SIEC/CGTP-IN não aceita despedimento

Resistir vale a pena

A Ya­zaki Sal­tano pressionou os trabalhadores, usou activistas das estruturas da UGT (habitualmente disponíveis para ceder sem luta), mas agora admite pagar compensações quase no dobro do que propôs inicialmente.

Apesar da grande pressão, muitos tra­ba­lha­dores re­jei­taram a pro­posta da mul­ti­na­ci­onal

Na reunião de anteontem, na DGERT (Ministério do Trabalho), no quadro do processo de informação e negociação sobre o despedimento colectivo de 533 trabalhadores da Ya­zaki Sal­tano, o Sindicato das Indústrias Eléctricas do Centro apresentou e defendeu as posições aprovadas pelos trabalhadores da fábrica de Ovar, em plenário. Para quarta-feira, estavam marcados novos plenários, onde poderia ser decidido recorrer à greve por tempo indeterminado.
Já na passada sexta-feira, dia 12, a multinacional tinha ameaçado reduzir o valor das indemnizações, caso esta paralisação se concretizasse. Foram ainda avançadas algumas hipóteses de colocar trabalhadores noutras unidades da Ya­zaki, embora sem um claro compromisso perante as operárias e os seus representantes. No esforço de credibilizar essas hipóteses, a empresa contou, desde a primeira hora, com o apoio do Governo e, particularmente, da API (Ministério da Economia), que chegou a referir a possibilidade de colocação de «algum do pessoal noutras fábricas do grupo, no estrangeiro».
Anteontem, refere uma nota do SIEC/CGTP-IN à comunicação social, «a empresa não aceitou negociar na base da proposta de 2,5 salários, avançada pelos trabalhadores, fixando-se nos acordos feitos, à margem da Comissão Sindical, directamente com os trabalhadores, cuja responsabilidade é dos intervenientes, não evoluindo nas suas posições». Por considerar insuficientes as propostas da Ya­zaki, o sindicato não deu o seu acordo.
Na nota, contudo, chama-se a atenção para o facto de que «a empresa começou por anunciar um salário por ano, de compensação, e subiu para 1,75 por que os trabalhadores se mobilizaram».
Em declarações ao Avante!, ontem de manhã, um dirigente do SIEC e trabalhador da Ya­zaki Sal­tano referiu que, num primeiro plenário, foram revelados alguns detalhes, relativamente ao processo do acordo promovido pela empresa, que suscitaram preocupação dos trabalhadores e, também, levantaram dúvidas por parte dos representantes do Ministério do Trabalho. Referiu Américo Rodrigues que, tratando-se de um despedimento colectivo, poderá não ser adequado recorrer a acordos individuais de rescisão de contratos; por outro lado, do documento assinado não foi entregue cópia aos trabalhadores que decidiram assinar; destes, alguns reconheceram que cederam a pressões para subscreverem o acordo, mas nem sequer o leram; por outro lado, é colocada em causa a validade do «compromisso» de não se oporem ao despedimento colectivo.
Neste primeiro plenário (outro estava marcado para o período da tarde), o coordenador do SIEC não pôde participar, pois a Ya­zaki Sal­tano impediu a sua entrada na fábrica.


Mais artigos de: Trabalhadores

Travar as afrontas do Governo

Perante a ameaça de graves perdas de direitos, os mais de mil participantes no Plenário Nacional assumiram a continuação da luta.

CGTP-IN critica PR

A CGTP-IN não entende que Cavaco Silva defenda «medidas que facilitem os despedimentos, contrariando, dessa forma, as disposições constitucionais e assumindo-se como instrumento avançado das políticas neoliberais».

«<em>Welcome BPI</em>»

Para a Comissão de Trabalhadores do BPI, «a preparação de reestruturações e fusões, num cenário de avaliação do processo da OPA, de movimentações conflituais, de inexistência de diálogo e de meios seguros de análise, prefigura uma prepotência inaceitável e um desrespeito absoluto pelo papel e pela dignidade dos...

Protestos no Porto acusam <br>política de transportes

«O Governo continua, com a sua política, a penalizar quem mais precisa, pondo a componente económica à frente da componente social, negando o direito aos transportes das populações e isolando as mesmas, provocando situações de insegurança, em vez de cumprir com as suas obrigações e entregar à empresa as indemnizações...

Militares solidários contra processos disciplinares

No dia 10, ao final da tarde, teve lugar na Casa do Alentejo, em Lisboa, uma reunião de solidariedade para com os militares que estão a ser alvo de processos disciplinares, acusados de terem participado no «passeio do descontentamento», em Novembro. Promovida pela Associação Nacional de Sargentos, a iniciativa contou com...