PROPAGANDISTAS ENCARTADOS
«A desinformação organizada é abundante de mistificação, manipulação e falsidade»
No passado dia 4, por iniciativa do PCP, assinalou-se o 45º aniversário da fuga de Caxias, acontecimento relevante da resistência antifascista por muitas e fortes razões: porque foi exemplar do engenho e da coragem dos militantes comunistas que a organizaram e concretizaram; porque confirmou as vulnerabilidades do regime fascista face à organização e à determinação na luta; porque os que lograram fugir o fizeram com o objectivo de retomar o seu lugar na luta clandestina contra o regime fascista, pela liberdade e pela democracia; porque a fuga é elucidativa do grau de organização existente, entre os militantes do Partido, nas cadeias fascistas, assim evidenciando que, para os comunistas, também a prisão era um espaço de intervenção e de luta.
Acresce que, pelas circunstâncias em que ocorreu, a fuga de Caxias se revestiu de carácter espectacular e inusitado: com efeito, tratou-se de uma fuga colectiva, os presos fugiram de dia, à vista dos guardas prisionais e dos soldados da GNR, utilizando um carro blindado com o qual rebentaram o portão do Forte no meio de intenso tiroteio – o que significa que tinha todos os atributos para que a sua evocação, quarenta e cinco anos passados, despertasse o interesse dos órgãos de comunicação social.
Acresce, ainda, que quatro dos protagonistas da fuga estiveram presentes nos actos comemorativos e relataram os acontecimentos, informaram, em intervenções ricas de pormenores, como as coisas se passaram, transmitiram a quem os quis ouvir a memória das experiências então vividas – facto que, numa situação de normalidade informativa, era, também ele, susceptível de suscitar a atenção dos média.
Tal não aconteceu, no entanto: assistiu-se, isso sim, ao quase total silenciamento da evocação por parte da comunicação social dominante.
Não surpreende que assim tenha acontecido. Bem pelo contrário. Neste tempo em que se procede a uma gigantesca operação de branqueamento do fascismo e de apagamento ou menorização da resistência antifascista e do papel determinante e decisivo nela desempenhado pelo PCP e pelos militantes comunistas, surpresa seria esses órgãos ditos de informação abordarem matéria desta natureza. E tanto mais assim é quanto, como se sabe, não lhes faltam os pretextos necessários para procederem a esse silenciamento, a essa tentativa de apagamento da memória do fascismo e dos que lhe resistiram. Podem até fazê-lo, como temos vindo a assistir, sem terem que tirar a máscara de independência, isenção, imparcialidade e pluralismo com que usam disfarçar-se.
Se não, veja-se a atenção e o destaque que esses órgãos de comunicação social dão, por exemplo, à publicação de um livro no qual o autor chega à delirante conclusão de que, mais coisa menos coisa, Salazar incitou a PIDE a deixar fugir Álvaro Cunhal de Peniche... Veja-se, igualmente, o tempo e o espaço que os mesmos órgãos ditos de informação concedem às iniciativas de uma agremiação recém-nascida, composta nomeadamente por alguns que, tendo apagado as suas próprias memórias de resistentes, tudo fazem, despudorada e desavergonhadamente, para se apropriar das memórias dos que resistiram, resistem e continuarão a resistir.
Ou seja: na ampla divulgação de coisas destas encontram esses média a justificação para o silenciamento a que remetem tudo quanto é iniciativa do PCP. Silenciamento ou o tradicional anticomunismo militante traduzido na desinformação organizada, abundante de mistificação, manipulação, falsidade - sobre as posições e a actividade do Partido.
Estas práticas dos média em relação aos comunistas, não sendo novas têm, no entanto, vindo a acentuar-se nos últimos tempos e, em certas matérias, a atingir um conteúdo preocupante, na medida em que são cada vez mais frequentes os textos subscritos por comentadores políticos encartados nos quais, implícita ou explicitamente, assoma uma intolerância de cariz claramente fascizante.
Há dias, um desses comentadores-tipo da nova ordem comunicacional – protagonista de um anticomunismo militante muito semelhante ao dos seus antepassados que, no Diário da ManhãÉpoca, cumpriam as ordens de Salazar e Caetano como o dito comentador cumpre, hoje, a vontade dos seus patrões – desferiu contra o PCP um violento ataque carregado de ódios e ameaças pidescas. Não sendo a primeira vez (nem a última, seguramente) que o referido comentador se entrega a tais manifestações, é imperioso que não deixemos passar o facto em claro.
Procedendo a uma leitura primária, capciosa e distorcida, por um lado, da Lei Fundamental do País e, por outro lado, da Lei Fundamental do PCP, o provocador anticomunista proclama que «os Estatutos do PCP violam frontalmente a Constituição da República Portuguesa». O incomensurável disparate seria apenas isso se não se tratasse de, mais do que disparate, uma incomensurável provocação que aqui se regista como tal – tão-somente para que fique registada.
Que fique claro para o propagandista em questão: as ameaças e os insultos que verte contra o PCP e os militantes comunistas não nos atemorizam nem nos fazem deixar de lutar pelos nossos objectivos, da mesma forma que as práticas repressivas do regime fascista não nos atemorizaram nem nos levaram ao abandono da luta.
Como o demonstram oitenta e cinco anos de história do PCP, mais de metade dos quais, recorde-se, vividos sob esse regime brutal, opressivo, repressivo, que tinha nos militantes comunistas os seus alvos preferenciais – e contra o qual os comunistas se batiam, mesmo quando estavam presos e organizavam e concretizavam fugas como a de Caxias.
Acresce que, pelas circunstâncias em que ocorreu, a fuga de Caxias se revestiu de carácter espectacular e inusitado: com efeito, tratou-se de uma fuga colectiva, os presos fugiram de dia, à vista dos guardas prisionais e dos soldados da GNR, utilizando um carro blindado com o qual rebentaram o portão do Forte no meio de intenso tiroteio – o que significa que tinha todos os atributos para que a sua evocação, quarenta e cinco anos passados, despertasse o interesse dos órgãos de comunicação social.
Acresce, ainda, que quatro dos protagonistas da fuga estiveram presentes nos actos comemorativos e relataram os acontecimentos, informaram, em intervenções ricas de pormenores, como as coisas se passaram, transmitiram a quem os quis ouvir a memória das experiências então vividas – facto que, numa situação de normalidade informativa, era, também ele, susceptível de suscitar a atenção dos média.
Tal não aconteceu, no entanto: assistiu-se, isso sim, ao quase total silenciamento da evocação por parte da comunicação social dominante.
Não surpreende que assim tenha acontecido. Bem pelo contrário. Neste tempo em que se procede a uma gigantesca operação de branqueamento do fascismo e de apagamento ou menorização da resistência antifascista e do papel determinante e decisivo nela desempenhado pelo PCP e pelos militantes comunistas, surpresa seria esses órgãos ditos de informação abordarem matéria desta natureza. E tanto mais assim é quanto, como se sabe, não lhes faltam os pretextos necessários para procederem a esse silenciamento, a essa tentativa de apagamento da memória do fascismo e dos que lhe resistiram. Podem até fazê-lo, como temos vindo a assistir, sem terem que tirar a máscara de independência, isenção, imparcialidade e pluralismo com que usam disfarçar-se.
Se não, veja-se a atenção e o destaque que esses órgãos de comunicação social dão, por exemplo, à publicação de um livro no qual o autor chega à delirante conclusão de que, mais coisa menos coisa, Salazar incitou a PIDE a deixar fugir Álvaro Cunhal de Peniche... Veja-se, igualmente, o tempo e o espaço que os mesmos órgãos ditos de informação concedem às iniciativas de uma agremiação recém-nascida, composta nomeadamente por alguns que, tendo apagado as suas próprias memórias de resistentes, tudo fazem, despudorada e desavergonhadamente, para se apropriar das memórias dos que resistiram, resistem e continuarão a resistir.
Ou seja: na ampla divulgação de coisas destas encontram esses média a justificação para o silenciamento a que remetem tudo quanto é iniciativa do PCP. Silenciamento ou o tradicional anticomunismo militante traduzido na desinformação organizada, abundante de mistificação, manipulação, falsidade - sobre as posições e a actividade do Partido.
Estas práticas dos média em relação aos comunistas, não sendo novas têm, no entanto, vindo a acentuar-se nos últimos tempos e, em certas matérias, a atingir um conteúdo preocupante, na medida em que são cada vez mais frequentes os textos subscritos por comentadores políticos encartados nos quais, implícita ou explicitamente, assoma uma intolerância de cariz claramente fascizante.
Há dias, um desses comentadores-tipo da nova ordem comunicacional – protagonista de um anticomunismo militante muito semelhante ao dos seus antepassados que, no Diário da ManhãÉpoca, cumpriam as ordens de Salazar e Caetano como o dito comentador cumpre, hoje, a vontade dos seus patrões – desferiu contra o PCP um violento ataque carregado de ódios e ameaças pidescas. Não sendo a primeira vez (nem a última, seguramente) que o referido comentador se entrega a tais manifestações, é imperioso que não deixemos passar o facto em claro.
Procedendo a uma leitura primária, capciosa e distorcida, por um lado, da Lei Fundamental do País e, por outro lado, da Lei Fundamental do PCP, o provocador anticomunista proclama que «os Estatutos do PCP violam frontalmente a Constituição da República Portuguesa». O incomensurável disparate seria apenas isso se não se tratasse de, mais do que disparate, uma incomensurável provocação que aqui se regista como tal – tão-somente para que fique registada.
Que fique claro para o propagandista em questão: as ameaças e os insultos que verte contra o PCP e os militantes comunistas não nos atemorizam nem nos fazem deixar de lutar pelos nossos objectivos, da mesma forma que as práticas repressivas do regime fascista não nos atemorizaram nem nos levaram ao abandono da luta.
Como o demonstram oitenta e cinco anos de história do PCP, mais de metade dos quais, recorde-se, vividos sob esse regime brutal, opressivo, repressivo, que tinha nos militantes comunistas os seus alvos preferenciais – e contra o qual os comunistas se batiam, mesmo quando estavam presos e organizavam e concretizavam fugas como a de Caxias.