- Nº 1770 (2007/11/1)
PT aliena património e direitos dos reformados

Tudo para os accionistas

Trabalhadores
O Grupo PT continua a ser uma manta de retalhos e o Governo não usa as ferramentas de que dispõe para defender este sector estratégico, acusa a Comissão de Trabalhadores da Portugal Telecom.

Actualmente, na PT, «o funcionamento económico parece um conjunto de vasos comunicantes que corre num só sentido, remuneração accionista e protecção de certas elites de topo», afirma a CT, num comunicado que distribuiu na semana passada. A venda de edifícios, a redução dos complementos de reforma, os atrasos nos investimentos em infraestruturas e na comercialização do MEO (o produto com que a PT entra no triple play, fornecendo telefone, Internet e televisão) fazem parte do «ímpeto alienador» da administração, um «despojar de recursos da empresa e direitos dos trabalhadores, para que, independentemente dos resultados operacionais, os faraónicos compromissos assumidos perante os accionistas sejam cumpridos».
Dias antes, em reunião com o novo director de Recursos Humanos (direcção agora rebaptizada como DHT) da PT Comunicações, que ocupa as mesmas funções na TMN, os representantes dos trabalhadores ficaram a saber que, de uma forma unilateral, a PTC decidiu, com efeitos retroactivos a 1 de Junho, reduzir os complementos de reforma. A estes têm direito os trabalhadores dos ex-TLP e da ex-TDP, que sofrem «um rombo considerável», e os da ex-Marconi.
A comprovar que tais cortes se destinam às contas dos grandes accionistas, a CT da PT afirma, «sem grande margem para erro», que a redução de direitos provocada pelas alterações no Plano de Saúde da PTC representarão, no final deste ano, uma poupança superior a 30 por cento, face aos custos que com ele a empresa teve em 2006; por outro lado, as pretendidas alterações aos complementos de reforma deverão traduzir-se numa redução de encargos superior a 36 milhões de euros (como se verifica nas contas, já lançadas, do primeiro semestre).
Considerando que as alterações aos complementos de reforma «são ilegais», a CT exorta os trabalhadores e os sindicatos a dar-lhes combate.

Que diz Granadeiro?

No comunicado, a CT arrola uma série de questões que quer ver explicadas pelo presidente da PT, Henrique Granadeiro, numa reunião prometida mas ainda sem data marcada, e que se destinaria a tratar a operação de «spin-off» da PT Multimédia. Por exemplo:
– porquê o aumento do número de administradores da PTC, de cinco para sete, aumentando os custos, ao mesmo tempo que impõe pesadas restrições aos trabalhadores?
– quais as vantagens de colocar, em lugares-chave na PTC, mais de 30 quadros vindos da PTM, sem que seja conhecida a sua experiência nas comunicações fixas e marginalizando aqueles que, na PTC, são conhecedores profundos da empresa?
– porquê o atraso no alargamento da cobertura do MEO, que deveria, a 15 de Outubro, abranger a maioria das capitais de distrito? Qual o novo calendário para o «tripe play», que é determinante para o futuro da PT?
– porquê a venda do edifício da Marconi, actual sede da TMN, que era propriedade do Fundo de Pensões e tinha uma rentabilidade superior a 8 por cento ao ano?