Faixa de Gaza

Palestinianos propõem trégua

Uma trégua duradoura na Faixa de Gaza pode vigorar a partir da primeira semana de Fevereiro, anunciaram todas as facções da resistência palestiniana.

O acordo de trégua deverá incluir a abertura das fronteiras

A proposta, elaborada pelo Egipto, foi dada a conhecer, segunda-feira, por Salah Zaïdane, membro do gabinete político da Frente Democrática de Libertação da Palestina e envolveria, para além desta organização e do Estado de Israel, as demais formações políticas da resistência palestiniana; Fatah, Hamas, Jihad Islâmica e Frente Popular de Libertação da Palestina.
«O acordo de trégua deverá, naturalmente, incluir a abertura dos pontos de passagem», precisou Zaïdane, citado pela Lusa, que indicou ainda o dia 5 de Fevereiro como a data proposta para a entrada em vigor do acordo de cessar-fogo.
O responsável da FDLP divulgou também aos órgãos de comunicação social que o projecto egípcio inclui o relançamento do diálogo inter-palestiniano a partir do dia 22 de Fevereiro, cujos principais pontos seriam, esclareceu, a constituição de grupos de trabalho sobre a formação de um governo de unidade nacional, sobre a reformulação das forças de segurança e a preparação de eleições presidenciais e legislativas simultâneas nos territórios palestinianos.

Ameaça à paz

Um dia depois da divulgação da proposta egípcia, no terreno a violência regressou ameaçando a abertura de uma possibilidade de paz. Num ataque que Telavive qualificou de retaliação pela morte de um soldado israelita na fronteira Sul da Faixa de Gaza, um palestiniano foi abatido na localidade de Deir el-Bala. Outros dois populares ficaram gravemente feridos em Khan Younes, em resultado de um bombardeamento, um dos quais, alega Israel, activista do Hamas.
Pouco depois do atentado contra tropas israelitas, no qual morreu o referido soldado e outros três ficaram feridos, o ministro da defesa israelita, Ehud Barak, havia garantido que Israel não deixaria de responder. A questão é que nenhuma das facções da resistência palestiniana reivindicou o ataque, pelo que a «resposta» é mais uma punição cega.

Protesto continua

Entretanto, milhares de pessoas continuam a manifestar-se contra a ofensiva israelita na Faixa de Gaza. Em Carachi, no Paquistão, em Roma, Itália, em Paris, França, em diversas cidades dos EUA e em várias regiões de Espanha os protestos de repúdio à política de Israel face à Palestina e em solidariedade para com o povo palestiniano sucederam-se.
Em Londres, os protestos incluíram a condenação da cadeia de televisão britânica BBC por esta se recusar a emitir um apelo de ajuda humanitária para Gaza subscrito pelo Comité de Urgência para as Catástrofes, estrutura que reúne organizações como a Cruz Vermelha britânica ou a ONG Oxfam. Vários canais privados adoptaram inicialmente a mesma posição, mas apenas a Skynews se manteve ao lado da BBC na recusa.
Mais de 15 mil pessoas e cerca de 60 deputados ingleses subscreveram entretanto um protesto contra a atitude da estação pública. Actores, jornalistas e outros profissionais da estação divergem da opinião da administração e têm-no dito publicamente, alguns ameaçando mesmo não voltar a trabalhar para o canal caso não seja difundido o pedido de donativos. Até figuras eclesiásticas e o ministro do Desenvolvimento Internacional britânico, Douglas Alexander, estranham a decisão.
Não obstante, o director-geral, Mark Thompson, insiste que está a defender a «imparcialidade da BBC» escudando-se na cobertura «objectiva» e «situada no contexto» do conflito em Gaza.

Blindagem «legal»

Diante do crescente repúdio e condenação mundial, o governo de Israel aprovou um projecto de lei que visa garantir ajuda legal aos membros do exército envolvidos na campanha contra a Faixa de Gaza, sobre a qual sobejam acusações de crimes de guerra. «Os comandantes e soldados enviados para Gaza têm que saber que estão a salvo dos distintos tribunais», disse o primeiro-ministro Ehud Olmert referindo-se às prováveis queixas apresentadas a respeito da operação israelita, chamada de «chumbo fundido».
O ministro da Defesa, Barak, qualificou mesmo o exército israelita como o «mais ético do mundo» e rejeitou qualquer violação do Direito Internacional ou qualquer processo interno ou externo nesse sentido.
Contrariamente, médicos egípcios, que estiveram em Gaza durante os bombardeamentos e a ofensiva terrestre que durou 22 dias, revelaram, segunda-feira, em conferência de imprensa a partir do Cairo, nunca terem visto nada parecido em toda a vida. A maioria das vítimas eram civis e entre elas estavam muitas mulheres e crianças sujeitas a um sofrimento atroz, garantiram.
O médico Ibrahim Elgeady denunciou o uso de bombas de fósforo branco, razão pela qual, explicou, surgiam tantos cadáveres completamente calcinados.


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