ANIVERSÁRIO EM LUTA

«As massas trabalhadoras exigem, na rua, uma mudança de política»

Estamos a poucos dias da passagem de mais um aniversário do PCP, o 86º, que este ano será comemorado de forma muito especial: para além do vasto conjunto de iniciativas que, à semelhança dos anos anteriores, as organizações do Partido levarão a cabo durante todo o mês de Março, o próximo dia 6 será assinalado com o lançamento público do 1º Volume das Obras Escolhidas de Álvaro Cunhal. Trata-se de um acontecimento de enorme relevância e no qual estará presente o secretário-geral do Partido, camarada Jerónimo de Sousa.
Com esta publicação, os militantes comunistas - e, com eles, todos os que queiram inteirar-se, com verdade e seriedade, do que foi o fascismo e a resistência antifascista, do que foi a história de Portugal durante esse quase meio século de terror – passam a ter à sua disposição um singular e imprescindível instrumento de estudo.
Isto é tanto mais importante quanto, como se sabe, assistimos no momento actual a uma poderosa operação de branqueamento do fascismo, desenvolvida através de uma vasta campanha de desinformação organizada, de manipulação e de mentira – visando demonstrar que o fascismo, enquanto ditadura terrorista, nunca existiu e que, o salazarismo até teve um papel muito positivo no combate… ao comunismo.
Acresce que a operação em curso atinge a desvergonha provocatória de pretender estabelecer semelhanças entre o ditador fascista Salazar e o resistente antifascista Álvaro Cunhal - «metendo no mesmo saco», como sublinhou o camarada Jerónimo de Sousa, «o ditador fascista e o resistente heróico; o torturador e o torturado; o carrasco e a vítima; o traidor dos interesses da Pátria e o Patriota exemplar; o opressor de um povo e o que dedicou toda a sua vida à luta pela libertação desse povo da opressão e da exploração.»

Este ano, o aniversário do PCP ocorre num momento muito especial, em que os trabalhadores, ao apelo da sua central sindical – a CGTP-IN – vêm para a rua exigir direitos que o Governo PS/José Sócrates lhes nega e exigir a liberdade de lutarem por esses direitos; exigir a justiça social que lhes é devida; exigir uma mudança de política que ponha termo ao estado de calamidade social a que a política de direita conduziu o País.
Para os militantes comunistas, a sua participação activa e intensa na preparação e na mobilização para esta jornada de luta - contribuindo para que ela se traduza numa poderosa manifestação de massas - constitui, sem dúvida, uma forma adequadíssima de comemorar o aniversário do seu Partido. E assim o entenderão, também, muitos e muitos trabalhadores que, não sendo comunistas, reconhecem no PCP o partido com o qual podem contar sempre, o partido dos trabalhadores, o partido que, ao longo dos seus oitenta e seis anos de vida - no tempo do fascismo como após a liberdade conquistada em 25 de Abril – nunca hesitou na sua postura em defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo e do País.
São muitas as razões para avançar com esta «acção nacional de luta convergente – juntos pela mudança de políticas». E são muitos os indicadores que apontam para uma forte participação de trabalhadores, vindos de todo o País, nesta importante acção de massas. E a participação massiva dos trabalhadores nesta jornada de luta assume uma importância determinante na luta contra a política de direita e por uma política de esquerda ao serviço dos interesses e direitos da imensa maioria dos portugueses – porque a luta de massas é o caminho da mudança, é nela que se situa a raiz da oposição a este governo e a esta política. Por muito que não o queiram ver os analistas e comentadores de serviço à política de direita - portadores de um conceito de oposição que os leva a excluir dessa categoria precisamente a sua componente mais significativa e importante: a luta de massas.

Como sublinha a CGTP, as promessas feitas aos portugueses na campanha eleitoral não só não foram cumpridas como, em muitos casos, foi feito o oposto do que fora prometido.
Foi assim que o desemprego aumentou; o trabalho precário também, e tende a generalizar-se, pondo a faca e o queijo nas mãos do grande capital e ferindo liberdades e direitos sociais dos trabalhadores; prosseguiu e acentuou-se a ofensiva contra direitos dos trabalhadores, nomeadamente o direito à contratação colectiva; os salários reais baixaram, o custo de vida aumentou atingindo essencialmente as camadas mais desprotegidas, os rendimentos das famílias degradam-se todos os dias; é cada vez pior e mais grave a situação no que respeita à segurança social, à saúde, ao ensino – prossegue a sanha feroz de encerramento de serviços públicos, com terríveis consequências para a maioria dos portugueses. Enquanto tudo isto acontece a quem trabalha, vive do seu trabalho e produz a riqueza do País, os lucros do grande capital, apresentados como uma inevitabilidade, aumentam todos os anos, quer a situação seja de crise quer seja de retoma – e aumentam em números escandalosos que constituem um verdadeiro insulto à imensa maioria dos portugueses e portuguesas.
Bem necessária é a mudança de política que as massas trabalhadoras vão exigir no dia 2 de Março – uma mudança que será tanto mais exequível quanto maior dimensão assumir este protesto e os que, inevitavelmente, se lhe seguirão.