- Nº 1726 (2006/12/28)
Protesto de Natal de Aljustrel a São Bento

Mineiros foram à porta de Sócrates

Trabalhadores
Representantes sindicais dos mineiros deslocaram-se a São Bento, em Lisboa, na manhã de Natal, a fim de sensibilizar Sócrates para incumprimentos de garantias assumidas pela Eurozinc.

Em declarações à Lusa, o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira, Carlos Formoso, afirmou que a acção se destinou a exigir um justo aumento salarial – ganham 500 euros mensais - e a redução dos períodos de trabalho no fundo da mina. O horários em vigor «são ilegais» à luz da Lei, devido às horas em excesso que põem em causa a segurança dos mineiros.
Outra reivindicação central é a exigência do cumprimento dos compromissos assumidos pela Eurozinc, nomeadamente a retoma normal da laboração no próximo ano, uma vez que os mineiros têm passado o ano em trabalhos de manutenção.
Se as reivindicações não forem satisfeitas até dia 6, efectuar-se-á um plenário e está agendada uma greve para 9 de Janeiro.

Não há inspecção

A delegação fez saber que as organizações representativas dos trabalhadores solicitaram a intervenção da Inspecção-Geral do Trabalho, mas um responsável daquele organismo, em Beja, ter-lhes-á respondido que não tinha gente especializada para fiscalizar a situação nas minas de Aljustrel, situação que o dirigente sindical considerou inadmissível.
Além disso, Carlos Formoso salientou que a Lei obriga que a mina tenha duas saídas de emergência, mas a de Aljustrel «apenas tem uma por falta de pessoal necessário para a segunda».
Outra agravante das condições de segurança é que o empreiteiro incumbido dos trabalhos de preparação da mina, a EPOS, tem efectuado detonações quando estão lá dentro trabalhadores, situação que a Lei também proíbe.
Por outro lado, enquanto os 47 mineiros com vínculo à proprietária, Pirites Alentejanas, efectuam trabalhos de manutenção, a EPOS terá contratado trabalhadores que cumprem turnos de dez horas, enquanto os primeiros fazem as oito, que são o máximo admitido por Lei.
«A revolta é muita e a injustiça tremenda», afirmou Carlos Formoso.
A Eurozinc também se comprometeu a investir um mínimo de 600 mil euros anuais para as explorações em Portugal.