
- Nº 1799 (2008/05/21)
CGTP-IN comenta dados do INE
Desemprego elevado
Trabalhadores
A taxa de desemprego baixou menos de um por cento à custa da criação de mais emprego precário, mantendo-se elevada e num contexto que não dá tranquilidade aos trabalhadores.
Comentando os dados do Inquérito ao Emprego, relativos ao primeiro trimestre de 2008 e divulgados na semana passada pelo Instituto Nacional de Estatística, a CGTP-IN considerou que «estes resultados são pouco significativos, uma vez que o desemprego se mantém num nível muito elevado, afectando, segundo o INE, 427 mil pessoas», sendo que «não estão aqui contabilizados os desempregados desencorajados ou aqueles que, estando disponíveis para trabalhar, não procuram emprego por considerarem que não vão encontrar».
A taxa oficial de desemprego situou-se nos 7,6 por cento, no primeiro trimestre deste ano, menos 0,8 por cento do que no mesmo trimestre de 2007. Por comparação com o trimestre anterior (último de 2007), o indicador revela uma queda de 0,2 por cento (foi de 7,8 por cento). O emprego aumentou 1,1 por cento, comparado com o trimestre homólogo de 2007, e subiu 0,1 por cento, relativamente ao último trimestre de 2007.
A CGTP-IN afirma que «esta descida do desemprego está associada à criação de mais emprego precário e mal pago», pois «os trabalhadores com contratos não permanentes são já mais de 900 mil (na sua maioria jovens), correspondendo a 23 por cento dos assalariados». Ainda há que contar «os falsos trabalhadores independentes, que serão seguramente umas dezenas de milhar». Por outro lado, nota a central, diminuiu o número de trabalhadores com contratos sem termo (permanente), que são menos 23 mil que no mesmo trimestre de 2007.
Avisando que «a diminuição do emprego, nomeadamente no sector da Indústria, recoloca a necessidade da implementação de políticas que dinamizem e impulsionem o sector produtivo, enquanto área estruturante para o desenvolvimento do País», a Intersindical Nacional ressalva que «o forte abrandamento da economia portuguesa no primeiro trimestre, que obrigou o Governo a rever em baixa as suas perspectivas de crescimento para 2008 (de 2,2 para 1,5 por cento), não garante a sustentabilidade da desejável e indispensável descida do desemprego nos próximos tempos».
Perante «uma elevada rotatividade entre a precariedade e o desemprego», os dados do INE «não só não são susceptíveis de tranquilizar os portugueses, como confirmam a necessidade de se alterar rapidamente o modelo de desenvolvimento, assente na exploração de emprego precário, com baixos salários e, em muitos casos, pouco qualificado».
Emigração
Os níveis muito elevados do desemprego no Alentejo voltam a colocar a emigração como a única solução para muitos trabalhadores, alertou a estrutura inter-regional da CGTP-IN, que realizou no dia 15 um plenário, em Évora, reunindo dirigentes e delegados sindicais e membros de CTs dos distritos de Beja, Évora e Portalegre. «Numa região onde o desemprego se mantém muito elevado e onde emigrar voltou a ser a única solução para muitos trabalhadores, é impossível aceitar que se persista em retirar serviços e em lançar os funcionários públicos nos caminhos do desemprego», refere-se num comunicado, emitido sexta-feira e citado pela Agência Lusa.