- Nº 1769 (2007/10/25)
Jerónimo de Sousa no comício de Queluz

Vencer o conformismo e a resignação

PCP
O secretário-geral do PCP considerou a manifestação da CGTP-IN uma resposta contundente ao Governo e exigiu a realização de um referendo sobre o chamado «tratado reformador».

No Salão dos Bombeiros Voluntários de Queluz, sábado, Jerónimo de Sousa disse que as mais de 200 mil pessoas que há uma semana desfilaram entre os Olivais e o Parque das Nações expressaram «uma empolgante demonstração de descontentamento e indignação face a um Governo que definiu como exclusivos adversários os trabalhadores, os reformados e outras camadas populares», mas lembrou que a manifestação «foi também uma clara contestação ao projecto do neoliberalismo reinante na União Europeia e por uma Europa social dos trabalhadores e dos povos».
Perante uma sala repleta onde sobressaiam a combatividade militante e os materiais da campanha do Partido «Basta de Injustiças! - Mudar de política por uma vida melhor», o secretário-geral do PCP acrescentou que a memorável jornada de dia 18 foi ainda um marco contra o «conformismo e a resignação», do qual se destaca «a força e a vontade de resistir dos trabalhadores e do povo e uma sólida vontade de continuar a luta para abrir caminho a uma política alternativa».

Não nos intimidamos

Ao referir-se aos casos recentes de intimidação das estruturas sindicais e às tentativas de silenciamento do legítimo protesto dos trabalhadores e das populações por parte do executivo de José Sócrates, o líder comunista sublinhou que tais pretensões «estão condenadas à derrota, tal como está condenada à derrota toda e qualquer tentativa de intimidar o PCP, porque jamais deixaremos de assumir, seja em que circunstâncias forem, os compromissos que temos com os trabalhadores e com o povo português».
Neste contexto, o dia 18 de Outubro significa também «uma exemplar resposta à estratégia de intimidação e de medo que, passo a passo, o governo de José Sócrates vem implementando», continuou Jerónimo de Sousa.
«Uma resposta firme contra todas as tentativas de regressão democrática que resulta não apenas da prolongada e persistente ofensiva em curso contra os direitos económicos, sociais e culturais, conquistados pelos trabalhadores e pelo povo com a Revolução de Abril, mas contra os retrocessos, cada vez mais graves, no plano dos direitos democráticos, nomeadamente nos direitos de organização e acção sindical, com a perseguição e a repressão aos dirigentes sindicais e activistas e a todos aqueles que se manifestam contra a política do Governo ou assumem a defesa dos interesses dos trabalhadores», acrescentou.

O povo tem que se pronunciar

Da Cimeira de Lisboa saiu o chamado «tratado reformador», acordo que José Sócrates e Durão Barroso classificaram com alarde de «histórico», mas para Jerónimo de Sousa o texto é «uma má notícia para os portugueses» porque «Portugal perde soberania, com a redução do direito de veto, transferindo competências fundamentais do Estado e das suas instituições democráticas para as instituições supranacionais e antidemocráticas da União Europeia». Quem fica a ganhar, aduziu, são «as forças e os grandes interesses que movem a integração capitalista europeia», empenhados em «alicerçar o neoliberalismo e a actual ofensiva contra os trabalhadores e os povos e as suas conquistas económicas e sociais, a liberalização dos mercados, a concorrência capitalista, o desmantelamento e privatização dos serviços públicos». Por isso, disse, é imperioso consultar os portugueses em referendo vinculativo.