O imperialismo e a luta pela paz
O movimento comunista considerou sempre, a luta pela paz e contra a guerra como uma preocupação central no conjunto das suas orientações e actividades.
Para os clássicos do comunismo a luta pela eliminação das guerras e a luta emancipadora dos trabalhadores eram inseparáveis. Numa forma simplificada, dir-se-á duas causas, uma só luta.
Lenine, que dedicou enormes energias à luta contra as guerras imperialistas e ao esclarecimento da sua natureza e das suas causas e que via nas guerras imperialistas uma tragédia para os trabalhadores e os povos, dizia que, «pôr fim às guerras, instaurar a paz entre os povos, conseguir que terminem os saques e as violências: é esse precisamente o nosso ideal».
O triunfo da Revolução de Outubro, ao proclamar a luta pela paz como política oficial do Estado e ao desenvolver uma acção consequente para pôr cobro à «carnificina dos abutres capitalistas», inaugurou uma nova época na luta pela paz.
Não se limitando a proclamações gerais e pacifistas, a 8 de Novembro de 1917, um dia apenas após a tomada do poder, o primeiro Estado operário e camponês aprovou o «Decreto sobre a Paz», no qual se declarava a guerra «como o maior dos crimes contra a humanidade».
Como é sabido o imperialismo respondeu à política e aos anseios de paz do país dos sovietes declarando-lhe guerra e desenvolvendo acções agressivas para esmagar a revolução.
Na actualidade, com a derrocada da URSS, pesam sobre os trabalhadores e os povos não só ameaças mas actos concretos e cada vez mais frequentes de «carnificinas de abutres capitalistas», para se apossarem de riquezas e de territórios de Estados soberanos, de que o Iraque é o caso mais recente, mas que o imperialismo promete não ser o último, situação a exigir uma profunda avaliação sobre o seu significado e os perigos que se perfilam.
A primeira fase da guerra de agressão e ocupação do Iraque estará, segundo os agressores terminada, mas os seus efeitos (imensas destruições materiais e culturais, milhares de mortes, ocupação e colonização do Iraque e pilhagem das riquezas petrolíferas), estarão longe de terminar.
A agressão Americana contra um estado soberano, situado a milhares de quilómetros das fronteiras dos Estados Unidos, não constituiu uma acção isolada, nem precipitada. A guerra contra o Iraque foi longa e premeditadamente preparada e representa mais um passo na escalada do imperialismo americano com vista a desenvolver a estratégia de domínio mundial.
Ainda as armas não se tinham calado no Iraque e já o imperialismo americano ameaçava de terem a mesma sorte o Irão, a Coreia, a Síria, Cuba, a Colômbia...
É por isso que a guerra contra o Iraque, para além da necessária e indispensável solidariedade para com o povo iraquiano, vítima da agressão anglo-americana, se torna uma causa e uma luta de todos os povos do mundo.
Trágicas semelhanças
Não será nunca de mais lembrar que a guerra é inerente à natureza do imperialismo, gerador do militarismo e da corrida aos armamentos, o principal responsável pelo desenrolar das guerras de agressão e pilhagem e que a guerra é a continuação da sua política por outros meios.
Num momento em que se manifestavam poderosas forças contra a guerra, não faltaram as vassalagens empenhadas em justificar a guerra de agressão e em demonstrar que não era o saque das riquezas petrolíferas que movia os círculos dirigentes americanos, mas unicamente nobres ideais libertadores como a defesa da liberdade e da democracia, ideais garantidos pelo facto de a América ser um Estado de direito e democrático.
Entretanto houve quem não deixasse de fazer aqui e ali assimilações da América ao Reich hitleriano, assimilações que deixaram os vassalos verdadeiramente possessos.
Comparações de situações ocorridas em momentos e condições muito diversas correm o perigo de não ter em conta a realidade, mas se não nos ativermos aos aspectos acessórios e nos concentrarmos nas questões mais profundas, concluir-se-á existirem semelhanças surpreendentes.
Pode-se deixar de assimilar os actos e as teorizações dos actuais inquilinos da Casa Branca ao Reich hitleriano quando vemos desenvolverem-se planos de domínio mundial, de agressão e pilhagem das riquezas de estados soberanos em nome da defesa dos interesses vitais? Pode-se deixar de pensar no Reich hitleriano quando se definem estados que não se vergam aos ditames americanos de «estado párias» ou do «eixo do mal»? Mesmo as inspirações divinas, para justificar actos de agressão tem trágicas semelhanças.
Hoje está mais claro que a invocação do perigo para a humanidade que representaria a posse de armas de destruição maciça pelo Iraque se tratou de um pretexto fabricado por Bush e Blair para justificar a criminosa guerra e dar novos passos na estratégia de domínio mundial, tal como o fez Hitler.
No dia 27 de Fevereiro de 1933, há portanto 70 anos, também as hostes hitlerianas, por «inspiração divina», forjaram um pretexto, o incêndio do Reichtag, para iniciar o caminho que levaria a incendiar e a devastar a Europa e não só.
Ainda as chamas do Reichtag não se tinham extinguido e já Hitler, interpretando o incêndio ateado pelos seus próprios serviços «como um sinal divino», declarava: «se este incêndio foi como suponho obra dos comunistas, devemos esmagar essa peste mortífera com punho de ferro».
Também nessa altura não faltaram os que, em vez de tomar a sério as ameaças hitlerianas e agirem para lhes fazer frente, optaram por se refugiarem em prédicas sobre as virtualidades da democracia ou na esperança de que «o punho de ferro» caísse apenas sobre a cabeça dos comunistas, «o eixo do mal» dessa época. Quando se aperceberam que o incêndio de Reichtag era apenas o começo de um incêndio mais devastador, já era tarde.
De qualquer modo assemelhe-se ou não a América «bushiana» ao Reich hitleriano, o importante é tomar-se consciência do quadro do mundo em que se desenvolve a estratégia do imperialismo norte-americano e os perigos que representa para a paz e a soberania dos povos.
Coincidências
A «democracia» americana tem uma larga tradição de, aquando das mudanças governativas, senhores da indústria e da alta finança substituírem senhores da indústria e da alta finança.
A história americana regista uma espantosa coincidência entre o desencadear de várias guerras de agressão norte-americana, as crises económicas e a ascensão do poder de representantes directos dos grandes grupos económicos e financeiros, particularmente dos grupos ligados à indústria da guerra, como acontece com a actual administração norte-americana.
A crescente influência e poderio do complexo militar-industrial e sua interpenetração com o governo dos Estados Unidos, o agravar das contradições entre potências imperialistas no quadro da crise do capitalismo, a luta em curso por nova partilha imperialista do mundo, reforça a lógica imperialista da guerra e nega as teses dos que, contra todas as evidências, defendem estarem os estados imperialistas condenados «a viver em conjunto e em harmonia».
As guerras, confirmando a previsão de Lenine de que o desenvolvimento da técnica militar pode pôr em causa as próprias bases de existência da sociedade humana, tornam-se cada vez mais destruidoras, razão que faz da luta contra a corrida armamentista, pela paz e contra a guerra tarefa fundamental.
Luta pela paz
Relevante no panorama mundial é o facto de aumentar nitidamente o número de pessoas a compreenderem a natureza da estratégia do imperialismo americano e os perigos que representa para a paz.
Na crise internacional aberta com a agressão americana ao Iraque, o novo não é os americanos mais uma vez terem agredido um Estado soberano, é o facto de milhões de pessoas se terem erguido contra a guerra em todo o mundo dando lugar ao desenvolvimento de um «movimento» social de enorme dimensão, abarcando camadas sociais e tendências político-ideológicas muito diversas.
Entretanto, este «movimento» social caracterizado pelo seu carácter expontâneo no plano orgânico e animado por correntes político-ideológicas variadas, com plataformas e concepções teóricas diversas, coloca problemas difíceis à unidade de acção e de organização, acentuando a incompreensão acerca da correlação entre tarefas democráticos gerais e as tarefas de transformação social, entre os objectivos políticos e a luta pela satisfação de reivindicações de carácter imediato.
O militarismo é, de certo modo, elemento da superestrutura do imperialismo, base da sua política, pelo que a luta pela paz é inseparável da luta activa anti-imperialista, luta prolongada e que exige que se eleve a luta de classe por profundas transformações sociais, o que faz aumentar as responsabilidades do movimento operário e revolucionário.
A participação e o empenhamento no desenvolvimento e consolidação de amplas «frentes» sociais contra a guerra e pela paz, pela dissolução dos blocos político-militares, por sistemas de regulação internacional de natureza democrática, tem de caminhar a par da luta de classe contra o capital e o imperialismo, pelo aprofundamento dos direitos políticos, económicos e sociais.
O desenvolvimento desta luta coloca uma questão incontornável, que é a de as forças revolucionárias não se diluírem em movimentos heterogéneos e de cariz mais ou menos conjuntural.
O triunfo da Revolução de Outubro, ao proclamar a luta pela paz como política oficial do Estado e ao desenvolver uma acção consequente para pôr cobro à «carnificina dos abutres capitalistas», inaugurou uma nova época na luta pela paz.
Não se limitando a proclamações gerais e pacifistas, a 8 de Novembro de 1917, um dia apenas após a tomada do poder, o primeiro Estado operário e camponês aprovou o «Decreto sobre a Paz», no qual se declarava a guerra «como o maior dos crimes contra a humanidade».
Como é sabido o imperialismo respondeu à política e aos anseios de paz do país dos sovietes declarando-lhe guerra e desenvolvendo acções agressivas para esmagar a revolução.
Na actualidade, com a derrocada da URSS, pesam sobre os trabalhadores e os povos não só ameaças mas actos concretos e cada vez mais frequentes de «carnificinas de abutres capitalistas», para se apossarem de riquezas e de territórios de Estados soberanos, de que o Iraque é o caso mais recente, mas que o imperialismo promete não ser o último, situação a exigir uma profunda avaliação sobre o seu significado e os perigos que se perfilam.
A primeira fase da guerra de agressão e ocupação do Iraque estará, segundo os agressores terminada, mas os seus efeitos (imensas destruições materiais e culturais, milhares de mortes, ocupação e colonização do Iraque e pilhagem das riquezas petrolíferas), estarão longe de terminar.
A agressão Americana contra um estado soberano, situado a milhares de quilómetros das fronteiras dos Estados Unidos, não constituiu uma acção isolada, nem precipitada. A guerra contra o Iraque foi longa e premeditadamente preparada e representa mais um passo na escalada do imperialismo americano com vista a desenvolver a estratégia de domínio mundial.
Ainda as armas não se tinham calado no Iraque e já o imperialismo americano ameaçava de terem a mesma sorte o Irão, a Coreia, a Síria, Cuba, a Colômbia...
É por isso que a guerra contra o Iraque, para além da necessária e indispensável solidariedade para com o povo iraquiano, vítima da agressão anglo-americana, se torna uma causa e uma luta de todos os povos do mundo.
Trágicas semelhanças
Não será nunca de mais lembrar que a guerra é inerente à natureza do imperialismo, gerador do militarismo e da corrida aos armamentos, o principal responsável pelo desenrolar das guerras de agressão e pilhagem e que a guerra é a continuação da sua política por outros meios.
Num momento em que se manifestavam poderosas forças contra a guerra, não faltaram as vassalagens empenhadas em justificar a guerra de agressão e em demonstrar que não era o saque das riquezas petrolíferas que movia os círculos dirigentes americanos, mas unicamente nobres ideais libertadores como a defesa da liberdade e da democracia, ideais garantidos pelo facto de a América ser um Estado de direito e democrático.
Entretanto houve quem não deixasse de fazer aqui e ali assimilações da América ao Reich hitleriano, assimilações que deixaram os vassalos verdadeiramente possessos.
Comparações de situações ocorridas em momentos e condições muito diversas correm o perigo de não ter em conta a realidade, mas se não nos ativermos aos aspectos acessórios e nos concentrarmos nas questões mais profundas, concluir-se-á existirem semelhanças surpreendentes.
Pode-se deixar de assimilar os actos e as teorizações dos actuais inquilinos da Casa Branca ao Reich hitleriano quando vemos desenvolverem-se planos de domínio mundial, de agressão e pilhagem das riquezas de estados soberanos em nome da defesa dos interesses vitais? Pode-se deixar de pensar no Reich hitleriano quando se definem estados que não se vergam aos ditames americanos de «estado párias» ou do «eixo do mal»? Mesmo as inspirações divinas, para justificar actos de agressão tem trágicas semelhanças.
Hoje está mais claro que a invocação do perigo para a humanidade que representaria a posse de armas de destruição maciça pelo Iraque se tratou de um pretexto fabricado por Bush e Blair para justificar a criminosa guerra e dar novos passos na estratégia de domínio mundial, tal como o fez Hitler.
No dia 27 de Fevereiro de 1933, há portanto 70 anos, também as hostes hitlerianas, por «inspiração divina», forjaram um pretexto, o incêndio do Reichtag, para iniciar o caminho que levaria a incendiar e a devastar a Europa e não só.
Ainda as chamas do Reichtag não se tinham extinguido e já Hitler, interpretando o incêndio ateado pelos seus próprios serviços «como um sinal divino», declarava: «se este incêndio foi como suponho obra dos comunistas, devemos esmagar essa peste mortífera com punho de ferro».
Também nessa altura não faltaram os que, em vez de tomar a sério as ameaças hitlerianas e agirem para lhes fazer frente, optaram por se refugiarem em prédicas sobre as virtualidades da democracia ou na esperança de que «o punho de ferro» caísse apenas sobre a cabeça dos comunistas, «o eixo do mal» dessa época. Quando se aperceberam que o incêndio de Reichtag era apenas o começo de um incêndio mais devastador, já era tarde.
De qualquer modo assemelhe-se ou não a América «bushiana» ao Reich hitleriano, o importante é tomar-se consciência do quadro do mundo em que se desenvolve a estratégia do imperialismo norte-americano e os perigos que representa para a paz e a soberania dos povos.
Coincidências
A «democracia» americana tem uma larga tradição de, aquando das mudanças governativas, senhores da indústria e da alta finança substituírem senhores da indústria e da alta finança.
A história americana regista uma espantosa coincidência entre o desencadear de várias guerras de agressão norte-americana, as crises económicas e a ascensão do poder de representantes directos dos grandes grupos económicos e financeiros, particularmente dos grupos ligados à indústria da guerra, como acontece com a actual administração norte-americana.
A crescente influência e poderio do complexo militar-industrial e sua interpenetração com o governo dos Estados Unidos, o agravar das contradições entre potências imperialistas no quadro da crise do capitalismo, a luta em curso por nova partilha imperialista do mundo, reforça a lógica imperialista da guerra e nega as teses dos que, contra todas as evidências, defendem estarem os estados imperialistas condenados «a viver em conjunto e em harmonia».
As guerras, confirmando a previsão de Lenine de que o desenvolvimento da técnica militar pode pôr em causa as próprias bases de existência da sociedade humana, tornam-se cada vez mais destruidoras, razão que faz da luta contra a corrida armamentista, pela paz e contra a guerra tarefa fundamental.
Luta pela paz
Relevante no panorama mundial é o facto de aumentar nitidamente o número de pessoas a compreenderem a natureza da estratégia do imperialismo americano e os perigos que representa para a paz.
Na crise internacional aberta com a agressão americana ao Iraque, o novo não é os americanos mais uma vez terem agredido um Estado soberano, é o facto de milhões de pessoas se terem erguido contra a guerra em todo o mundo dando lugar ao desenvolvimento de um «movimento» social de enorme dimensão, abarcando camadas sociais e tendências político-ideológicas muito diversas.
Entretanto, este «movimento» social caracterizado pelo seu carácter expontâneo no plano orgânico e animado por correntes político-ideológicas variadas, com plataformas e concepções teóricas diversas, coloca problemas difíceis à unidade de acção e de organização, acentuando a incompreensão acerca da correlação entre tarefas democráticos gerais e as tarefas de transformação social, entre os objectivos políticos e a luta pela satisfação de reivindicações de carácter imediato.
O militarismo é, de certo modo, elemento da superestrutura do imperialismo, base da sua política, pelo que a luta pela paz é inseparável da luta activa anti-imperialista, luta prolongada e que exige que se eleve a luta de classe por profundas transformações sociais, o que faz aumentar as responsabilidades do movimento operário e revolucionário.
A participação e o empenhamento no desenvolvimento e consolidação de amplas «frentes» sociais contra a guerra e pela paz, pela dissolução dos blocos político-militares, por sistemas de regulação internacional de natureza democrática, tem de caminhar a par da luta de classe contra o capital e o imperialismo, pelo aprofundamento dos direitos políticos, económicos e sociais.
O desenvolvimento desta luta coloca uma questão incontornável, que é a de as forças revolucionárias não se diluírem em movimentos heterogéneos e de cariz mais ou menos conjuntural.