PORTUGAL TEM FUTURO

«É na luta de massas que se encontra a solução para a grave situação existente»

Na intervenção produzida no sábado passado, no Porto – no comício de lançamento da campanha nacional «sim, é possível uma vida melhor» - o secretário-geral do PCP procedeu a uma profunda e desenvolvida análise sobre a grave situação económica e social do País – e apresentou caminhos para superar essa situação.
Se o ano que passou foi mau para os trabalhadores, o povo e o País, o de 2009 apresenta-se como de agravamento de todos os problemas existentes, o que significa que, para a imensa maioria dos portugueses, as perspectivas são de prosseguimento acentuado da já dramática degradação das suas condições de trabalho e de vida e do avolumar das injustiças sociais.
A crise, cuja existência o Governo de José Sócrates negou insistentemente durante muito tempo – enquanto pedia mais sacrifícios em nome do défice das contas públicas - é utilizada, agora, como argumento para o pedido de mais sacrifícios. Sacrifícios pedidos aos mesmos de sempre: aos trabalhadores, aos reformados e pensionistas, aos micro, pequenos e médios empresários, enfim a todos os que, ao longo dos últimos 32 anos, têm sido, sempre, as principais vítimas da política de direita.
A crise internacional é, agora, apresentada, pelo Governo do PS e pelos seus propagandistas encartados, como a principal, senão a única, responsável pelo agravamento da situação do País. Com isso, procuram esconder que, como sublinhou Jerónimo de Sousa, o agravamento da situação nacional é anterior ao desenvolvimento da actual crise do capitalismo internacional e decorre essencialmente da política do Governo PS; que as causas reais desse agravamento da situação radicam no fracasso da política de direita que há mais de três décadas vem prometendo a resolução de todos os problemas, mas que, como os trabalhadores e o povo sabem e sentem na pele, só os agrava.

Insista-se: a situação a que chegou o País, com a produção nacional em vias de destruição e a braços com o mais longo período recessivo e de estagnação de que há memória, não é consequência apenas da actual crise do capitalismo internacional. Da mesma forma que a dramática situação em matéria de desemprego (com uma das maiores taxas das últimas décadas), de precariedade, de baixos salários, de endividamento das famílias (atingindo os 130% do rendimento disponível), de pobreza e exclusão social, de condições de vida dos trabalhadores e das populações, de desigualdades sociais, enfim a dramática situação social que flagela Portugal e os portugueses, não é consequência da recente crise global do capitalismo.
«Na verdade, a situação difícil que o País enfrenta e que condena os trabalhadores e as outras camadas da população a uma vida cada vez mais difícil é o resultado directo de anos consecutivos de políticas de direita dos governos de maioria PS ou PSD».
Ora, negando as suas responsabilidades e não reconhecendo as causas internas da crise, o Governo de José Sócrates e a sua política confirmam não ter quaisquer condições para dar resposta aos problemas do País.
Daí os esforços de oratória – utilizados por todos os executores dessa política ao longo dos tempos e, agora, com crescente intensidade por parte do Governo de José Sócrates - visando vender a política de direita como a única alternativa, como coisa inevitável decidida sabe-se lá por que sinistros caprichos de quem.
Daí a poderosa ofensiva política e ideológica – profusamente difundida pelos órgãos da comunicação social dominante, concentrados na sua quase totalidade nas mãos do grande capital – que, simultaneamente, procura espalhar a aceitação passiva da situação; o conformismo e a resignação; a inevitabilidade da perda de direitos essenciais e todas as inevitabilidades que servem os interesses do grande capital; que procura espalhar a falsa ideia da inutilidade da luta - crescentemente apresentada como coisa perigosa, antipatriótica, condenável… e, até, passível de condenação.

Face a esta situação, Jerónimo de Sousa acentuou a necessidade imperativa de reafirmar com confiança que os trabalhadores e o povo português não estão condenados à inevitabilidade de serem eternamente vítimas da política de direita; que há políticas e propostas alternativas para combater a crise a promover o desenvolvimento do País – propostas de que o PCP é portador -; que é de facto possível uma vida melhor; que Portugal tem futuro.
E que tais objectivos passam, em primeiro lugar, por uma ruptura com a política de direita, sem dúvida difícil de alcançar, mas sem dúvida possível de alcançar através da luta e do reforço do PCP.
Nunca é demais insistir: é na luta de massas, e na sua intensificação e alargamento, que se encontra a solução para a grave situação existente.
Às importantes lutas travadas pelos trabalhadores e pelas populações nos últimos tempos – grandes, médias e pequenas lutas, mas todas fundamentais enquanto parte maior da resposta necessária – há que dar a continuidade que a grave situação exige.
Daí a enorme relevância da decisão ontem tomada pelo plenário de sindicatos da CGTP de convocar para o dia 13 de Março, em Lisboa, uma grande jornada nacional de luta.
Daí a certeza de que, desde já, os militantes comunistas, em todo o País, tomarão nas suas mãos, a tarefa de dar o seu contributo para que tal jornada se traduza num grande êxito da luta dos trabalhadores – e com a consciência de que tal tarefa integra o objectivo sempre presente de reforço orgânico, interventivo, social e eleitoral do Partido.