
- Nº 1784 (2008/02/7)
Muitas razões para lutar e para a afirmação comunista
Opinião
Dados oficiais mostram que no Algarve, o ganho médio mensal é inferior à média nacional em cerca de 12,6 por cento. Com efeito, em fins de Outubro de 2005 (já lá vão 14 meses) o ganho médio mensal nacional era de 907,24 euros enquanto que na região era de 793,37 euros.
Nesses dados confirma-se que, ao nível da região, só o concelho de Faro está, por uns escassos 11,74 euros, acima da média nacional. Todos os restantes concelhos estão abaixo, com destaque para Monchique, cuja média é 598,69 euros, ou seja, uma diferença para menos de 320 euros mensais.
No que respeita às diferenças salariais entre homens e entre mulheres, relativamente às respectivas médias nacionais, verifica-se que é maior a diferença nos homens (13,2 por cento) do que nas mulheres (9,9 por cento). No plano regional, tanto nos homens como nas mulheres, verifica-se que é no concelho de Faro que reside o salário mais alto, enquanto o mais baixo se situa em Monchique, podendo dizer-se que o ganho médio dos homens no concelho de Faro supera em cerca de 44 por cento o ganho médio das mulheres no concelho de Monchique, traduzindo-se essa diferença em 445 euros, o que mostra bem as assimetrias sociais na região.
No sector secundário (indústrias extractivas, transformadoras, construção e energia) o ganho médio mensal na região é inferior à média nacional em cerca de 8,3 por cento, com os salários mais baixos em Alcoutim. No sector terciário, a região está 16,5 por cento abaixo da média nacional.
Os dados oficiais põem em evidência todo um outro vasto conjunto de elementos, dos quais se destacam:
Primeiro, quanto mais pequena é a dimensão da empresa mais baixos são os salários. Só a partir das empresas com mais de 50 trabalhadores é superada a média salarial. Mas este é um dado que para a região pouco pesa, já que 88 por cento das empresas têm entre 1 a 9 trabalhadores. O segundo, quanto menor for a antiguidade do trabalhador na empresa mais baixo é o salário. Assim, para os trabalhadores com menos de 1 ano de antiguidade o salário é inferior em 22 por cento relativamente à média nacional. Com 1 a 4 anos essa diferença é de 11 por cento. Mas como no Algarve 37 por cento das empresas têm menos de 5 anos de vida, percebe-se melhor as consequências dessa dinâmica, em muitos casos não inocente, sobre os trabalhadores.
É esta e não outra a realidade dos trabalhadores algarvios. E é esta a realidade que importa transformar, como condição para um real desenvolvimento regional e nacional. É a consciência desta situação que o poder dominante no País, e na região, tudo faz para que não se saiba, para que não alargue a consciência e a exigência de mudança de política, não vá o rio transbordar as margens que o comprimem.
Reforçar o Partido para melhor intervir
Neste enquadramento, melhor se entende o conjunto de medidas que têm vindo a ser tomadas de empobrecimento da democracia e da liberdade, inseridas numa lógica de aumento dos níveis de exploração, e de procura de mecanismos de contenção do protesto e do descontentamento, correspondente à natureza do capitalismo.
Mas também pleno sentido assume o papel insubstituível do Partido na dinamização da luta e da resistência a esta política antipopular e antinacional; pleno sentido assume a importância do reforço da organização partidária, com particular relevância o que diz respeito à intervenção nas empresas e locais de trabalho; pleno sentido assume a decisão de convocação da Marcha «Liberdade Democracia», momento inequívoco para dizer Basta! de abusos e ilegítimas exigências e forte afirmação quanto ao cumprimento do projecto de democracia política, económica, social e cultural que a Constituição da República consagra.
As exigências do ano que temos pela frente, no quadro da necessária resposta política a esta desastrosa política, conduzem à necessidade de um maior envolvimento e participação partidária, na exaltante tarefa que constitui a luta por uma sociedade sem exploradores nem explorados.
A recente venda do Avante! especial sobre as alterações ao Código de Trabalho mostrou, mais uma vez, não só as amplas possibilidades para o alargamento regular da venda da imprensa do Partido, mas também as enormes possibilidades de trazer mais e mais gente ao Partido. A Marcha «Liberdade Democracia» é um bom momento para falar com muitas pessoas para que se juntem a nós num Basta! de atropelos contra a democracia e as liberdades e na exigência de uma outra política.
Rui Fernandes