UMA MARCHA CARREGADA DE FUTURO

«Re­tomar os ob­jec­tivos li­ber­ta­dores e as con­quistas da re­vo­lução de Abril»

O impacto da poderosa manifestação de dia 13 continua a fazer-se sentir no reforço da confiança e da determinação de luta dos trabalhadores: a palavra de ordem «a luta continua», com todo o seu profundo significado, chega todos os dias a mais trabalhadores que com a sua participação têm vindo a dar mais força à força organizada dos que se batem por uma ruptura com a política de direita.
Agricultores, estudantes e jovens trabalhadores – estes com uma acção nacional convocada para dia 28 – dão sequência imediata à luta e são ponto de passagem para as novas etapas que aí vêm e das quais emergem as comemorações próximas de duas datas que constituem referências fundamentais da luta dos trabalhadores e do povo português: 25 de Abril - de que este ano passa o 35.º aniversário - e o 1.º de Maio, Dia dos Trabalhadores.
Ao mesmo tempo, um pouco por todo o País, as populações organizadas nos seus movimentos de utentes, designadamente na área da saúde, movimentam-se e exigem do Governo o respeito pelos seus direitos.
Isto enquanto, por seu lado, os comunistas intensificam a sua intervenção, através de múltiplas e diversificadas acções, sejam de solidariedade com os trabalhadores da Sorefame e do Arsenal do Alfeite, sejam de apoio às populações da zona raiana ou aos imigrantes. E dão seguimento à aplicação das medidas definidas pelo XVIII Congresso visando o reforço do Partido, entre elas a realização de assembleias das organizações partidárias no âmbito das células de empresa, das freguesias, dos concelhos, dos distritos, das regiões, de que é exemplo a recente Assembleia da Organização Regional de Coimbra – para além das muitas iniciativas inseridas na campanha para o Parlamento Europeu, com a participação da camarada Ilda Figueiredo.
Enfim, uma actividade intensa em todas as áreas da vida nacional que os média dominantes – propriedade do grande capital – silenciam cirurgicamente.

Entretanto, o Governo prossegue a sua política de desastre nacional, numa espiral de demagogia - e de arrogância, sublinhe-se - na qual as pretensas «medidas anti-crise» até agora tomadas, e apresentadas como salvadoras, têm o exclusivo objectivo de continuar a servir os interesses do grande capital e fazer recair as consequências da crise sobre os mesmos de sempre: os que trabalham e vivem do seu trabalho, os que já trabalharam e aos quais são roubadas as reformas e pensões dignas a que têm direito; os que querem entrar no mundo do trabalho e só vêem à sua frente muros e obstáculos.
Na realidade, o que o Governo de José Sócrates está a fazer é a pedir aos mesmos de sempre o que sempre lhes tem exigido: mais e novos sacrifícios. Antes, foi em nome do défice das contas públicas; agora, é em nome da «crise». E do outro lado destes sacrifícios, está a exploração desenfreada e estão os ricos cada vez mais ricos com os milhões e milhões de euros de lucros dos grandes grupos económicos.
Isto é: enquanto o Governo assim governa aplicando a sua política de direita, as consequências nefastas dessa política fazem-se sentir, todos os dias e cada vez mais gravosamente, sobre os trabalhadores, o povo e o País: o desemprego dispara perigosamente, as condições de trabalho e de vida dos trabalhadores agravam-se, as injustiças e desigualdades crescem, milhares de pequenas e médias empresas são empurradas para a ruína…
E o Governo sacode a água do capote em relação às responsabilidades reais que tem na situação existente, remetendo-as para «a crise que veio de fora» - como se a degradada situação económica e social do País não fosse resultante, em primeiro lugar e essencialmente, de trinta e três anos de política de direita praticada ora pelo PSD ora pelo PS (quando necessário com o CDS/PP atrelado) e que, com o Governo José Sócrates/PS atingiu o grau máximo em matéria de submissão ao poder económico e, portanto, de malfeitorias.

É cada vez mais largo na sociedade portuguesa o sentimento de que não há saída para a gravíssima situação existente sem uma ruptura com a política de direita e uma mudança de rumo na vida nacional. O descontentamento cada vez mais generalizado que percorre o País e atinge a imensa maioria dos portugueses, traduz-se de forma crescente em protesto e exigência – como a grandiosa manifestação do dia 13 evidenciou de forma inequívoca.
E é neste contexto que deve ser vista a importante iniciativa anunciada pelo secretário-geral do PCP na segunda-feira passada: a realização de uma Marcha de protesto, ruptura e confiança, a realizar no dia 23 de Maio – uma Marcha que traga à rua o justo descontentamento e a justa indignação de todos os que sentem na pele as consequências da política de direita; uma Marcha que dê força à ideia de que as batalhas eleitorais que aí vêm podem constituir alavancas importantes para a construção da necessária ruptura – bastando para isso a utilização do voto como arma de exigência de mudança na vida política nacional; uma Marcha de esperança e de confiança num futuro melhor e, por isso, aberta a todos os que, muito justamente, reclamam a vida melhor a que têm direito. Uma Marcha carregada de mudança e de futuro – e que, como afirmou o camarada Jerónimo de Sousa, «retome os objectivos libertadores e as conquistas da revolução de Abril vertidos na Constituição da República, que rompa com a subordinação do poder político ao poder económico e construa um tempo novo, de progresso social, de justiça, democracia e liberdade».