
- Nº 1843 (2009/03/26)
VI Assembleia da Organização Regional de Coimbra
Enfrentar a ofensiva
PCP
Com cerca de 200 delegados e convidados, a VI Assembleia da Organização Regional de Coimbra do PCP, realizada no sábado, debateu a situação social do distrito e a intervenção do Partido e elegeu a nova Direcção Regional.
As marcas da política de direita no distrito de Coimbra estiveram em debate nos trabalhos da VI Assembleia daquela Organização Regional, realizada no sábado. No documento à discussão, e que seria aprovado por unanimidade, e em várias intervenções, salientava-se a destruição do aparelho produtivo, também naquela região.
Entre 2005 e 2008, ou seja, no período do Governo PS, encerraram muitas empresas industriais em Coimbra, acusaram os comunistas, nomeadamente dos sectores cerâmico e têxtil – encerraram até ao fim do ano passado 12 empresas têxteis, num total de mais de 500 trabalhadores; 9 empresas cerâmicas, com mais de 300 trabalhadores; 2 empresas metalúrgicas ultrapassando 100 trabalhadores e 2 empresas rodoviárias, atingindo mais de 130 trabalhadores. E estes são apenas alguns exemplos...
Outras das realidades do distrito é o favorecimento aos grandes grupos de distribuição. Entre 2005 e 2007, abriram 35 superfícies comerciais. Realidade que contrasta com a falta de apoios ao comércio tradicional e que levou à falência de centenas de pequenas empresas comerciais e ao desemprego de milhares de trabalhadores.
No que respeita ao desemprego, este não parou de aumentar desde 2005. As mulheres e os jovens estão entre os grupos mais afectados.
Também a agricultura tem vindo a sofrer muito com o agravamento da política de direita. Subsistem ainda no distrito cerca de 12 mil agricultores em produções tão importantes como o leite, o arroz, o vinho ou o milho. O aumento – especulativo – do preço dos factores de produção levou à pior crise no sector dos últimos 30 anos – 35 por cento dos produtores de leite do distrito desapareceram nos últimos 8 anos.
Retrocesso e exclusão
Outras das questões em debate foi a quebra do investimento público. A verba atribuída ao distrito, no âmbito do PIDDAC, sofreu uma quebra de 60 por cento nos últimos anos. Esta opção, sustentam os comunistas, tem condicionado o desenvolvimento da região e não tem permitido a realização de obras e infraestruturas essenciais. O PCP tem apresentado várias propostas – como a obra hidrográfica do Mondego ou a beneficiação das redes ferroviária e viária – que são sucessivamente chumbadas por PS, PSD e PP.
Os últimos anos, no distrito de Coimbra, foram também marcados pelo encerramento de urgências hospitalares, de vários serviços de atendimento permanente nos centros de saúde e da Maternidade da Figueira da Foz. Foi também aberta a porta à privatização do Centro Hospitalar de Coimbra e dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
No que respeita à educação, encerraram escolas do 1.º Ciclo do Ensino Básico e jardins de infância. No Ensino Superior, há já propinas de 970 euros e as verbas para a Acção Social Escolar foram reduzidas, estando os apoios sociais a serem progressivamente substituídos por empréstimos bancários. Todos estes são factores explicativos da redução, nos últimos cinco anos, de 3 mil alunos na Universidade de Coimbra e no facto de apenas 4 por cento dos seus alunos serem filhos de operários.
Continuar a crescer
Pela VI Assembleia da Organização Regional de Coimbra do PCP passaram também os avanços alcançados no sentido do reforço da organização e intervenção partidárias. Ao nível da estruturação do Partido, foram criados e consolidados os sectores dos trabalhadores do sector ferroviário e dos metalúrgicos. Foi criado o sector de empresas da Figueira da Foz e eleito um Secretariado no sector dos Motoristas de Mercadorias.
Realizaram assembleias a célula dos Hospitais da Universidade de Coimbra, o Sector dos Professores e a Organização da Administração Pública Central. Avançou-se ainda na transferência de militantes das organizações locais para a organização por local de trabalho, cerca de uma centena, e foram também feitos recrutamentos directamente a partir das empresas.
Também o ciclo eleitoral de 2009 mereceu uma atenção especial dos comunistas de Coimbra. Foi debatida e aprovada por unanimidade uma resolução sobre os actos eleitorais, onde foram definidas as linhas de trabalho para a intervenção do Partido. A valorização da CDU como espaço de participação democrática e o alargamento do seu campo unitário, através da participação de independentes nas suas listas são dois dos objectivos.
Quanto às campanhas, ficou decidido definir uma programação de proximidade e de contacto directo com os trabalhadores e com as camadas que tiveram envolvimento em lutas onde o Partido marcou a sua presença. A identificação da CDU como força que marcou presença em cada luta e na denúncia da política deste Governo, constituirá também um elemento essencial nos três actos eleitorais.
A valorização da acção dos deputados comunistas e das acções desenvolvidas no distrito é um dos objectivos assim como concorrer aos órgãos municipais dos 17 concelhos do distrito e a um número de freguesias não inferior às últimas eleições.
A Direcção da Organização Regional de Coimbra foi eleita por unanimidade. Inclui 40 elementos, dos quais 20 por cento têm até 30 anos e 35 por cento são mulheres. A média de idades é de 45 anos.