- Nº 1798 (2008/05/15)

CNA exige mais apoios na produção

Nacional

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) defendeu, na passada semana, a travagem da «corrida especulativa» aos agro-combustíveis, dando-se «toda a prioridade» à produção de cereais para consumo humano e animal.
Em comunicado, a CNA reclama «outras e melhores políticas agrícolas e de mercados» e sustenta que «os agricultores também são vítimas» da «especulação que campeia nos mercados internacionais».
«Enquanto não são divulgadas as causas mais profundas das subidas de preços - incluindo dos preços no consumo - a opinião pública está a ser manipulada para acreditar que os agricultores é que são quem mais ganha com a situação. Ora, não é nada disso que realmente se está a passar», sustenta a CNA.
Segundo a confederação, «durante quinze anos seguidos foram drásticas as baixas dos preços dos cereais na produção e, ultimamente, assiste-se a uma recuperação, mas apenas relativa, dos preços na produção».
Por outro lado, «aumentaram para o dobro e mais os preços da maioria dos factores de produção».
Para inverter «estas nefastas tendências», a CNA defende ajudas ligadas ao máximo à produção, embora moduladas (reduzidas por escalões) e «plafonadas» (com tectos ou limites máximos por agricultor).
Além da travagem da «corrida especulativa aos agro-combustíveis» e do combate à especulação com os preços no consumo, a CNA preconiza ainda um «grande aumento» da área plantada, com ajudas, de proteaginosas e cereais (não transgénicos) na Europa e em Portugal.
Aponta também a necessidade de serem dados «apoios públicos significativos aos mercados locais e regionais» e de a agricultura e a alimentação saírem da Organização Mundial do Comércio (OMC).
Na nota divulgada aos jornalistas, a CNA refere que há algum tempo que se regista «forte especulação com os preços de referência» nos mercados internacionais de produtos como o milho, o trigo, a soja, o arroz, situação que dá pretexto aos aumentos do preço do pão, do leite, das farinhas, do arroz, e aos aumentos dos preços das rações para o gado.
«A forte especulação financeira está pois em força no "negócio agrícola" onde exerce a sua acção muito especialmente através da Bolsa de Chicago e de certos trâmites da OMC. Só por si, esta especulação provoca instabilidade e subverte qualquer relação mais objectiva entre o justo valor da mercadoria - cereais e proteaginosas - e o respectivo preço de referência nos mercados internacionais mais concorridos», adianta a confederação.
Por outro lado, assiste-se «a uma corrida especulativa para a utilização do milho e de algumas oleaginosas no fabrico dos agro-combustíveis».
Segundo a CNA, «no contexto europeu, ainda pesa negativamente o chamado Acordo de Blair-House, celebrado entre a UE e os EUA em 1994», que deixou a América «numa posição extremamente vantajosa na produção e no comércio da proteína vegetal para os concentrados de rações».