
- Nº 1814 (2008/09/4)
Furacão e protestos nos EUA
Internacional
A passagem do furacão Gustav pelo Sul dos EUA provocou sete vítimas mortais e deixou sem electricidade 800 mil pessoas. Apesar dos significativos estragos materiais, o pior cenário da passagem do Gustav acabou por não se verificar no Estado do Luisiana, que há três anos foi devastado pelo Katrina, cuja força destrutiva foi bastante superior.
De precaução, cerca de dois milhões de habitantes do Golfo do México abandonaram as suas casa. Em Nova Orleães, centenas de milhar repetiram o êxodo ocorrido em 2005, temendo a cedência dos diques que protegem a cidade.
Antes de chegar aos EUA, o Gustav deixou um rasto de destruição e morte no Caribe. No Haiti, Jamaica e República Dominicana, o furacão com uma intensidade de 4 numa escala de 5 matou pelo menos 90 pessoas.
Pelo contrário, em Cuba, a pronta resposta das autoridades e da população – o país é reconhecidamente um dos mais bem preparados para fazer face a desastres naturais – evitou a ocorrência de vítimas mortais. 250 mil pessoas foram evacuadas das zonas de maior impacto, sobretudo a província de Pinar Del Rio. Os ventos ciclónicos de 340 quilómetros por hora arrancaram culturas inteiras de tabaco, destruíram 86 mil casas e deixaram temporariamente sem electricidade muitas regiões.
Convenção em stand-by
Entretanto, a passagem do Gustav pelo Sul do território norte-americano adiou o início da Convenção Republicana, cuja abertura estava prevista para esta segunda-feira.
Numa operação de charme protagonizada pelo partido responsável pelo desnorte na abordagem ao Katrina, e pela ausência de resposta às graves carências sentidas após a passagem daquele furacão por Nova Orleães, ao palco da Convenção subiram apenas a esposa do actual presidente, Laura Bush, e a aspirante a primeira-dama, Cindy McCain, que apelaram à caridade para com as populações afectadas e, no final, participaram numa oração colectiva.
O arranque do festival de aclamação da candidatura de McCain pelos Republicanos ficou ainda marcado pela gigantesca manifestação na cidade de St. Paul, cuja baixa foi invadida pelos protestos contra a política da Casa Branca.
Na cabeça da marcha, fortemente vigiada por um imenso dispositivo policial – que não se coibiu de realizar várias detenções, lançando sobre os manifestantes a qualificação de «radicais» -, veteranos das guerras do Iraque e Afeganistão, seguidos por veteranos da guerra do Vietname, e milhares de imigrantes, sobretudo de origem hispânica, num repúdio veemente à lei de emigração e ao aumento da exploração dos trabalhadores.