Comentário

Conversas de lana-caprina

Pedro Guerreiro
Ainda a procissão vai no adro e já PS e PSD se esforçam por disfarçar a sua empenhada comunhão e irmanada identidade de políticas quanto à União Europeia.
Afirma o PS que do que se trata e é importante debater agora são as «questões europeias», depois de ter negado ao povo português, recorde-se, a realização de um amplo e plural debate e de uma consulta por referendo sobre a proposta de tratado, entretanto baptizada «de Lisboa» - diziam então que era um debate muito «complexo»...
Agora o PS já quer debater as ditas «questões europeias» mas, vade-retro Satanás, encobrindo que as consequências destas estão na causa da cada vez mais difícil situação com que se confronta a esmagadora maioria do povo português e o País.
Face a tanto contorcionismo, parece que o PS afinal pretende é debater o «sexo dos anjos»...
O PSD, depois de igualmente ter rejeitado que o povo português realizasse um amplo e plural debate e uma consulta por referendo sobre a proposta de tratado «de Lisboa», reage «indignadíssimo».
Mas entendamo-nos, para o PSD o que é importante é debater as «questões nacionais», desde que, vade-retro Satanás, se finja que estas não têm nada a ver com as ditas «questões europeias».
Esta «fulgurante» entrada em cena foi igualmente marcada pelas «tricas e laricas» em torno do apoio do PS e PSD a Durão Barroso do PSD. Não vá o diabo tece-las, eis que, como de costume, para baralhar e dar de novo, alguns candidatos do PS dizem que não, mas sim senhor. Moral da história, são todos uns grandes artistas...

Uns e ou­tros...

Afinal, uns e outros têm como objectivo esconder que são o PS e o PSD (sempre com o CDS-PP) os responsáveis por 33 anos de política de direita, relativamente à qual as políticas da CEE/UE foram parte integrante durante os últimos 23 anos.
Uns e outros têm como objectivo escamotear que, ao contrário do que propalaram e propalam, os tratados da CEE/UE, o «mercado único» e a dita «livre concorrência», a União Económica e Monetária, o euro, o Banco Central Europeu e o Pacto de Estabilidade, a dita «Estratégia de Lisboa», os ditos «serviços de interesse geral», a Política Agrícola Comum e a Política Comum de Pescas, não foram «vitórias» para Portugal, mas pelo contrário estão na causa da gravíssima situação da esmagadora maioria dos portugueses e do País.
Uns e outros têm como objectivo encobrir que, durante a presente legislatura do Parlamento Europeu, PS, PSD (e CDS-PP) aprovaram, entre muitos outros exemplos, o tratado «de Lisboa», que aprofunda o federalismo (que o BE apoia, entregando o ouro, isto é, a soberania nacional, ao bandido), o neoliberalismo e o militarismo, os orçamentos comunitários e a redução de 15 por cento das verbas destinadas a Portugal, a aceleração da neoliberal «Estratégia de Lisboa», a «flexigurança», a liberalização dos serviços, dos mercados da electricidade e do gás, do transporte ferroviário, dos serviços postais, a reforma intercalar da PAC, a directiva de «retorno» e do «cartão azul», a rejeição das cláusulas de salvaguarda para o têxtil e vestuário (o BE absteve-se), o subsídio parlamentar único para os deputados no PE (o BE absteve-se).
Políticas e medidas a que PCP e a CDU, obviamente, se opõem, sempre em prol dos interesses dos trabalhadores e do País

A CDU é di­fe­rente!

Temos, desde já, uma exigente tarefa de contacto, de esclarecimento e de mobilização para o voto na CDU nas eleições para o Parlamento Europeu que se realizam a 7 de Junho - eleições onde todos os votos contam para um círculo nacional.
Uma tarefa de convencimento de que a situação não tem que «ir de mal a pior», que para tal é necessário não «virar o disco e tocar o mesmo», tanto mais que a «música» é cada vez mais desafinada. Que «isto assim não vai lá» e é preciso «uma mudança a sério» e que como muito bem se sabe «não são todos iguais», pois a CDU é diferente (e por isso Alegre & Com­pa­nhia se esforçam tanto para evitar o seu crescimento). Que a solução é a CDU e não se pode ficar em casa à espera que outros decidam por nós. Que a CDU «vai lá», se cada um assim decidir.
Uma tarefa de convencimento de que só o voto na CDU é coerente e efectivamente consequente para (re)abrir as portas ao projecto de democracia e de soberania nacional, de emprego e dos direitos dos trabalhadores, de produção nacional e de progresso económico e social, de serviços públicos, de efectivação dos direitos e da igualdade, do ambiente e da salvaguarda dos recursos naturais, da cultura e língua portuguesas, de uma Europa de cooperação entre estados soberanos e iguais em direitos, de paz, de amizade e a solidariedade com todos os povos do mundo. Isto é só o voto na CDU pode dar continuidade ao projecto popular encetado há 35 anos.


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