
- Nº 1763 (2007/09/13)
Desporto adaptado
Exemplos a seguir
Festa do Avante!
O desporto adaptado foi este ano a grande novidade no programa desportivo da Festa. Decisão acertada e oportuna, esta, a de prestar uma particular atenção aos cidadãos portadores de deficiência, para quem a actividade física e o desporto assumem uma enorme importância na perspectiva da sua integração social, da sua saúde e bem-estar, da sua auto-estima.
Importância tanto maior quanto se sabe que não se conhecem da parte do Governo, neste Ano Europeu da Igualdade de Oportunidades para Todos, quaisquer medidas que tenham sido adoptadas no sentido de ir mais longe e contribuir para assegurar o direito constitucional ao desporto por parte deste grupo da população.
Aspecto este referido com particular ênfase no debate sobre o tema realizado no Pavilhão Central, onde foi igualmente denunciada a manifesta insuficiência de apoios aos nossos atletas que participam nos Jogos Paralímpicos.
A este respeito, como alguém sublinhou no debate, «repete-se de forma muito mais grave a inexistência de uma política desportiva nacional ao serviço das populações, o que faz com que Portugal seja o País mais sedentário (77 %) da União Europeia», com todas as repercussões negativas que isso implica em termos de «saúde, produtividade laboral, bem-estar e qualidade de vida».
Outra ideia salientada no decurso do debate é a de que os resultados alcançados pelos atletas paralímpicos mostram que «vale a pena investir numa área de grande afirmação social como é o desporto» e de que os exemplos de coragem e sacrifícios por si dados podem contribuir para que muitos outros deficientes saiam das suas casas e pratiquem uma actividade desportiva regular, «melhorando as suas capacidades físicas, auto-estima e aceitação social».
Basquetebol em cadeira de rodas
O prazer do jogo
Um exemplo de desporto adaptado deram-no as equipas de basquetebol em cadeiras de rodas da Associação Portuguesa de Deficientes de Lisboa e do Santoantonense Futebol Clube, de Santo António da Charneca, Barreiro, que se defrontaram no polidesportivo num jogo de apresentação no final da tarde de sábado.
Estreia absoluta na programação do «Desporto na Festa», este foi um jogo muito disputado onde se assistiu ao esforço e entrega total de jogadores, mostrando que não é a fatalidade física que lhes retira o prazer de jogar ou os impede de alcançar um elevado nível técnico e grau competitivo.
Escola de Boccia
Puxar pelas capacidades
Outra novidade na Festa foi a apresentação de uma modalidade que consiste num desporto de bolas para indivíduos com paralisia cerebral. Boccia, assim se chama este jogo que visa puxar pelas capacidades cerebrais dos que sofrem a lesão, estímulo e reabilitação que visa obter um acréscimo das funcionalidades diminuídas.
A apresentação, na qual participaram seis crianças, esteve a cargo do Núcleo Almada-Seixal da Associação de Paralisia Cerebral de Lisboa, instituição que desde 2006 dirige uma Escola de Boccia, a funcionar no Pavilhão da Escola Pedro Eanes Lobato, Amora.
Actualmente com dez alunos, a Escola de Boccia, como revelou ao Avante! Maria Luísa Ferraz, tesoureira da instituição, tem desempenhado um importante papel na vida das crianças que a frequentam, já que é um espaço onde interagem com outros que têm o mesmo
problema, o que possibilita a troca de experiências, podendo, simultaneamente, conviver e partilhar interesses com outras pessoas.