A escassas centenas de metros do Auditório do Parque de Exposições de Braga, dezenas de camaradas, activistas e amigos do Partido davam, na sexta-feira, os últimos retoques na Festa da Alegria. No interior da sala fazia-se silêncio, porque se ia cantar e ouvir o fado.
Em estreia absoluta na cidade, o filme «Fados», realizado pelo cineasta espanhol Carlos Saura, foi visto por mais de uma centena de pessoas. A película, que traça um percurso pela história do fado, sem se assumir como obra total ou final sobre a matéria, conta com as participações de Marisa, Camané, Carlos do Carmo, Chico Buarque, Caetano Veloso e Lila Downs.
«Este é um filme de resistência e resistentes», afirmou o produtor Ivan Dias, lembrando que a película, feita em alta definição, já esteve em vários festivais do mundo, nomeadamente no Rio de Janeiro, Nova Iorque, Toronto e Sidney.
Carlos do Carmo destacou as dificuldades na elaboração do «Fados». «Pela primeira vez na minha vida andei a bater às portas das pessoas a pedir dinheiro», revelou, acentuando, por outro lado, a «polémica» que foi, ser um espanhol, Carlos Saura, «um homem que assina uma obra», a realizar o filme. «Nós temos vários realizadores portugueses, mas alguma vez quiseram fazer alguma coisa sobre o fado?», interrogou.
No final, Carlos do Carmo saudou «todos os meus amigos comunistas e não comunistas que estão na Festa da Alegria, onde já cantei com muito orgulho e muita alegria».