A Terra e a degradação do solo
Sabe que o termo «desenvolvimento sustentável» é uma fraude? E que o conflito no Ruanda não se deveu a qualquer conflito étnico? Ou que, anualmente, 500 mil quilómetros de floresta são destruídos, correspondendo a um estádio de futebol por segundo? A resposta a estas e muitas outras questões será dada no Espaço Ciência e Tecnologias, este ano subordinado à Terra e à degradação dos solos.
Neste espaço, todos podem adquirir conhecimentos com o rigor e objectividade técnica, científica e política fundamentais para a compreensão da realidade ambiental do planeta e do País, e da forma como a acção humana a influencia.
Será dada «uma perspectiva que pretende englobar todos os problemas relacionados com a sobrevivência do planeta», revelou Augusto Flor, da direcção da Festa e responsável por este espaço que se reparte entre o Pavilhão Central e um outro, já habitual, junto ao lago da Quinta da Atalaia, subordinado à Astronomia e à Física.
Para a concepção do espaço e garantir o seu funcionamento foi constituído um grupo científico de trabalho bastante diversificado onde prima o rigor científico assegurado por especialistas de cada vertente e que atestam a qualidade do trabalho apresentado.
Luís Vicente, biólogo e docente universitário, Maria José Roxo, docente de Ciências na Universidade Nova de Lisboa – que colabora a título individual -, o astrónomo e professor, Máximo Ferreira e o professor de Física na Universidade de Évora, Rui Namorado Rosa, garantem a credibilidade científica de cada uma das vertentes da exposição. Docentes, administrativos, economistas, estudantes e militantes da JCP vão assegurar o funcionamento de todos os espaços e o bom desenrolar das iniciativas.
Segundo Augusto Flor, foi a perigosa situação em que se encontram o planeta, os seus recursos naturais e a vida que levaram a Festa a «associar a exposição à iniciativa da Organização das Nações Unidas, que proclamou 2006 como o ano dedicado à denúncia da desertificação».
O Avante! falou com os responsáveis do projecto e avança um pouco do muito que os visitantes da Festa vão encontrar.
Com os pés assentes na terra
Através do lema «Com os pés assentes na terra», serão introduzidas «as propostas e soluções que o PCP preconiza para resolver os problemas levantados na exposição», esclareceu Augusto Flor.
Uma elucidativa foto de Sebastião Salgado ilustrará a temática e diversos módulos abordarão as várias vertentes respeitantes à «Degradação do solo a nível europeu e mundial», «A degradação do solo em Portugal», a «Relação da Terra com as artes» e «Formas de abordagem no plano político», complementados por depoimentos técnica e cientificamente qualificados.
No primeiro tema, as secas e os seus impactos no solo, a salinização e as soluções para a combater, como enfrentar as alterações climáticas e as causas da degradação serão questões a abordar, afirmou Tânia Sousa, coordenadora do debate e administrativa de profissão.
Quanto ao tema «Degradação do solo em Portugal», pretende alertar «para a grave situação e dar a conhecer as soluções preconizadas pelo PCP para evitar a erosão, através da prevenção, do incremento da fertilidade da terra ou do tratamento dos resíduos sólidos, além de outras», como afirmou Anabela Silva, professora do Ensino Secundário, de Biologia e Geologia, ligada ao projecto.
A geografia humana, a ocupação da terra no planeta, as cimeiras e tudo o que se prende com o plano político desta realidade e a relação do homem – abordando os conflitos regionais bélicos e as suas consequências, os problemas fronteiriços, os povos com terra e sem terra – darão, por seu turno, ao visitante uma panorâmica geral sobre a necessidade urgente de a humanidade adoptar um caminho alternativo que, como propõe o PCP, trave a destruição do planeta.
Em debate
Nos três debates agendados, qualquer visitante pode participar intervindo e questionando o painel de convidados.
«O estado do planeta, cimeiras para quê?», será o tema para sexta-feira, pelas 21.00 horas.
«A política de solos em Portugal – uso e posse da terra» será o debate agendado para sábado, pelas 18.30 horas.
Para o mesmo dia, às 21.00 horas, está agendado um debate que pretende homenagear «Rómulo de Carvalho – O homem, o cientista, o poeta», na passagem do centésimo aniversário do seu nascimento.
Os astros e a Terra
Porque tem a Terra pólos achatados? Porque tem um eixo de rotação? Como devemos olhar para os astros e que segredos encerram?
A Astronomia e a Física dão respostas a estas e muitas outras questões que serão respondidas através da prestigiante participação do professor e astrónomo Máximo Ferreira, da sua equipa da Associação Heliades – associação de astronomia sediada no Centro de Ciência Viva, em Constância - e de estudantes do Núcleo de Física do Instituto Superior Técnico, à semelhança de edições anteriores.
Máximo Ferreira participará em debates e palestras que «vão esclarecer dúvidas», através de observações na exposição de Astronomia.
As experiências de Física, ao vivo, «estarão mais relacionadas com a temática da terra, nos âmbitos da Física e da Astronomia», revelou Sílvia Silva, coordenadora desta área no grupo de trabalho.
Fora do pavilhão, junto ao lago, através da observação dos astros, o visitante, enquadrado no sistema solar, é informado sobre as especificidades dos planetas, das estrelas e dos asteróides.
Dentro do pavilhão, será simulada uma visão aérea, partindo do Espaço até se chegar à Terra, abordando as origens do Universo, a nossa galáxia, o sistema solar e o nosso planeta.
O espaço também proporciona experiências ligadas ao Sol, às características da Terra e outras relacionando os solos e os aquíferos, bem como determinar a permeabilidade dos solos através de amostras e do apuramento do PH, a percentagem de solo terrestre em condições de fornecer alimento, os produtos da terra portuguesa e a sua relação com as características do solo.
O mundo pula e avança
Rómulo de Carvalho, poeta e cientista que nas suas obras literárias usava o pseudónimo de António Gedeão, autor do poema «Pedra filosofal», será homenageado, no centésimo aniversário do seu nascimento, na exposição de Astronomia e Física, junto ao lago e ao longo das exposições do espaço.
«Se falamos na terra e na degradação dos solos e como os artistas são o produto da época em que vivem, muitos criam obras que reflectem estes problemas e apresentam, através da arte, alternativas com vista à sua preservação», afirma a professora de Português, Alice Figueira, do grupo de trabalho e responsável da exposição sobre a «Relação da Terra com a arte».
A exemplo do poema de Eugénio de Andrade, presente nestas páginas, a arte em defesa da terra tem preocupado muitos artistas que, através do romance e da prosa têm sabido perspectivar um mundo que salvaguarde a natureza e denunciar a sua destruição.
A pegada ecológica
O Espaço lúdico tem uma zona onde se fará uma brincadeira que dá pelo nome de «pegada ecológica» e «apura a quantidade de território que cada indivíduo necessita para garantir os recursos necessários à nossa sobrevivência e aos resíduos que cada um de nós produz», informa a administrativa, Anabela Silva.
A brincadeira está no site, na Internet, da Câmara Municipal de Almada e será interessante concluir que cada ser humano produz resíduos para os quais seriam necessários vários planetas do tamanho da Terra.
O capitalismo degrada o planeta
«Hoje, está bem fundamentada, cientificamente, a ideia de que todos os processo de destruição da natureza se devem à dinâmica do processo de acumulação capitalista», afirmou Luís Vicente, professor universitário na Faculdade de Ciências de Lisboa e membro deste grupo de trabalho.
«Vamos relacionar todo o processo de degradação do planeta e dos solos com o modo de produção capitalista e o seu processo de acumulação», revelou.
Luís Vicente levantou «a ponta do véu» sobre alguns dos temas a debater relacionados com a actualidade do conhecimento científico, nomeadamente, a existência de um projecto sobre o estado do planeta nos próximos 50 anos, solicitado pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, desenvolvido entre 2002 e 2006 por 2302 cientistas do planeta e que concluiu sobre a real situação da Terra e a possível destruição de todas as suas florestas, entre 2030 e 2050.
Outra verdade desconhecida relaciona-se com o conflito no Ruanda que, «ao contrário do que tanto se noticiou, não se deveu a conflitos étnicos mas a uma imposição imperialista de alteração do uso e propriedade da terra que gerou o conflito, totalmente fabricado pelo imperialismo», afirmou Luís Vicente, que também salientou «a inconsequência devida à falta de perspectiva política de organizações ecologistas não governamentais, como o movimento Green Peace».
Será dada «uma perspectiva que pretende englobar todos os problemas relacionados com a sobrevivência do planeta», revelou Augusto Flor, da direcção da Festa e responsável por este espaço que se reparte entre o Pavilhão Central e um outro, já habitual, junto ao lago da Quinta da Atalaia, subordinado à Astronomia e à Física.
Para a concepção do espaço e garantir o seu funcionamento foi constituído um grupo científico de trabalho bastante diversificado onde prima o rigor científico assegurado por especialistas de cada vertente e que atestam a qualidade do trabalho apresentado.
Luís Vicente, biólogo e docente universitário, Maria José Roxo, docente de Ciências na Universidade Nova de Lisboa – que colabora a título individual -, o astrónomo e professor, Máximo Ferreira e o professor de Física na Universidade de Évora, Rui Namorado Rosa, garantem a credibilidade científica de cada uma das vertentes da exposição. Docentes, administrativos, economistas, estudantes e militantes da JCP vão assegurar o funcionamento de todos os espaços e o bom desenrolar das iniciativas.
Segundo Augusto Flor, foi a perigosa situação em que se encontram o planeta, os seus recursos naturais e a vida que levaram a Festa a «associar a exposição à iniciativa da Organização das Nações Unidas, que proclamou 2006 como o ano dedicado à denúncia da desertificação».
O Avante! falou com os responsáveis do projecto e avança um pouco do muito que os visitantes da Festa vão encontrar.
Com os pés assentes na terra
Através do lema «Com os pés assentes na terra», serão introduzidas «as propostas e soluções que o PCP preconiza para resolver os problemas levantados na exposição», esclareceu Augusto Flor.
Uma elucidativa foto de Sebastião Salgado ilustrará a temática e diversos módulos abordarão as várias vertentes respeitantes à «Degradação do solo a nível europeu e mundial», «A degradação do solo em Portugal», a «Relação da Terra com as artes» e «Formas de abordagem no plano político», complementados por depoimentos técnica e cientificamente qualificados.
No primeiro tema, as secas e os seus impactos no solo, a salinização e as soluções para a combater, como enfrentar as alterações climáticas e as causas da degradação serão questões a abordar, afirmou Tânia Sousa, coordenadora do debate e administrativa de profissão.
Quanto ao tema «Degradação do solo em Portugal», pretende alertar «para a grave situação e dar a conhecer as soluções preconizadas pelo PCP para evitar a erosão, através da prevenção, do incremento da fertilidade da terra ou do tratamento dos resíduos sólidos, além de outras», como afirmou Anabela Silva, professora do Ensino Secundário, de Biologia e Geologia, ligada ao projecto.
A geografia humana, a ocupação da terra no planeta, as cimeiras e tudo o que se prende com o plano político desta realidade e a relação do homem – abordando os conflitos regionais bélicos e as suas consequências, os problemas fronteiriços, os povos com terra e sem terra – darão, por seu turno, ao visitante uma panorâmica geral sobre a necessidade urgente de a humanidade adoptar um caminho alternativo que, como propõe o PCP, trave a destruição do planeta.
Em debate
Nos três debates agendados, qualquer visitante pode participar intervindo e questionando o painel de convidados.
«O estado do planeta, cimeiras para quê?», será o tema para sexta-feira, pelas 21.00 horas.
«A política de solos em Portugal – uso e posse da terra» será o debate agendado para sábado, pelas 18.30 horas.
Para o mesmo dia, às 21.00 horas, está agendado um debate que pretende homenagear «Rómulo de Carvalho – O homem, o cientista, o poeta», na passagem do centésimo aniversário do seu nascimento.
Os astros e a Terra
Porque tem a Terra pólos achatados? Porque tem um eixo de rotação? Como devemos olhar para os astros e que segredos encerram?
A Astronomia e a Física dão respostas a estas e muitas outras questões que serão respondidas através da prestigiante participação do professor e astrónomo Máximo Ferreira, da sua equipa da Associação Heliades – associação de astronomia sediada no Centro de Ciência Viva, em Constância - e de estudantes do Núcleo de Física do Instituto Superior Técnico, à semelhança de edições anteriores.
Máximo Ferreira participará em debates e palestras que «vão esclarecer dúvidas», através de observações na exposição de Astronomia.
As experiências de Física, ao vivo, «estarão mais relacionadas com a temática da terra, nos âmbitos da Física e da Astronomia», revelou Sílvia Silva, coordenadora desta área no grupo de trabalho.
Fora do pavilhão, junto ao lago, através da observação dos astros, o visitante, enquadrado no sistema solar, é informado sobre as especificidades dos planetas, das estrelas e dos asteróides.
Dentro do pavilhão, será simulada uma visão aérea, partindo do Espaço até se chegar à Terra, abordando as origens do Universo, a nossa galáxia, o sistema solar e o nosso planeta.
O espaço também proporciona experiências ligadas ao Sol, às características da Terra e outras relacionando os solos e os aquíferos, bem como determinar a permeabilidade dos solos através de amostras e do apuramento do PH, a percentagem de solo terrestre em condições de fornecer alimento, os produtos da terra portuguesa e a sua relação com as características do solo.
O mundo pula e avança
Rómulo de Carvalho, poeta e cientista que nas suas obras literárias usava o pseudónimo de António Gedeão, autor do poema «Pedra filosofal», será homenageado, no centésimo aniversário do seu nascimento, na exposição de Astronomia e Física, junto ao lago e ao longo das exposições do espaço.
«Se falamos na terra e na degradação dos solos e como os artistas são o produto da época em que vivem, muitos criam obras que reflectem estes problemas e apresentam, através da arte, alternativas com vista à sua preservação», afirma a professora de Português, Alice Figueira, do grupo de trabalho e responsável da exposição sobre a «Relação da Terra com a arte».
A exemplo do poema de Eugénio de Andrade, presente nestas páginas, a arte em defesa da terra tem preocupado muitos artistas que, através do romance e da prosa têm sabido perspectivar um mundo que salvaguarde a natureza e denunciar a sua destruição.
A pegada ecológica
O Espaço lúdico tem uma zona onde se fará uma brincadeira que dá pelo nome de «pegada ecológica» e «apura a quantidade de território que cada indivíduo necessita para garantir os recursos necessários à nossa sobrevivência e aos resíduos que cada um de nós produz», informa a administrativa, Anabela Silva.
A brincadeira está no site, na Internet, da Câmara Municipal de Almada e será interessante concluir que cada ser humano produz resíduos para os quais seriam necessários vários planetas do tamanho da Terra.
O capitalismo degrada o planeta
«Hoje, está bem fundamentada, cientificamente, a ideia de que todos os processo de destruição da natureza se devem à dinâmica do processo de acumulação capitalista», afirmou Luís Vicente, professor universitário na Faculdade de Ciências de Lisboa e membro deste grupo de trabalho.
«Vamos relacionar todo o processo de degradação do planeta e dos solos com o modo de produção capitalista e o seu processo de acumulação», revelou.
Luís Vicente levantou «a ponta do véu» sobre alguns dos temas a debater relacionados com a actualidade do conhecimento científico, nomeadamente, a existência de um projecto sobre o estado do planeta nos próximos 50 anos, solicitado pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, desenvolvido entre 2002 e 2006 por 2302 cientistas do planeta e que concluiu sobre a real situação da Terra e a possível destruição de todas as suas florestas, entre 2030 e 2050.
Outra verdade desconhecida relaciona-se com o conflito no Ruanda que, «ao contrário do que tanto se noticiou, não se deveu a conflitos étnicos mas a uma imposição imperialista de alteração do uso e propriedade da terra que gerou o conflito, totalmente fabricado pelo imperialismo», afirmou Luís Vicente, que também salientou «a inconsequência devida à falta de perspectiva política de organizações ecologistas não governamentais, como o movimento Green Peace».