
- Nº 1808 (2008/07/24)
Palco Alegria
Festa da música e dos sentidos
Editorial
Durante os dois dias de Festa da Alegria, milhares de pessoas passaram pelo palco e desfrutaram de um leque de concertos para quase todos os gostos e tendências musicais.
Sábado à tarde, apesar do intenso calor que se fazia sentir levando a maioria dos visitantes da Festa a abrigarem-se nos stands das organizações espalhados pelo recinto, o grupo Cantares da Terra abriu o Palco Alegria com a música tradicional e popular da região minhota.
Mais habituados às tórridas tardes de Verão, Os Alentejanos deram sequência à boa disposição evidenciada pelos bracarenses seguindo-lhes as pisadas e interpretando temas enraizados no cancioneiro do povo e do trabalho do Sul do país. Mas não só. A «Grândola Vila Morena» foi cantada por jovens e menos jovens de diferentes sotaques e proveniências, os quais, logo depois, responderam aos vivas dados ao PCP a partir do Palco.
Até de madrugada
Cai a noite em Braga e com ela retoma-se a animação, desta vez com os Uxu Kalhus, um grupo de fusão que incorpora influências diversas. Um som ritmado, com a vocalista, uma força da natureza, a puxar pelo público, que correspondeu de imediato.
No palco da Festa da Alegria, seguiram-se os Let the Jam Roll. Naturais de Guimarães, esta banda, que começou a sua carreira ali, em Braga, no concurso de bandas da JCP, tem uma filosofia de criação sem barreiras, com uma vasta influência de um pouco de jazz, clássico, blues, funk, rock até aos ritmos afro-cubanos.
Depois desta actuação chegou o momento mais esperado da noite, a actuação dos Blasted Mechanism, um grupo com uma imagem extravagante e uma sonoridade caracterizada pela fusão de músicas do mundo.
Aos poucos, enquanto se preparava o palco, com os instrumentos e adereços da banda, os espaços foram preenchidos. Das potentes colunas do palco saia uma música que não deixava ninguém ficar parado. Para os mais ressequidos era também tempo de ir buscar mais uma bebida, bem fresca, porque o dia e a noite haviam sido dos mais quentes do ano.
«Quando o destino é certo só nos resta aproveitar a viagem», disse, no inicio do espectáculo, o novo vocalista da banda, agrupamento que se define como um projecto de música tocada por seres do outro mundo.
De pés bem assentes no chão, algumas músicas mais tarde, sublinhou ainda que «a crise não é económica», mas sim «ideológica».
Só não valia
Dois dias sem parar
Domingo, a Festa já vai alta quando vindos do espaço do Alentejo caminham em passo lento, entrelaçados, vestidos com a farda de trabalho e os capacetes, os Mineiros de Aljustrel. Até ao Palco, entoam modas que puxam a assistência e arrancam aplausos pelo exemplo de resistência, por sempre terem sabido tomar Partido, mesmo nos tempos mais difíceis e assim continuarem nestes que também não estão para facilidades.
Igualmente vinculados com ao ideal da liberdade, da justiça e do progresso, os Qaudrilha fizeram transpirar de alegria o recinto dos espectáculos que se ia enchendo para o comício. T-shirts no ar, copos na mão, e uma vontade irreprimível de dançar acompanhando o entusiasmo dos ritmos tradicionais portugueses misturados com as influências celtas da banda.
Até breve
A vontade de desfrutar até ao último pedacinho da Festa da Alegria já não engana o cansaço, mas se o quinteto que aparece no palco é da casa, e ainda por cima refresca o início da noite, então apuram-se os sentidos e ficasse mais um pouco para ouvir os peixe:avião. Já agora, e antes de dizer «adeus, até breve» à Festa da Alegria, espreita-se o concerto dos portugueses Kumpania Algazarra, qua sobrevoam a Europa ao ritmo de uma fanfarra e dança-se, salta-se e pula-se que amanhã é outro dia. E de luta, certamente!