Centenas de pessoas compareceram, segunda-feira, no funeral de Álvaro Rana, militante comunista e fundador da Intersindical, falecido na véspera, aos 75 anos. Entre os presentes, encontrava-se Jerónimo de Sousa e muitos outros dirigentes e militantes do PCP. A CGTP-IN também se fez representar ao mais alto nível, com o seu secretário-geral, Carvalho da Silva, e vários outros dirigentes.
Na ocasião, coube a Américo Nunes, também ele um antigo dirigente da central sindical, realçar a coerência e coragem política e humana de Álvaro Rana. Características que, garantiu, manteve até ao último dia da sua vida.
O secretariado do Comité Central do PCP emitiu uma nota em que realça alguns aspectos da vida de Álvaro Rana. Delegado de propaganda médica, iniciou a sua actividade sindical precisamente como membro da Comissão Representativa dos Profissionais de Propaganda Médica que, entre 1967 e 1969, conduziu a luta que levou à expulsão da comissão administrativa imposta ao sindicato pelo regime fascista.
Em 1970, participou na fundação da Intersindical e, em representação do Sindicato dos Profissionais da Propaganda Médica, integrou o primeiro Secretariado Nacional da Intersindical, eleito em 1973, na clandestinidade. No primeiro congresso legal da central, em Julho de 1975, foi eleito para o Secretariado Nacional. Foi eleito para o Conselho Nacional e a Comissão Executiva da CGTP-IN no 1.º, 2.º, 3.º e 4.º congressos.
Entre as muitas tarefas que assumiu, destaca-se a responsabilidade pelas relações internacionais, pela informação e propaganda e a de delegado titular dos trabalhadores portugueses nas conferências anuais da OIT de 75 a 79.
Álvaro Rana, destaca o Secretariado, foi um activo antifascista, tendo participado na campanha de apoio
às candidaturas de Arlindo Vicente e Humberto Delgado à Presidência da República em 1958, tendo feito parte também das comissões sócio-profissionais que dinamizaram as campanhas da CDE em 1969 e 1973. Foi ainda membro da Presidência do Conselho Português para a Paz e a Cooperação (CPPC) e da Comissão Nacional do Movimento Português contra o Apartheid, Racismo e Colonialismo na África Austral (MPCA).
Militante do PCP desde 1967, foi eleito na Assembleia Municipal de Lisboa de 1983 a 1985 e candidato à Assembleia da República pelo círculo de Lisboa nas eleições legislativas de 1985.