
- Nº 1815 (2008/09/11)
Uma vida, uma obra
Festa do Avante!
«Dolorosa, muito bonita mas dolorosa», assim se expressava uma camarada de apoio ao stand onde decorria a exposição dedicada ao professor e artista plástico Rogério Ribeiro, este ano falecido. Emocionado estava também Jerónimo de Sousa, que visitou a exposição acompanhado de José Luís Porfírio, comissário da exposição.
O espaço dedicado a Rogério Ribeiro foi, com toda a justiça, um dos pontos altos do Pavilhão Central: estava ali não apenas a obra internacionalmente reconhecida de um dos mais destacados artistas plásticos do nosso tempo, mas também o percurso de um revolucionário, de um homem que desde sempre dedicou o melhor de si à causa da liberdade e da democracia, à causa do seu povo. De resto, ali se podia ver a ficha da sua prisão pela Pide, em 1958, e o seu primeiro cartão de membro do Partido, onde se inscreveu em 1975 mas com quem há muitos anos tinha contacto.
«Rogério Ribeiro – o artista, o militante, o construtor da Festa» era, aliás, o tema do debate que deveria ter acontecido na sexta-feira à noite, não fora a chuva intensa que caiu. É verdade, a Festa do Avante perdeu este ano um dos seus mais destacados obreiros, a quem deve muitos dos belíssimos painéis que ao longo dos anos exibiu.
O visitante entrava na exposição e tomava contacto com todo o percurso artístico e político de Rogério Ribeiro, podendo ainda ver ali várias maquetas suas, desenhos que antecederam a obra, ilustrações diversas. Passava a seguir para uma sala, cujas paredes estavam cobertas com alguns dos magníficos quadros a que deu corpo.
Era difícil ao visitante escolher entre aquelas obras a melhor, mas com uma certeza ficava: elas só podiam provir de um artista simultaneamente militante! Mas com a mesma certeza ficaria, caso pudesse ter feito a visita ao contrário: só um artista simultaneamente militante poderia ter criado obra tão bela e ligada à vida!
• MF