A condenação dos objectivos e das propostas que surgem no processo de revisão do Código do Trabalho, desencadeado pelo Governo, sobressaiu no debate que teve lugar anteontem à tarde, no centro de trabalho Vitória, em Lisboa, em cujo encerramento interveio o secretário-geral do Partido. A iniciativa reuniu uma centena de participantes e, antes de Jerónimo de Sousa, intervieram dezena e meia de camaradas.
«É no quadro de um país, como é o caso de Portugal onde, de facto, nestes últimos anos a precariedade se tornou uma praga social e onde os 10 por cento mais ricos dispõem de 29,8 por cento do rendimento nacional, enquanto os outros, os 10 por cento mais pobres, apenas dispõem de dois por cento do rendimento, que um governo, que se auto-proclama de esquerda e socialista, se apresenta a promover e defender uma maior desregulamentação do mercado de trabalho, que se sabe significará o aprofundamento desta inaceitável desigualdade e uma maior degradação da situação laboral de milhões de portugueses», assinalou o dirigente comunista, que apontou a contradição desta prática do Governo com o compromisso assumido pelo PS e por José Sócrates há três anos, «quando se tratou de garantir os votos para a sua maioria absoluta».