
- Nº 1740 (2007/04/5)
Desafio a Bush
Iraque divide EUA
Internacional
Senado dos EUA pode cortar fundos para a guerra no Iraque se Bush vetar a lei que condiciona o financiamento ao calendário para a retirada das tropas.
Uma proposta do senador democrata Russ Feingold, apresentada anteontem, dia 3, com o apoio pelo líder da maioria no Senado, Harry Reid, fez aumentar a tensão reinante entre os poderes legislativo e executivo nos EUA. Num claro desafio ao governo, o Senado e a Câmara dos Representantes fizeram saber que estão dispostos a cortar os fundos para guerra no Iraque se o presidente norte-americano vetar o plano democrata que condiciona o financiamento das intervenções no Iraque e no Afeganistão a um calendário de retirada das forças no terreno até 31 de Março de 2008.
Segundo analistas citados pela Prensa Latina (PL), o eventual veto de Bush colocaria os senadores perante o dilema de manter o apoio à proposta de Feingold ou ceder à política bélica da Casa Branca.
A um ano das eleições presidenciais, tanto republicanos como democratas temem que a questão do financiamento dos soldados em missão no Iraque se transforme numa arma de arremesso, mas nenhuma das partes ignora que o apoio à administração Bush nunca esteve tão baixa, e que a persistência numa política manifestamente desastrosa terá custos elevados com reflexos nas urnas. Tanto assim é que os republicanos, até agora apostados em contrariar todas as medidas que ponham em causa a administração, já admitem não obstaculizar a iniciativa de Feingold levar a sua proposta a votação.
«Se Bush vetar o projecto dotações adicionais e continuar a recusar mudanças no curso do Iraque, farei com que esta lei seja apreciada pelos senadores na próxima sessão de trabalhos», afirmou por seu turno Harry Reid.
Justiça à americana
Em 2004, por cinco votos contra quatro, o Supremo Tribunal norte-americano declarou que os presumíveis terroristas presos em Guantanamo deviam ter acesso a um tribunal para contestar a sua detenção. Esta segunda-feira, 2, o mesmo Tribunal rejeitou o recurso de dezenas de prisioneiros do campo de concentração, que exigiam o direito de recorrer a um tribunal federal para contestar a sua detenção sem culpa formada.
Embora no fecho desta edição se ignorasse ainda as motivações dos juizes, tudo leva a crer que a decisão – contestada por três dos membros do Tribunal – resulta do procedimento administrativo do governo de «revisão do estatuto de combatente inimigo» e de uma disposição da lei sobre o tratamento de presumíveis terroristas, promulgada no Outono, que impede os «combatentes inimigos» de recorrerem à justiça federal antes de serem julgados por um tribunal militar de excepção.