
- Nº 1838 (2009/02/19)
Comentário
Um novo tempo!
Europa
Confrontado com a agudização da crise do capitalismo e com a incapacidade do sistema em lhe dar solução, o grande capital lança-se numa autêntica fuga para a frente, em que a sua ofensiva no campo da luta das ideias assume um papel crucial.
De forma sistemática, procuram impedir qualquer interpretação da realidade que leve à tomada de consciência por parte dos trabalhadores e de outras camadas sociais das reais causas da contínua degradação das suas condições de vida e da crise económica.
Até à exaustão, propagam uma amálgama de «causas» e «consequências» sobre a actual situação nacional e mundial, para melhor ocultar as políticas que lhe estão na origem e absolver os seus responsáveis, criando e disseminando a falsa ideia da sua «inevitabilidade».
Insistentemente, escamoteiam as «causas» da crise, que são o capitalismo e as suas relações de produção, procurando ocultar as soluções para esta, necessariamente as políticas que rompem com o capitalismo.
Continuamente, fomentam o medo, a resignação e a inacção, espalhando e vulgarizando o desemprego, a precariedade e as mais brutais violações dos direitos, mas silenciando e escondendo a expressão da indignação, a resistência e a luta dos trabalhadores, em Portugal, na Europa e Mundo.
Incessantemente, forjam uma distorcida, parcelar e fragmentada imagem da realidade, com que intentam promover a interiorização da responsabilização de cada trabalhador pela sua dramática situação - no «salve-se quem puder», perdem todos os trabalhadores... -, desresponsabilizando as políticas que lhe estão na origem.
Constantemente, promovem a desunião e o isolamento de cada trabalhador, para impedir a conjugação das vontades, forças e capacidades, a unidade, a tomada de consciência colectiva que está na base de qualquer acção transformadora.
Desrespeitam e violam as liberdades e a democracia, reprimem, discriminam, silenciam, desinformam, manipulam, mentem, procurando isolar e derrotar os que, colectiva e consequentemente, mobilizam e organizam a resistência e a luta, os que consciencializam a revolta e unem as vontades e esforços para a construção da alternativa.
Querem que cada trabalhador, cada homem, mulher, jovem ou criança, desacredite, perca a confiança e a esperança, primeiro, em si, e depois, nos outros...
Que esperam(os) de nós?
Neste momento, que nos coloca perante grandes exigências, que esperam(os) de nós?
Que estejamos lá, onde há injustiça, com a nossa força organizada, com a nossa palavra de esperança e de verdade, com a perspectiva do caminho que assegura a melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do povo português e a solução dos problemas do País.
Que falemos e escutemos, que conversemos, que quebremos a solidão de todos aqueles e aquelas que só estão à espera de uma oportunidade para se juntar a nós, que aprofundemos a consciência (de classe), a disponibilidade, o empenhamento e a participação na luta por melhores condições de vida, pela liberdade, pela justiça, por uma vida melhor.
A resposta a estes desafios exige o empenhamento de todo o Partido, isto é, de cada um de nós que - consoante as suas oportunidades, audácia e criatividade - tem um papel determinante a desempenhar.
Para tal, contamos com valiosos instrumentos de análise, reflexão e proposta colectiva ao nosso dispor, como a resolução política do XVIII Congresso, os documentos da Conferência Nacional sobre questões económicas e sociais, os recentes comunicados do Comité Central do PCP ou o Avante!.
Sem dúvida, bem o sabemos, enfrentaremos dificuldades, mas nenhuma será inultrapassável. O que nos move é o repúdio pela injustiça e um projecto de construção de uma sociedade que ponha fim à exploração do homem pelo homem. Temos um caminho que é o de Abril e o do socialismo, com um Partido mais forte.
A resolução dos problemas do País só será possível através da defesa do emprego e dos direitos dos trabalhadores; da defesa da produção nacional; do controlo por parte do Estado das principais alavancas do desenvolvimento económico do País; da justa redistribuição da riqueza criada; do respeito das liberdades e da democracia; da afirmação da soberania e independência nacionais.
Como nos cabe, para a construção deste novo tempo para os trabalhadores e povo português, apesar dos perigos, da força mais bruta, da noite que assusta, estamos na luta! Por este novo tempo para os homens, mulheres e crianças do Mundo, apesar dos castigos, de toda fadiga, de toda injustiça, estamos em cena, estamos nas ruas, quebrando as algemas! (1)
(1) "Novo tempo", Ivan Lins
Pedro Guerreiro