
- Nº 1773 (2007/11/22)
Ruptura com a política de direita
«O papel do Estado: Os direitos da juventude»
Juventude
No âmbito da preparação da Conferência Nacional do PCP, a JCP realizou, sábado, no Seixal, um debate sobre «O papel do Estado: Os direitos da juventude». Esta iniciativa contou a presença de Francisco Lopes, do Secretariado e do CC do PCP.
«Esta conferencia insere-se numa perspectiva de análise da realidade nacional e de apresentação de alternativas para o futuro», afirmou, Francisco Lopes, sublinhando que, hoje, a situação em Portugal é «extraordinariamente grave».
Um dos problemas apontados pelo dirigente comunista é que «a soberania nacional está comprometida». «A alienação da soberania, em consequência do rumo da integração europeia, é uma abdicação de partes, cada vez maiores, da capacidade de decisão nacional para entidades externas, que não são sequer políticas, mas sim económicas, onde as multinacionais decidem sobre aspectos essenciais da vida de todos nós, de uma forma anti-democrática», acusou.
Sobre as questões do emprego e do desemprego, Francisco Lopes lamentou que Portugal tenha abdicado «da existência de uma componente essencial de produção nacional».
Exemplo desta situação é a agricultura e as pescas. «Houve orientações da União Europeia, no entanto, as políticas do nosso país foram mais “papista que o papa” e levaram ainda mais longe a estratégia de abate da frota pesqueira», lembrou, acrescentando: «Sem actividade produtiva não há emprego suficiente. Este é um problema do presente que cria interrogações sérias quanto ao futuro».
Francisco Lopes falou ainda das privatizações e encerramento dos serviços públicos. «Os mesmos que fizeram as privatizações, os mesmos que alienaram milhares de milhões de euros por ano, vêem agora invocar que o Estado não tem receitas suficientes», denunciou, reportando-se «ao processo de degradação do ensino público, e criação de condições para a sua privatização».
O mesmo se verifica com o Serviço Nacional de Saúde, considerado, à poucos anos, o 12.º melhor do mundo. «Existe já um conjunto de grupos económicos e multinacionais preparados para deitar a mão a uma parte significativa da rede hospitalar existente, ou daquela que vai ser construída com dinheiros públicos», anunciou o dirigente comunista.
Estes, e muitos outros, são «sinais claros» que «este rumo não serve» e que «é necessário alterá-lo». «Se não houver uma mudança de política real as coisas tenderão a agravar-se», frisou Francisco Lopes, salientando que «o PCP não baixa os braços perante os problemas».
Uma outra política
«Não basta fazer algumas correcção, é necessário, por isso, uma ruptura com a política de direita, com o domínio do capital monopolista, com a reconfiguração do Estado, com a obsessão do défice orçamental, com a desvalorização do trabalho e dos trabalhadores, com a mutilação das políticas sociais, com a apresentação do capital estrangeiro como elemento essencial para o investimento, com o crescimento económico centrado só nas exportações, com um rumo comunitário assente no desenvolvimento entre estados, com a subordinação do território a lógicas que não são do interesse do povo português e com a violação da Constituição da República», enumerou.
Depois da intervenção de Francisco Lopes, Ana Pato, da Direcção Nacional da JCP, deu a palavra aos mais de 50 jovens que se encontravam no Auditório da Sociedade Filarmónica Democrática Timbre Seixalense. No decurso de debate foram abordados problemas como a degradação do parque escolar, o ensino profissional, os exames nacionais, o Processo de Bolonha, o desemprego entre licenciados, o aumento do custo de vida, os boicotes às eleições nas associações de estudantes, a precariedade nos locais de trabalho, entre outros.