Transformar o sonho em vida

«Não há transformação possível sem a participação das massas juvenis»
Sinal dos tempos em que vivemos, a juventude é hoje um alvo privilegiado da cavalgada contra direitos, liberdades e garantias que o imperialismo procura impor por todo o planeta. No nosso país, o ajuste de contas com os direitos conquistados com o 25 de Abril, tendo por principal alvo os trabalhadores, dirige-se também a esta camada da população. A política de direita, é a negação dos direitos da juventude consagrados na Constituição da República que em breve assinalará 30 anos. Por todas as formas, procura-se impor a ideia de uma nova geração sem direitos. Mais: procura-se hipocritamente impor a ideia de que tal política, tal negação, é, não um retrocesso profundo, mas um sinal de “modernidade”.
O desemprego, os baixos salários, a discriminação salarial, o trabalho precário, o trabalho a tempo parcial, o duplo emprego, os contractos a prazo ou a ausência de qualquer tipo de contracto, marcam as relações laborais de mais de um milhão de jovens trabalhadores. No ensino, assistimos ao encerramento de milhares de escolas, à degradação das condições materiais e humanas, ao crescente abandono e insucesso escolar, ao aumento dos custos (material escolar, livros, propinas), à elitização e à arrumação das escolas por classes, às barreiras no acesso ao ensino superior e à imposição do processo de Bolonha. Milhares de jovens estão acorrentados à banca por via dos empréstimos à habitação, o direito à educação sexual continua por implementar e as jovens raparigas continuam a ser consideradas criminosas se optarem pelo aborto. A emigração, embora com outros destinos, continua hoje a ser para muitos a única opção. É negado o direito a milhares de jovens de viverem e trabalharem na região onde nasceram e aumenta a concentração e degradação das condições de vida nos grandes centros urbanos. Um presente que no plano juvenil é marcado pelo crescente agravamento das dificuldades, da instabilidade e da incerteza face ao futuro.


Conhecendo esta realidade, o capitalismo desenvolve uma profunda ofensiva ideológica particularmente dirigida aos jovens. Apela aos valores da burguesia, ao individulismo, ao egoísmo, ao consumismo. Processa o branqueamento da história, nega os valores da luta, da solidariedade e da amizade. Promove a apatia, o conformismo, a ignorância. O capitalismo tem medo da força, da combatividade, da criatividade, da alegria e da capacidade transformadora da juventude.
Essa mesma força, combatividade, criatividade e alegria que o PCP integra e promove enquanto verdadeiro Partido da juventude. Um Partido que pela sua história e projecto, está amplamente identificado com os sonhos e aspirações juvenis. Um Partido que pela sua composição, acção e intervenção tem sido ao longo destes 85 anos um factor determinante na luta das jovens gerações.
O papel que desde sempre os jovens tiveram na organização, reforço e intervenção do PCP, que é hoje amplamente confirmado pela viva realidade que comporta a responsabilização de centenas de jovens pelas mais diversas tarefas dentro do colectivo partidário, deve ser valorizado. Em ano de reforço do Partido, tem também particular significado o facto de milhares de jovens terem aderido ao PCP e à JCP, numa demonstração clara, não só da atractividade do ideal comunista, como do prestígio e influência que o PCP goza junto das massas juvenis. Para o PCP, a juventude, sendo o futuro, é essencialmente o presente.


A JCP, organização de juventude do PCP, encontra-se neste momento em preparação do seu 8º Congresso, que sob o lema “Transformar o sonho em vida” - frase com que o camarada Álvaro Cunhal encerrou o encontro de unificação da UJC com a UEC - se irá realizar nos dias 20 e 21 de Maio em Vila Nova de Gaia (pela primeira vez no Norte do País). Este momento único daquela que é “a organização revolucionária da juventude”, deve ser acompanhado e estimulado por todo o colectivo partidário. A JCP é hoje uma organização que tem um extraordinário prestígio junto dos jovens, à sua intervenção junto dos estudantes do ensino secundário e superior, junta-se uma acção crescente nas empresas e locais de trabalho. Uma acção e intervenção, que leva mais longe a voz, as propostas e os ideais do nosso Partido e que, num ambiente de ímpar camaradagem e fraternidade comunista, organiza milhares de jovens em centenas de colectivos que intervêm para transformar a realidade concreta onde vivem. Uma organização de massas, que tem um profundo orgulho em ser comunista, com uma intensa actividade na solidariedade com os jovens de todo o mundo e que no plano internacional é depositária da confiança de dezenas de organizações que a elegeram como presidente da Federação Mundial da Juventude Democrática.


Amanhã, 24 de Março, irá celebrar-se o Dia do Estudante e no próximo dia 28, o Dia Internacional da Juventude. Estes dois dias serão marcados por outras tantas jornadas de luta. As associações de Estudantes do Ensino Secundário, na sequência das acções já desenvolvidas este ano lectivo, convocaram dezenas de manifestações e outras acções contra a política educativa do Governo PS. Por sua vez, a CGTP- IN, com um importante e destacado papel da Interjovem, convocou para Lisboa uma Manifestação Nacional de jovens trabalhadores que fará chegar ao Primeiro Ministro o profundo descontentamento com as políticas de emprego deste Governo. O PCP e a JCP, como sempre e cumprindo o seu papel, estarão não só solidários, como firmemente empenhados no êxito destas acções. Confirmando que a luta é o caminho, que não há transformação possível sem a participação e envolvimento das massas juvenis e que mais do que nunca, é preciso, é urgente, transformar o sonho em vida.