Continuar a enraizar o Partido junto dos trabalhadores
Em conversa com o Avante!, Francisco Lopes destacou os avanços na organização do Partido junto dos trabalhadores no ano de 2007, que são para prosseguir nos próximos anos.
Os avanços verificados parecem ter sido por fases. Por exemplo, em 2006, avançou o recrutamento enquanto que a organização por empresa e local de trabalho nem por isso. Já em 2007, avançou-se muito nesta área…
Há aqui um processo que decorre da resposta do Partido no seu todo. Mas também de prioridades, de medidas que são tomadas, no acento nesta ou naquela direcção de trabalho.
É verdade o que dizes: nestes anos desde o XVII Congresso têm sido marcados por níveis elevadíssimos de adesões ao Partido, as maiores das últimas décadas, sem contar com as adesões à JCP, o que não deixa de ser um elemento muito significativo. Como não o deixa de ser que no ano de 2006, consagrado pelo Comité Central como o ano de reforço do Partido, se tenham realizado mais assembleias das organizações do que em qualquer outro ano. Ou que se tenham verificado avanços enormes ao nível da responsabilização de quadros, mais de 1400…
Esse foi, portanto, um ano de grandes avanços em algumas vertentes essenciais relativas ao reforço do Partido. Quanto às empresas e locais de trabalho, já não se avançou tanto…
Mas isso mudou em 2007. A que se deve essa mudança?
O nosso Partido tem uma natureza de classe – é o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores e, ao mesmo tempo, aquele que melhor defende os interesses de todas as classes e camadas antimonopolistas. E isto exige que o Partido esteja organizado e enraizado, em primeiro lugar, nas empresas e nos locais de trabalho.
E está mais organizado e enraizado?
Conseguiu-se inverter uma tendência que existia de diminuição do número de camaradas organizados por empresa e local de trabalho. E conseguiu-se com a transferência, ligação ou recrutamento de mais de mil camaradas.
É claro que não temos mais mil novos militantes organizados, porque entretanto houve os que se reformaram, os que saíram das empresas e ainda células que foram extintas devido ao encerramento das empresas. O saldo positivo é menor, atingindo várias centenas, o que é significativo.
É uma tarefa muito difícil e que tem que ser concretizada com grande determinação e persistência. É isso que temos feito e que vamos continuar a fazer.
Como foi possível este salto tão largo de um ano para o outro?
Graças a uma série de factores. A campanha de esclarecimento de situações dos membros do Partido, por exemplo, permitiu saber onde trabalham muitos militantes do Partido.
Mas teve também a ver com a estruturação das organizações concelhias e regionais. Havia membros do Partido que não estavam inseridos em organizações por empresa e local de trabalho. Ao serem criadas células e sectores profissionais, muitos passaram a estar organizados a partir daí.
Mas tem ainda a ver com o elevado número de camaradas recrutados e que foram organizados directamente a partir do seu local de trabalho ou sector profissional. É um trabalho que tem que ser prosseguido em 2008 e nos anos seguintes como um elemento fundamental para o Partido e para os trabalhadores portugueses, para a afirmação dos seus interesses e defesa dos seus direitos.
Estruturar, organizar, intervir
Responder aos anseios e preocupações das populações
Para além do reforço da organização nas empresas e locais de trabalho, o Comité Central definiu como objectivo o fortalecimento da base do Partido. Qual a importância disto?
Neste conjunto de medidas estão presentes várias perspectivas, que se integram. Uma que passa pelo reforço do trabalho de direcção, pela responsabilização e formação de quadros, pelo funcionamento colectivo – o mais regular, profundo e participado possível – no quadro dos nossos objectivos, projecto e princípios de funcionamento. Mas tudo isto não se faz para o Partido funcionar fechado sobre si próprio. Pelo contrário, faz-se para aumentar a sua capacidade de influência e intervenção junto das massas, respondendo àquilo que são as suas preocupações e anseios e contribuindo para a sua organização e luta.
Daí a resolução do Comité Central realçar a importância de ligação do Partido às massas…
Sim, por todas as vias em que isto se processe, seja através da acção directa das organizações do Partido ou da intervenção dos comunistas nos movimentos de massas, seja ainda através do trabalho de imprensa, de informação e propaganda, da acção institucional, do trabalho político unitário.
A estas duas perspectivas associa-se claramente uma outra: a importância de uma maior estruturação da base do Partido. Procuramos a redefinição das organizações de base em geral, de maneira a que tenham a dimensão indispensável para o seu funcionamento efectivo, não apenas em relação ao número de membros do Partido mas também ao número de membros do Partido que participam, associado à existência de quadros que contribuam para dinamizar o trabalho colectivo das organizações.
Trabalho colectivo que significa reuniões, discussão interna, mas sobretudo intervenção para fora em relação aos problemas que estão colocados, reafirmando a perspectiva e o projecto do Partido.
Podemos dizer que a estruturação do Partido e o reforço e dinamização das organizações de base, com a criação de mais células e dinamização daquelas que existem, é um elemento essencial das orientações que estão propostas.
A ligação às massas é uma insuficiência do Partido?
Insuficiências, temo-las em todas as áreas, na medida em que podemos ir sempre mais longe. Mas não creio que seja tanto um atraso. Corresponde, sim, ao entendimento de que se trata de uma área essencial.
Tem que ser visto em todas as organizações partidárias e a todos os níveis, como estamos a trabalhar e como vamos desenvolver o nosso trabalho para aumentar a ligação, a influência de massas do Partido.
Congresso é um estímulo ao fortalecimento da organização partidária
2008 é ano de Congresso e as metas para o reforço do Partido são ambiciosas. Poderá a realização do Congresso potenciar o cumprimento destes objectivos?
O XVIII Congresso, como todos até hoje, vai ser um congresso muito importante. Para o Partido e, consequentemente, para os trabalhadores, a juventude, o povo e o País. A sua preparação tem um conjunto de exigências relativamente à elaboração da orientação política e às questões de direcção.
Para nós, o Congresso não é o momento em que se realiza, naqueles três dias. É um processo que se iniciou no momento em que o Comité Central decidiu a sua data.
Este será, ao mesmo tempo, um congresso preparado com o Partido a intervir no desenvolvimento da acção de massas, contra a ofensiva em curso, na exigência de avanços ao nível dos direitos, na afirmação política das propostas e projecto do Partido e, também, com um estímulo ao reforço da organização partidária. O conteúdo da resolução do Comité Central de Dezembro sobre a organização partidária é uma componente importante da preparação do Congresso.
As leis dos partidos e do financiamento dos partidos destinam-se fundamentalmente a atingir o PCP. No último congresso, o Partido acabou por aceitar algumas imposições destas leis, reservando porém a sua posição futura. Que se pode esperar do futuro?
Uma das características da política que está a ser seguida pelo Governo do PS, em sintonia com o PSD e o PP, com os grupos económicos e o Presidente da República, é uma linha de agravamento da exploração e das injustiças sociais, com os lucros a aumentarem e a generalidade da população a viver cada vez pior.
Este rumo, esta matriz de classe, surgem associadas a uma linha claramente antidemocrática, em que o Governo procura limitar a capacidade de reacção à sua política. E procura atingir a força mais consequente, o PCP. A lei dos Partidos, que vem de trás, tem este objectivo, e atinge o próprio quadro de liberdade de organização política.
Neste momento, desenvolve-se, a pretexto das contas dos partidos, uma linha de ataque, intromissão e difamação que ficou evidenciada quanto da Festa do Avante! de 2007 e temos a solicitação do Tribunal Constitucional para a aferição do número mínimo de membros dos partidos.
Qual a resposta do Partido?
Em cada fase, o Partido dará a resposta que considerar mais adequada. E, nesta questão concreta, o Secretariado do Comité Central fez uma declaração em como o Partido tem mais de cinco mil militantes, como é público e notório. E uma coisa é clara: em nenhum caso estaremos disponíveis para aceitar comprometer o princípio do direito que cada um tem de dar ou não a conhecer a sua filiação partidária.
Não ficaremos por aqui, a batalha pela defesa da liberdade e da democracia, que tem várias frentes, e é indissociável da luta contra o agravamento da exploração, terá novas e fortes expressões em 2008.
Quando falamos do reforço do Partido, queremos criar condições para um PCP mais forte e em condições de cumprir o seu papel insubstituível, por mais difíceis que sejam as condições em que tenha que actuar.
É com esta determinação, com a força e inspiração do ideal e do projecto comunistas, alicerçado no enraizamento na classe operária, nos trabalhadores, na juventude e no povo, que entramos neste ano de 2008, que lutamos, resistimos e avançamos.
Há aqui um processo que decorre da resposta do Partido no seu todo. Mas também de prioridades, de medidas que são tomadas, no acento nesta ou naquela direcção de trabalho.
É verdade o que dizes: nestes anos desde o XVII Congresso têm sido marcados por níveis elevadíssimos de adesões ao Partido, as maiores das últimas décadas, sem contar com as adesões à JCP, o que não deixa de ser um elemento muito significativo. Como não o deixa de ser que no ano de 2006, consagrado pelo Comité Central como o ano de reforço do Partido, se tenham realizado mais assembleias das organizações do que em qualquer outro ano. Ou que se tenham verificado avanços enormes ao nível da responsabilização de quadros, mais de 1400…
Esse foi, portanto, um ano de grandes avanços em algumas vertentes essenciais relativas ao reforço do Partido. Quanto às empresas e locais de trabalho, já não se avançou tanto…
Mas isso mudou em 2007. A que se deve essa mudança?
O nosso Partido tem uma natureza de classe – é o Partido da classe operária e de todos os trabalhadores e, ao mesmo tempo, aquele que melhor defende os interesses de todas as classes e camadas antimonopolistas. E isto exige que o Partido esteja organizado e enraizado, em primeiro lugar, nas empresas e nos locais de trabalho.
E está mais organizado e enraizado?
Conseguiu-se inverter uma tendência que existia de diminuição do número de camaradas organizados por empresa e local de trabalho. E conseguiu-se com a transferência, ligação ou recrutamento de mais de mil camaradas.
É claro que não temos mais mil novos militantes organizados, porque entretanto houve os que se reformaram, os que saíram das empresas e ainda células que foram extintas devido ao encerramento das empresas. O saldo positivo é menor, atingindo várias centenas, o que é significativo.
É uma tarefa muito difícil e que tem que ser concretizada com grande determinação e persistência. É isso que temos feito e que vamos continuar a fazer.
Como foi possível este salto tão largo de um ano para o outro?
Graças a uma série de factores. A campanha de esclarecimento de situações dos membros do Partido, por exemplo, permitiu saber onde trabalham muitos militantes do Partido.
Mas teve também a ver com a estruturação das organizações concelhias e regionais. Havia membros do Partido que não estavam inseridos em organizações por empresa e local de trabalho. Ao serem criadas células e sectores profissionais, muitos passaram a estar organizados a partir daí.
Mas tem ainda a ver com o elevado número de camaradas recrutados e que foram organizados directamente a partir do seu local de trabalho ou sector profissional. É um trabalho que tem que ser prosseguido em 2008 e nos anos seguintes como um elemento fundamental para o Partido e para os trabalhadores portugueses, para a afirmação dos seus interesses e defesa dos seus direitos.
Estruturar, organizar, intervir
Responder aos anseios e preocupações das populações
Para além do reforço da organização nas empresas e locais de trabalho, o Comité Central definiu como objectivo o fortalecimento da base do Partido. Qual a importância disto?
Neste conjunto de medidas estão presentes várias perspectivas, que se integram. Uma que passa pelo reforço do trabalho de direcção, pela responsabilização e formação de quadros, pelo funcionamento colectivo – o mais regular, profundo e participado possível – no quadro dos nossos objectivos, projecto e princípios de funcionamento. Mas tudo isto não se faz para o Partido funcionar fechado sobre si próprio. Pelo contrário, faz-se para aumentar a sua capacidade de influência e intervenção junto das massas, respondendo àquilo que são as suas preocupações e anseios e contribuindo para a sua organização e luta.
Daí a resolução do Comité Central realçar a importância de ligação do Partido às massas…
Sim, por todas as vias em que isto se processe, seja através da acção directa das organizações do Partido ou da intervenção dos comunistas nos movimentos de massas, seja ainda através do trabalho de imprensa, de informação e propaganda, da acção institucional, do trabalho político unitário.
A estas duas perspectivas associa-se claramente uma outra: a importância de uma maior estruturação da base do Partido. Procuramos a redefinição das organizações de base em geral, de maneira a que tenham a dimensão indispensável para o seu funcionamento efectivo, não apenas em relação ao número de membros do Partido mas também ao número de membros do Partido que participam, associado à existência de quadros que contribuam para dinamizar o trabalho colectivo das organizações.
Trabalho colectivo que significa reuniões, discussão interna, mas sobretudo intervenção para fora em relação aos problemas que estão colocados, reafirmando a perspectiva e o projecto do Partido.
Podemos dizer que a estruturação do Partido e o reforço e dinamização das organizações de base, com a criação de mais células e dinamização daquelas que existem, é um elemento essencial das orientações que estão propostas.
A ligação às massas é uma insuficiência do Partido?
Insuficiências, temo-las em todas as áreas, na medida em que podemos ir sempre mais longe. Mas não creio que seja tanto um atraso. Corresponde, sim, ao entendimento de que se trata de uma área essencial.
Tem que ser visto em todas as organizações partidárias e a todos os níveis, como estamos a trabalhar e como vamos desenvolver o nosso trabalho para aumentar a ligação, a influência de massas do Partido.
Congresso é um estímulo ao fortalecimento da organização partidária
2008 é ano de Congresso e as metas para o reforço do Partido são ambiciosas. Poderá a realização do Congresso potenciar o cumprimento destes objectivos?
O XVIII Congresso, como todos até hoje, vai ser um congresso muito importante. Para o Partido e, consequentemente, para os trabalhadores, a juventude, o povo e o País. A sua preparação tem um conjunto de exigências relativamente à elaboração da orientação política e às questões de direcção.
Para nós, o Congresso não é o momento em que se realiza, naqueles três dias. É um processo que se iniciou no momento em que o Comité Central decidiu a sua data.
Este será, ao mesmo tempo, um congresso preparado com o Partido a intervir no desenvolvimento da acção de massas, contra a ofensiva em curso, na exigência de avanços ao nível dos direitos, na afirmação política das propostas e projecto do Partido e, também, com um estímulo ao reforço da organização partidária. O conteúdo da resolução do Comité Central de Dezembro sobre a organização partidária é uma componente importante da preparação do Congresso.
As leis dos partidos e do financiamento dos partidos destinam-se fundamentalmente a atingir o PCP. No último congresso, o Partido acabou por aceitar algumas imposições destas leis, reservando porém a sua posição futura. Que se pode esperar do futuro?
Uma das características da política que está a ser seguida pelo Governo do PS, em sintonia com o PSD e o PP, com os grupos económicos e o Presidente da República, é uma linha de agravamento da exploração e das injustiças sociais, com os lucros a aumentarem e a generalidade da população a viver cada vez pior.
Este rumo, esta matriz de classe, surgem associadas a uma linha claramente antidemocrática, em que o Governo procura limitar a capacidade de reacção à sua política. E procura atingir a força mais consequente, o PCP. A lei dos Partidos, que vem de trás, tem este objectivo, e atinge o próprio quadro de liberdade de organização política.
Neste momento, desenvolve-se, a pretexto das contas dos partidos, uma linha de ataque, intromissão e difamação que ficou evidenciada quanto da Festa do Avante! de 2007 e temos a solicitação do Tribunal Constitucional para a aferição do número mínimo de membros dos partidos.
Qual a resposta do Partido?
Em cada fase, o Partido dará a resposta que considerar mais adequada. E, nesta questão concreta, o Secretariado do Comité Central fez uma declaração em como o Partido tem mais de cinco mil militantes, como é público e notório. E uma coisa é clara: em nenhum caso estaremos disponíveis para aceitar comprometer o princípio do direito que cada um tem de dar ou não a conhecer a sua filiação partidária.
Não ficaremos por aqui, a batalha pela defesa da liberdade e da democracia, que tem várias frentes, e é indissociável da luta contra o agravamento da exploração, terá novas e fortes expressões em 2008.
Quando falamos do reforço do Partido, queremos criar condições para um PCP mais forte e em condições de cumprir o seu papel insubstituível, por mais difíceis que sejam as condições em que tenha que actuar.
É com esta determinação, com a força e inspiração do ideal e do projecto comunistas, alicerçado no enraizamento na classe operária, nos trabalhadores, na juventude e no povo, que entramos neste ano de 2008, que lutamos, resistimos e avançamos.