No distrito de Santarém
a venda do Avante! não pára de crescer

Construir o Partido, jornal a jornal

Gustavo Carneiro
No distrito de Santarém, a difusão do Avante! não tem parado de aumentar nos últimos anos. Quer em vendas especiais quer na distribuição semanal, o jornal do Partido chega a cada vez mais mãos e há muito ainda por onde crescer.

Com soluções variadas, no distrito de Santarém aumentou-se a venda do Avante!

A venda do Avante! aumentou significativamente no distrito de Santarém nos últimos meses. Quem o diz é Octávio Augusto, da Comissão Política e responsável por aquela organização regional. O aumento do número de exemplares pedidos à editora só não é ainda maior porque antes sobravam muitos jornais em algumas organizações, o que hoje já não acontece.
Se o esforço de ampliar a difusão da imprensa do Partido é comum às várias organizações partidárias do distrito, as formas de o conseguir são diversas.
Vítor Vitória é o responsável pelo Avante! no concelho de Abrantes, onde até há pouco mais de um ano atrás só se vendia um exemplar através da organização do Partido. Entre assinaturas e venda comercial, não passaria muito da meia-dúzia de jornais vendidos no concelho, confia este militante. Hoje, são já mais de quarenta distribuídos semanalmente.
Tudo começou numa reunião da Comissão Concelhia local em que se decidiu a formação de um grupo de trabalho para esta tarefa. Em seguida, começou-se a abordar os militantes do Partido. Segundo Vítor Vitória, «o máximo que nos poderiam dizer era que não».
Foi o próprio organismo dirigente a dar o exemplo. Cada um dos elementos da Comissão Concelhia passou a adquirir dois jornais: um para si próprio e outro para vender. «Assim se deu o primeiro passo. Começámos rapidamente a vender 14», relata Vítor Vitória.

Trabalho colectivo

Para este militante comunista do concelho de Abrantes, é fácil vender o Avante!. Só é preciso haver quem os faça chegar aos leitores. Mas deixa uma ressalva: «não pode depender tudo de uma só pessoa.»
No grupo que integra e pelo qual é responsável, há seis elementos. A qualquer momento, garante, «qualquer um pode substituir os outros». De outra forma, considera ser «arriscado trabalhar».
Normalmente, é Vítor Vitória quem distribui a maioria dos jornais no concelho de Abrantes. Na manhã das quintas-feiras, vai buscá-los e, de imediato, separa os que são para algumas freguesias rurais. Mais tarde, outros camaradas os levarão para o seu destino.
Os restantes, leva-os para as freguesias da cidade, para serem distribuídos. Mas não sem antes ser feita uma «distribuição racional» dos jornais entre os vários elementos do grupo.
Apesar das dificuldades - «Abrantes tem mais colinas do que Lisboa e, por vezes, entre um leitor e outro há quilómetros de distância» -, o Avante! é actualmente vendido em todas as freguesias da cidade e em algumas das freguesias rurais.

Continuar a melhorar

«Estamos a pensar em alargar, mas estes passos têm que ser dados com os pés bem assentes no chão», afirma Vítor Vitória. Numa outra freguesia rural do concelho, onde ainda não chega nenhum Avante!, há já leitores prometidos. «Temos é que arranjar quem os leve para lá todas as semanas, e não pode ser só um a ficar com essa responsabilidade.»
Em Abrantes, o maior problema é o da cobrança dos jornais. À hora da distribuição, a maioria dos compradores está a trabalhar e o Avante! é deixado na caixa do correio. «Quando encontro os camaradas, pagam-me tudo junto», conta Vítor Vitória.
Apesar de ser esta a prática corrente no concelho, para este comunista «isto não é um bom trabalho». O ideal seria entregar o Avante! à hora em que as pessoas estão em casa, o que facilitaria a cobrança e permitiria outros contactos partidários. Mas ainda não foi possível dar esse passo, que continua no horizonte dos distribuidores do Avante! em Abrantes.

A pé ou na carrinha dos bolos

Manuel Eliseu é já um veterano vendedor do Avante! no concelho de Santarém. E é, ainda hoje, o principal distribuidor do jornal nas freguesias da cidade. As quintas-feiras, passa-as todas na rua, entre as oito e meia da manhã e as nove da noite, a entregar os 44 jornais que vende semanalmente. «Não conduzo e distribuo o Avante! a pé. Não sei quantos quilómetros ando, mas são muitos.»
Dos jornais que entrega, a maioria são para leitores da cidade. Mas sabe de casos em que os leitores trabalham em Santarém mas vivem nas freguesias rurais ou mesmo fora do concelho.
Militante do Partido desde 1981, Eliseu só começou a ler o Avante! nove anos depois. Foi nesse ano que finalmente encontrou uma lupa a que se adaptou e que lhe permitiu contornar o grave problema de visão com que nasceu.
Uma vez leitor do jornal, começou também a trazer mais um para uma vizinha. «E fui sempre fazendo mais um esforço para ir arranjando mais leitores», confessa.
O grande passo foi dado em 1996, quando passou a integrar a Comissão Concelhia de Santarém do PCP. A integração no trabalho mais geral do Partido impulsionou-o a «puxar ainda mais pela venda do Avante!».
Neste trabalho, Eliseu não está sozinho. Na cidade de Santarém, há mais três distribuidores do Avante!. A algumas freguesias rurais, o jornal chega regularmente. Mas há ainda muito para fazer, confessa: «as coisas não estão ainda muito bem estruturadas.» Sobretudo nas freguesias rurais, confia, a margem de progressão é bastante grande.

Doces e letras

Ao contrário de Eliseu, Hilário Nobre está ainda «muito verdinho» nestas andanças de vendedor do Avante!. Apesar de ser oriundo de uma família de tradições comunistas, só aderiu ao Partido em 2006, após alguns anos de reflexão política o irem aproximando das posições do PCP. Após entrar no Partido, continuou a comprar o Avante!, mas apenas para si próprio: «Ao princípio, lia-o um pouco envergonhado, como se calhar acontece a mais gente.»
A sua entrada para o Partido fez despertar militâncias há muito adormecidas: «quando os meus familiares souberam que me tinha inscrito no Partido, ficaram também mais activos. Comecei por lhes fazer a actualização da ficha e depois a levar-lhes o Avante!.» Assim começava a sua actividade de distribuidor da imprensa do Partido.
Vendedor de bolos, Hilário Nobre aproveita as voltas que a sua profissão o obriga a dar ao concelho para entregar, todas as semanas, os 18 jornais que vende actualmente. A estes junta, de dois em dois meses, 17 exemplares de O Militante.
Dos destinatários da imprensa do Partido, quatro eram já leitores do jornal. Mas, devido às distâncias, passou a ser ele e não Eliseu a fazer as entregas. Todos os outros são novos leitores.
Não raras vezes, confessa, jornais e bolos têm destinos bem diferentes, o que o leva a percorrer percursos maiores. Por mês, são «centenas de quilómetros» palmilhados. Para além dos que entrega na cidade, faz chegar o Avante! e O Militante a leitores das freguesias de Almoster, Alcanede e Tremês.
Não só de jornais e revistas se faz a militância de Manuel Eliseu e Hilário Nobre. Ambos aproveitam os contactos com os compradores do Avante! para cobrar quotas e entregar a mais variada propaganda do Partido.

Em Benfica do Ribatejo
Imaginação e amizade

Benfica do Ribatejo é a mais pequena freguesia do concelho de Almeirim. E é nesta localidade que Joaquim Evaristo da Silva entrega todas as semanas, desde há três anos, o Avante!. Quando começou a distribuir o jornal, foram-lhe confiados 20 exemplares. Actualmente, vai em 30.
Destes, só 16 são entregues a «clientes» fixos. Os restantes vão alternando: de quinze em quinze dias ou de mês a mês, entrega os jornais a determinados camaradas ou amigos. «Os salários e as reformas são de miséria e há camaradas que não conseguem comprar sempre», explica. Receba quem receber, distribui sempre os 30.
«Tenho os jornais divididos em duas partes e depois não custa nada. Em duas horas vendo tudo.»
Não só os militantes do Partido recebem o Avante!. Entre os leitores eventuais, há gente sem partido e mesmo de outros partidos. Também nos cafés são, por vezes, deixados alguns jornais. A «fórmula» é simples: «Tenho amizade a toda a gente da minha terra e todos me têm amizade a mim.»
Joaquim Evaristo só lamenta que ainda não tenha sido possível encontrar ninguém com quem partilhar a tarefa. Se só vai à localidade de Foros de Almeirim uma vez por mês levar os jornais, revela, é porque está sozinho. Algo que a estrutura local do Partido terá de resolver.


Vendas especiais provam-no
Há muito por onde crescer!

Não só na venda regular o Avante! cresceu no distrito de Santarém. Também nas vendas especiais este crescimento se verifica. Como revelou Octávio Augusto, da Comissão Política, o mínimo que acontece nas vendas especiais é as vendas duplicarem. Na edição especial sobre as alterações ao Código de Trabalho, as vendas cresceram uma vez e meia.
No distrito, há mais vendas especiais do que aquelas que se promovem a nível central. Regularmente, a Direcção da Organização Regional de Santarém do PCP decide realizar estas acções. Os resultados não podiam ser mais animadores.
Na Compal, uma das grandes empresas do distrito, «passou-se de se estar ali uma hora para vender 10 ou 15 jornais para vender 30 ou 40 num quarto de hora», afirma Octávio Augusto. A familiaridade que se criou com os trabalhadores é decisiva para estes resultados.
No mercado de Alpiarça, por exemplo, em pouco mais de vinte minutos são vendidos cinquenta exemplares do jornal, acrescenta o membro da Comissão Política. Estas não são vendas semanais, mas «vamos lá bastantes vezes». Em Abrantes, conta Vítor Vitória, «nunca se vendeu menos de 100 Avantes a mais do que o normal nessas vendas especiais». As empresas Robert Bosch e Mitsubishi e as escolas são os locais preferenciais.
Já no concelho de Santarém, onde a venda regular é bastante positiva, a experiência das vendas especiais não o é assim tanto. Segundo Manuel Eliseu, «tudo assenta na venda directa e pouco na rua». «Ainda não conseguimos encontrar um sítio onde se venda assim tanto», justificou.

Uma arma dos trabalhadores

A chuva não impediu Vítor Vitória, Augusto Sousa e Nascimento Cardoso de passarem a tarde de quinta-feira, 15 de Maio, a vender o Avante! junto ao portão da Robert Bosch, no concelho de Abrantes. Já na véspera lá tinham estado, a distribuir uma tarjeta a anunciar a sua presença no dia seguinte.
Segundo conta Vítor Vitória, quando começaram a ir vender o Avante! para a porta da empresa, muitos trabalhadores diziam que não levavam dinheiro para o trabalho e que por isso não compravam. Daí até passarem a anunciar previamente a venda especial foi um passo.
E os resultados são visíveis. Apesar da forte chuva que caía, muitos trabalhadores, ao verem os três militantes comunistas já seus conhecidos, preparavam o dinheiro para adquirir o jornal. A maioria compra apenas à saída, para não serem vistos na fábrica com o jornal, mas também há os que compram logo à entrada. «Nunca vendemos menos de trinta jornais nesta empresa», assegurou Vítor Vitória.
Quando a venda especial se justifica por um tema central, como foi o caso do Avante! sobre o Código do Trabalho, a tarjeta levanta um pouco o pano sobre o tema. Não era este o caso e no folheto distribuído realçava-se que «nas páginas do Avante! os trabalhadores e as suas organizações estão primeiro». «Se a luta de classes também se trava na comunicação social, os trabalhadores têm no Avante! uma arma para essa luta.»


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