe ao Brasil... eu já tinha lido e relido as instruções que o ex-cardeal Ratzinger publicou sobre essa teologia; nela se descreve a TL como um espantalho, com palavras que para mim nada representam na minha forma de viver e nas minhas convicções. Não é necessário ler Karl Marx para se descobrir a «opção pelos pobres». A TL não é uma doutrina ou uma teoria; é uma forma de viver o Evangelho da proximidade e da solidariedade com as pessoas excluídas da sociedade e reduzidas à miséria (...) é indecente condenares publicamente os crentes que consagraram as suas vidas – e somos dezenas de milhares de leigos e leigas, religiosas e religiosos e sacerdotes das quatro partes do mundo – que seguiram este caminho. Ser discípulo de Jesus é imitá-lo, segui-lo, actuar como Ele o fez. Não compreendo a razão que te leva a agires connosco com esse encarniçamento e essa hostilidade.»
Das chaminés do Vaticano sobem ténues fumos de esperança...